terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Desabafos

Perder a credibilidade não é, seguramente, pretender renegociar as condições de um empréstimo. Isso, fazem as empresas e as famílias sérias que têm vontade de cumprir os seus compromissos. Renegociar com a troika não significa perder a credibilidade, mas tão só evitar “triturar” os portugueses, assim do pé para a mão. Perde a credibilidade o governo que assina protocolos para pagar as dívidas a fornecedores - veja-se o caso da Roche – e não cumpre. Renegociará agora. Menos bonito do que se tivesse renegociado antes que lhe fosse cortado o crédito.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Desabafos

Se reflicto sobre os problemas do mundo, sobretudo os que têm a ver com o nosso país, que influencia e é influenciado pelo que se passa nos outros, significa que penso politicamente. Se assim é, quer dizer que o que digo e o que escrevo tem, quase sempre, uma forte matriz política. Ao contrário daqueles que, pretendendo ter um lugar de maior ou menor preponderância política, ficam prisioneiros da doutrina de um qualquer partido ou das ideias daqueles que, tendo lugares de destaque no tal partido, lhes podem servir de “muleta”, eu digo sempre o que penso, sem curar de saber se isso corresponde ao pensamento do partido A, B ou C. Aos chamados políticos, falta-lhes a liberdade de dizer o que pensam, obrigando-se a exprimir apenas o que interessa em determinado momento, mesmo que seja exactamente o inverso do que terão dito noutra altura.
Por isso vou fazendo as minhas análises, sobre diversas matérias, mesmo aquelas que não domino muito bem, sem receio de as expor publicamente, não por leviandade, por ligeireza, mas porque sou um pensador e porque todos os pensamentos são legítimos, ainda que absolutamente contrários ao pensamento dominante. Aliás, estou certo que é a diversidade de pensamentos que faz evoluir o conhecimento.
Posto isto, aqui estou eu, uma vez mais, a dizer de minha justiça, que é como quem diz, a expor os meus pensamentos, a fazer os meus desabafos.
Ah! Por falar em justiça, ela andou muito na berra estes últimos dias por causa de dois casos mediáticos, num deles com a população a querer fazer justiça na rua, o que é sempre de lamentar, por mais que nos pareça que ela não terá sido feita no lugar próprio, ou seja, nos tribunais.
Tendo ainda a ver com justiça, mas não só, não gostei de ver uma pequena peça no jornal diário que habitualmente compro, referente a sete militares que estão a ser julgados por burla com facturas falsas, que mencionava o nome de um militar, provavelmente de baixa patente, presumo, ocultando o nome dos outros, nomeadamente um major-general e dois coronéis. Por quê não os esconder todos ou mencionar todos? Parece-me que – deixe-me dizer assim, já que estamos a falar de justiça – seria mais justo. Acho que é oportuno citar esta frase muito assertiva, cujo autor desconheço: “Se estiveres à procura de algo que seja justo, lembra-te que apenas o soutien realiza esse objectivo: oprime os grandes, protege os pequenos e levanta os caídos”.
Estamos no início da época quaresmal. É altura de os católicos mais cumpridores ou, se preferir, mais tradicionalistas ou conservadores, se devotarem aos períodos de jejum e abstinência. Bom, cá em Portugal, pelo rumo que as coisas levam, já a maioria dos portugueses sejam eles ateus, agnósticos ou professantes seja lá de que religião for, estão condenados ao jejum e abstinência permanentes.
Não somos seguramente um povo de invertebrados, mas seremos, certamente, de líderes políticos invertebrados. Expõem de tal forma a sua pequenez que qualquer referência a Portugal, do sr. Obama ou líder europeu serve para que fiquem tão felizes como a criança a quem deram o brinquedo desejado, tão felizes como um “gato com um chocalho”, esquecendo-se que a maioria das vezes essas palavras nem têm praticamente significado nenhum ou significam exactamente o mesmo que as palmadinhas que os nossos falsos amigos nos dão nas costas. São, de facto, homúnculos.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Desabafos

É bem possível que a mais que badalada crise afecte não só os bolsos dos do costume, mas afecte também as mentes e o comportamento das nossas mais elevadas entidades. Digo isto porque se tem assistido a ditos, actos e gestos que não são muito abonatórios dos seus autores, que, pelas funções que desempenham, bem se justificava outro comportamento. Não sei se é qualquer espécie de nervosismo provocado pelo Entrudo que foi para quase todos, menos os da administração pública – os tais que Passos Coelho acha que têm privilégios especiais e por isso vá de sugá-los até ao tutano - ou se é fruto de um Q.I. abaixo da média.
Foi a pieguice do Presidente da República a lamentar-se que a sua “mísera” reforma não lhe dava para pagar as despesas. Piegas, mas cheio de sorte, porque não faltaram por aí subscrições para o ajudarem. Essa sorte não tenho eu nem você, piegas também, porque o primeiro-ministro no-lo chamou, mas ao invés de nos darem qualquer coisinha, roubam-nos aquilo que legitimamente tínhamos adquirido.
Sem me preocupar com qualquer ordem cronológica dos acontecimentos, vem-me à mente a desistência, em cima da hora, de o Presidente da República visitar a Escola António Arroio. É óbvio que Cavaco Silva não foi vítima de nenhuma diarreia intestinal repentina – mental tem com alguma frequência – nem qualquer outro imprevisto. Ele recuou, porque é um caguinchas, só encara uma manifestação hostil, se lhe aparecer de modo a que não tenha tempo de “ meter o rabo entre as pernas”. E diz-se o provedor do povo. Grande provedor, sim senhor! Ah! Marcelo Rebelo de Sousa não deseja um Presidente da República fragilizado. Concordo, mas que tem feito Cavaco Silva para que isso não aconteça?! Pouco. Está farto de “dar tiros nos pés”.
“Nascer em Portugal” foi o tema do último roteiro patrocinado pelo Chefe de Estado. Os velhos não têm filhos. Não podem e se pudessem, para miséria já basta a sua. Filhos, deveriam tê-los os jovens, mas como, se eles não têm condições de sobrevivência, quanto mais para criar filhos?! Além disso, o Governo quer fazer aos jovens o mesmo que aos pastéis de nata: exportá-los. Só velhos cá e jovens lá fora, quem é que vai parir em Portugal? Antes de se incentivar a nascer neste torrão à beira-mar plantado, é necessário criar condições para nele se poder viver.
“Não somos a Grécia”, uma expressão muito pouco solidária, que Passos Coelho não se cansa de repetir, para justificar aquilo que ele julga ser o sucesso das medidas que vem tomando e que a mim me parece que nos conduzirão a um ponto que um dia destes talvez se oiça por aí num outro país europeu “Não somos Portugal”.
Quem também não quis ficar atrás de alguns de seus colegas de governação, nas patacoadas, foi o Ministro da Defesa, Aguiar Branco. Além da imbecilidade como se referiu aos militares, será que ele entende que toda a gente tem possibilidade de estar na profissão da sua vocação ou está na que se proporciona, quando proporciona, o que na actualidade é uma sorte? Ele próprio se deveria questionar se tem vocação para ser ministro. Se for intelectualmente honesto talvez viesse a reconhecer que está no lugar errado.
Como por cá se diz: valha-nos Deus.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Desabafos

Enquanto tiver forças e dispuser de meios, como por ora acontece, não deixarei de defender publicamente as minhas convicções, de aplaudir o que julgar merecedor de aplauso, de reprovar o que julgar merecedor de reprovação, de lutar ao lado dos explorados contra os exploradores. Faço-o na certeza de que não farei nada de extraordinário, mas tão-somente estarei a cumprir o meu dever de cidadão. Não cumpre o seu dever quem se limita a comer, dormir, trabalhar, ainda que seja exemplarmente, deixando as tarefas de lutar por valores, por direitos e deveres, contra a injustiça e a discriminação, para outros, como se nada disso fosse com eles. Mas que também ninguém se conforme que apenas “cumprir o dever” já é motivo suficiente para homenagem. Não, não é. Simplesmente, tão pouca gente cumpre, que o simples facto de alguns o fazerem já parece uma coisa extraordinária. Não é. Deveria ser o normal.
Bom, voltemos à política indígena.
Em boa verdade não posso afirmar que Passos Coelho me desiludiu, porque nunca tive quaisquer ilusões quanto ao seu desempenho como primeiro-ministro. Desiludir, de facto, não desiludiu, mas não esperava que ele se revelasse com tantos tiques ditatoriais, que ele, falando tanto em credibilidade, tivesse por ela tão pouco respeito, ao ponto de já poucos se admirarem que ele amanhã diga exactamente o contrário do que disse hoje. E a arrogância com que ele e os da sua “seita” afirmam coisas do género “vamos dialogar, mas não há alternativa à nossa política”! Como eles são convencidos!
Não sei o que move Passos Coelho contra os funcionários públicos. Se pensar melhor até talvez saiba. Ele quer, a todo o custo, resolver o problema do deficit e da dívida pública. Como não tem arcabouço para resolver o problema de outra forma, como qualquer ditadorzinho, socorre-se do que é extremamente fácil: “assaltar, roubando-os”, aqueles que dependem, em termos salariais, dos dinheiros públicos, isto é os funcionários públicos e os pensionistas – não os de pensões douradas. Qualquer leigo sabe que sugando, e se for preciso suga mais, os trabalhadores do Estado (não todos, apenas os mais frágeis) e os pensionistas, resolve esses problemas. Acredito até que esse problema se resolverá, mas será, aumentando o desemprego, a miséria, tornando Portugal num país terceiro-mundista, a solução? Não haverá, de facto, alternativa a esta política assassina?!
Bom, mas o meu raciocínio ia no sentido de tentar adivinhar o que moveria Passos contra os funcionários públicos. Como ele, sem que lhes sejam conhecidos méritos para tanto, desempenhou, à custa de “padrinhos”, diz-se, lugares de algum relevo em empresas privadas, não sabe o que é a função pública. Trabalhar, não sei se trabalhou. Ao tempo de deputado, não lhe concedo esse estatuto. Os verdadeiros funcionários públicos trabalham mais, muito mais tempo, para menores reformas e nenhuns privilégios.
Dar ou não dar ponte no Carnaval, pessoalmente, não me afecta. Primeiro, porque nunca fui grande fã de tais festejos, segundo porque estando reformado, mais feriado ou menos feriado não me afecta. Mas o que importa é o que acontece à maioria dos portugueses e não a um. Cavaco Silva atreveu-se uma vez a não dar ponte e não repetiu. Nem esse exemplo serviu para Coelho aprender a lição. Bem pode pôr as máscaras que quiser, mas a sua verdadeira cara é de alguém que não tem respeito pelos portugueses nem pelas suas tradições, que vai ajudar a arruinar a economia das regiões, que está a atirar para a miséria milhares e milhares de cidadãos, seus compatriotas.
Aliás, essa história do dia de Carnaval, já de há muito deveria estar instituído, através de legislação, como feriado, porque ele faz parte das mais profundas raízes culturais do nosso povo. E se esse povo espezinhado, em alguns aspectos pior do que no tempo de Oliveira Salazar, precisa de alguma alegria, alguma folia, é agora. Trabalhar, trabalha ele demais nem que seja à procura de emprego ou de arranjar umas côdeas de pão para matar a fome.
Acredito que a maioria dos empresários dêem folga aos seus trabalhadores. Uma vez mais, os funcionários públicos – aqueles que o governo diz que têm mais regalias do que os privados – serão descriminados.