quarta-feira, 21 de março de 2012

Desabafos

Está já por demais confessada a minha aversão a dias comemorativos, exceptuando aqueles que nos recordam factos ou pessoas importantes da história pátria ou mesmo da planetária, porque celebram manifestações que deveriam ser de todos os dias e não de celebração anual e ainda porque eles se revestem, relativamente a muitas pessoas, de uma grande percentagem de hipocrisia. Mesmo assim, e porque vivo numa sociedade com as suas tradições, os seus costumes, as suas virtudes, os seus defeitos, da qual não me posso nem devo isolar, ser-me-ia extremamente difícil deixar de envolver em alguns desses dias, como sejam os consagrados à mãe, ao pai, à criança. Com filhos e depois netos a frequentarem estabelecimentos de educação, sobretudo ao nível dos infantários e do primeiro ciclo do básico, seria impossível ficar à margem de tais celebrações, sem provocar danos nos filhos ou netos que poderiam ter consequências muito nefastas. Por isso, muito mais importante do que eu entender que em todos os dias do ano se devem celebrar o pai, a mãe, as crianças, e mesmo que isso aparente alguma desonestidade intelectual da minha parte, folguei com os trabalhos “secretos” a que os meus netos se entregaram para surpreender o pai com o seu presente, no dia em que Portugal destina para os homenagear. O dia de tal celebração varia de país para país. Creio que na Europa apenas Espanha e Itália o celebram no mesmo dia. Bom, acabei, assim, por participar na celebração que ocorreu no início desta semana, quer através do acompanhamento do entusiasmo dos netos, mas também pelo beijo especial de meus filhos.
Ao meu pai, tal como acontece com minha mãe, eu celebro todos os dias com o pensamento virado para a eternidade onde se encontram.
Aceite, porém, que me aproveite desta ocasião para me celebrar a mim próprio, por me ter sido concedido o privilégio de ser pai de dois filhos maravilhosos, um SENHOR e uma SENHORA que, não tenho quaisquer dúvidas, seriam os filhos que qualquer pai gostaria de ter. Incansáveis trabalhadores, sabedores, mas humildes, disciplinadores e disciplinados, respeitadores e respeitados, solidários; excelente marido, ele; excelente esposa, ela; ele já carinhoso pai, ela extremosa mãe, contribuindo assim para eu me sentir ainda mais feliz, porque me deram cinco netos - dois dele, três dela - lindos, inteligentes, saudáveis, que, muito provavelmente, vão ter um enorme orgulho nos pais.
Hoje, amanhã e sempre, assim espero, há-de ser sempre o dia deste pai que sou eu, pela felicidade que me proporcionam os dois filhos e mais dois seres encantadores, simpáticos, que funcionam como tal: a minha nora e o meu genro.
Todos os dias os meus filhos me têm dado motivos para celebrar a alegria de ser pai. Poderia desejar melhor celebração?! Obviamente que não. Que adiantaria receber prendas e carinhos no dia 19 de Março, se os meus filhos fossem mal formados, me ignorassem o resto do ano, me considerassem um fardo? Não deixaria, mesmo com todos os mimos, de ser um dia de profunda tristeza, provavelmente de maior tristeza ainda.
Sejamos, cada um de nós, um bom pai em cada dia do ano.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Desabafos

Precisava que alguém me explicasse, assim de uma forma como se eu fosse muito “burro” – se calhar sou – algumas coisas sobre o comportamento dos nossos políticos com mais responsabilidades, mas no meu entender, muito irresponsáveis.
Porque é que temos de suportar um Presidente da República com discursos de baixo nível em termos de conteúdo, inoportunos, onde sobressai a covardia, a arrogância, o rancor, o ódio?! Será que os portugueses merecem realmente estar a ser triturados por governantes insensíveis, injustos, discriminadores e, simultaneamente, terem o pior Chefe de Estado da democracia?! Cavaco Silva – estará a ficar senil? – é um petulante responsável pelas primeiras medidas, enquanto primeiro-ministro, que nos conduziram até esta situação miserável em que nos encontramos. Infelizmente, o pior ainda não terá chegado. Como é que ele, primeiro responsável pelo abandono da agricultura, pela destruição dos barcos de pesca e de várias indústrias, não cora de vergonha ao afirmar, agora, que temos de nos virar para os campos, para o mar? É de uma enorme falta de pudor.
Deixemo-lo a tentar equilibrar os tostões da sua magra reforma. Coitado do homem, é tão perdulário, ou benemérito, se preferir, que até prescindiu do salário de Presidente da República, em troca das “míseras” pensões de reforma. Cavaco não necessita dos críticos para o fragilizarem, ele próprio, constantemente, se auto-fragiliza.
Nem Coelho, nem Relvas, nem a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque me conseguiram fazer perceber porque é que, dizem eles, não há excepções nos cortes salariais, isto é, todos vão sofrê-los, e os funcionários da TAP, da Caixa Geral de Depósitos – outros se seguirão – ficaram todos muito contentes com a decisão de entregar à administração das referidas empresas a decisão de redução no salário ou noutros elementos de remuneração atribuídos através de contratos de empresa. Você acredita que vão receber mesmo menos e estão tão felizes?! Há alguém que me explique?
Parece-me que será legítimo que os dividendos das acções correspondentes a 2011 devem ser pagos a quem for seu detentor em 31 de Dezembro desse ano. Ou então quem as vender terá de ter esse factor em conta no negócio a efectuar, a menos que seja parvo. Muito mais cuidado terá que ter quem gere dinheiro dos contribuintes. Se já me parece mal que o Governo esteja a vender acções apenas a pensar na colheita de divisas no imediato, sabendo que nunca mais irá receber dividendos, muito mais grave é descartar dividendos que são dos contribuintes, deixando-os ir para árabes e chineses, numa altura em que esmaga esses mesmos contribuintes com a mais severa austeridade de que há memória. Alguém me explica a lógica deste Governo?
Quem me explica ainda, como é possível a Lusoponte ter recebido as portagens da Ponte 25 de Abril, em Agosto passado, e receber uns milhões como se de facto os portugueses não as tivessem pago? Vão descontá-los depois?! Pois, o Governo está com tal saúde financeira que até pode dar-se ao luxo de entregar dinheiro adiantado à Lusoponte e perder o crédito, por exemplo, na indústria farmacêutica!
Transparência era uma das principais bandeiras da campanha eleitoral de Passos Coelho e do seu PSD. Passados uns meses, o que menos se vê é transparência, mas muita incompetência, muita arrogância, muita insensibilidade e até atentados à democracia por ministros anedóticos, patéticos.
Passou-se mais um 11 de Março. Porque será que os políticos, tanto de esquerda como de direita, estiveram tão caladinhos?!
Por favor, expliquem-me tudo muito bem explicadinho.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Cristiano Ronaldo versus Lionel Messi

Xavi, o magnífico futebolista do Barcelona e da selecção espanhola afirmou que o seu companheiro de clube, o argentino Lionel Messi não é comparável a Cristiano Ronaldo, porque é único, não há outro como ele. Com o máximo respeito pela opinião de Xavi, eu afirmo que CR7 não é comparável a Messi, porque é único, não há outro como ele. Se o espanhol me pode brindar como sendo possuidor de excesso de nacionalismo, eu poderei acusá-lo de clubismo exagerado.
É evidente que a identificação com uma nação ou com um clube podem influenciar, e certamente influenciam, a nossa opinião. Todavia, eu procuro assentá-la noutros parâmetros. Ambos são, indiscutivelmente, dois excelentes futebolistas. Com características diferentes. Messi faz autênticas maravilhas, ou, se preferir, autênticas diabruras, com a bola nos pés. É, no Barcelona, o seu principal goleador, mas parece-me que só numa equipa com os craques que o clube tem e a jogar da forma que joga é que o argentino atinge o grau de excelência que tem atingido. Messi, numa equipa sem os excelentes companheiros que tem e com outro sistema de jogo, ficaria muito longe do expoente que aqui consegue, talvez nunca conseguisse ser “bota de ouro”. A sua própria baixa estatura lhe é favorável para o futebol que pratica.
Cristiano Ronaldo, não com a magia de Messi, mas ainda com a suficiente “para dar e vender”, ao contrário do que penso sobre Messi, será sempre um excelente jogador em qualquer equipa e em qualquer tipo de futebol. Obviamente, tanto melhor, quanto melhor for a equipa em que esteja integrado. CR7, para além dos seus dribles, é um dos mais rápidos futebolistas com bola nos pés. Remata com muita espontaneidade e com muita força com ambos os pés. Joga excelentemente de cabeça. Marca livres directos, sobretudo a distâncias de 30, 40 metros que são o terror de qualquer guarda-redes. É o tipo de futebolista que se encaixa com êxito em qualquer equipa. Se Cristiano Ronaldo não tem tido o êxito na selecção que todos desejaríamos, é porque o tempo de treino para os atletas se adaptarem uns aos outros é sempre curto. Não é aí, também, que Messi ganha ao nosso craque.
São, de facto, dois excelentes futebolistas, mas eu prefiro CR7 a Lionel Messi.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Desabafos

Sempre fui e espero continuar a ser contra a discriminação sexual. Os lugares devem ser ocupados por homens ou mulheres, não pelo seu género, mas pelas competências que exibam. Os salários também só devem ser distintos, de acordo com as funções e nunca pelo facto de serem homens ou mulheres. Os lugares devem ser ocupados por quem manifestar competência para isso, sem curar de saber se é homem ou mulher. Sem quotas. O estabelecimento de quotas para mulheres é um retrocesso. Num país em que a democracia funcione, onde não exista qualquer espécie de discriminação, onde funcione plenamente a igualdade de direitos e deveres, não são necessárias quotas. Não concordo, pois, que a União Europeia queira obrigar as empresas a terem quotas para mulheres nos Conselhos de Administração. É um atentado à liberdade e não prestigia, não dignifica as mulheres. Corre-se o risco de se dizer ou pensar que algumas mulheres só ocupam determinadas funções, porque a lei a isso obriga.
Sem quotas, sem qualquer legislação que obrigasse ou impedisse, há um quarto de século, enquanto comandante de um corpo de bombeiros, fui dos primeiros a recrutar mulheres. É com atitudes como essa que se promove a mulher.
Bom, de acordo com a minha filosofia, também não sou fã do dia internacional da mulher, que em 8 de Março se comemora. Todavia, tal comemoração, como outras, não traz nenhum mal ao mundo. Parece-me até que se irá comemorar o primeiro dia internacional do homem em 20 de Abril. Enfim, há dias e gostos para tudo.
A mulher-mãe, a mulher-mulher, a mulher-filha, a mulher-neta, a mulher-avó, a mulher expoente mais alto de beleza que o Criador colocou na Terra, eu homenageio todos os dias.
Então, em homenagem à mulher, não pelo dia internacional, mas por todos os seus dias, deixo aqui o relato de uma visão, de alguns anos a esta parte – não muitos – que me extasiou.
Estava de visita a uma pequena aldeia, onde corria um riozinho de águas cristalinas que sussurravam por entre rochedos. Ouviam-se pássaros e chocalhos de cabras. Naquela natureza que me envolvia, tudo parecia virgem. Naquele cenário que me extasiava, de repente, deparo-me com uma mulher de sonho: uma jovem conduzindo um burrico, carregado de farinha. Uma cinta bem marcada pelas fitas de um avental; uns seios altaneiros, bem levantados, que se adivinhavam duros, certamente protegidos por espartilho dos antigos, que os não deixam (aos ditos seios) a dar a dar, como agora acontece àquelas que não querem ou não têm dinheiro para silicone, fazendo-me lembrar o pudim flan; umas faces lisas, cuja maquilhagem era o pó da farinha milha; uns lábios grossos, da cor da romã, sem um sulco; uns olhos cor de avelã, protegidos por longos cílios; um cabelo ondulado, negro como o carvão, salpicado aqui e ali de farinha, solto, livre, sobre as costas; umas pernas tipo feitas ao torno; umas ancas reboliças. A garota era uma flor ambulante, era um monumento erigido à beleza. Por instantes fiquei apático; noutro instante cometi adultério em pensamento. Imaginei como poderia aplicar naquele pedaço de céu a minha ternura dos sessenta (há quanto tempo lá foi a dos quarenta!) e essa ternura ser compensada pela doçura dos dezoito.
Por alguns momentos, na minha mente cruzaram-se e entrecruzaram-se imagens e mais imagens e, feito anjo, arrependi-me do pecado, pedi perdão, em pensamento, à minha mulher que nem sonhava o que se passava, e fui-me. Fui-me, mas a pensar nestas belezas campestres, já tão raras, mas que ainda vamos encontrando pelos caminhos e veredas das nossas aldeias mais recônditas, que, ao contrário de muitas sofisticadas citadinas, acordam, de manhã cedo com a mesma cara linda com que se deitaram e que nos fazem cometer estes pecadilhos.
Diziam os latinos que não se deseja aquilo que não se conhece. Ao conhecermos estas autênticas divindades, estes hinos à beleza, ficamos abrasados de desejos.
Deus foi muito generoso criando esses seres tão perfeitos: as mulheres.
Sonhe, sonhe, meu amigo, porque só sonha quem vive. E se sonhar com belas moleirinhas, não se incomode, que Deus é tão misericordioso como omnipotente e por isso perdoa e a sua cara-metade só o saberá se você lhe disser. Convença-se sem nenhuma espécie de frustração, que se não morrer jovem, chegará, você também, a uma altura da vida em que há coisas que só mesmo a sonhar podem acontecer. Pelo menos que sejam bons sonhos e não pesadelos.