No rescaldo da maratona mediática que envolveu a visita do Papa Bento XVI ao nosso país, entre outras conclusões a que cheguei, algumas pouco abonatórias quanto à qualidade da fé de muitos dos nossos compatriotas e da sua capacidade de interpretação das mensagens, uma delas foi a de que milagreiros, pelos vistos, foram os portugueses que conseguiram o feito de transformar um cardeal frio, carrancudo, pouco dado a enfrentar e a sorrir às multidões, num Papa afável, quase à semelhança de João Paulo II. Isto segundo nos levava a crer a quase generalidade, quanto a mim, demagógica, Comunicação Social.
Deve-se receber bem os que nos visitam, mas para uma Igreja que exalta a pobreza dos seus servidores e num tempo de pobreza real, numa enorme franja da população mundial, será necessária Tanta pompa?!
………………………………………………………………
Belmiro de Azevedo, o patrão da SONAE, afirmou que “Quando o povo tem fome tem o direito de roubar”. Eu não me atreveria a falar em direito, mas creio que é compreensível que quem se veja a definhar a si e aos seus familiares, sobretudo crianças, por motivo de fome, roube para comer. Compreensível, admissível, não é o mesmo que direito. De qualquer forma, já que Belmiro lhes concede esse direito, eu sugiro aos esfomeados que, a roubar para comer, o façam nas lojas Modelo e hipermercados Continente. Lá encontrarão, passe a publicidade, comida para todos os paladares.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
Que bom!
Não sei se é apenas mais um boato, ou uma verdadeira intenção. Tomo conhecimento que mulheres nespereirenses tencionam reunir-se em jantar todos os fins-de-semana. Que bom! Pensava eu que andava por aí tudo deprimido por causa da mais do que propalada crise. Pelos vistos, nem as mulheres nespereirenses andam deprimidas, nem sentem qualquer efeito da crise, ou, se preferir, a crise terá passado ao largo de Nespereira. Bom, devo confessar que pelo ambiente que dia a dia, vislumbra por cá, quem de facto andar devidamente atento, tem a sensação de que não vive qualquer crise. Ainda bem. Para além de tudo, se as mulheres não andarem deprimidas, os homens também disso beneficiarão. E como pelos vistos a entrada a tais jantares está interdita a homens, os maridos, companheiros ou namorados ficam resguardados de quaisquer eventuais ciúmes.
Feliz por ver as mulheres da minha terra felizes, há, todavia, dois aspectos que não posso deixar de referir. O primeiro é que apesar de tão frequentes eventos denunciarem ausência de crise, ao que se diz, são inúmeras as pessoas subsídio dependentes. Como “não condiz a letra com a careta”, não será despiciendo um estudo do fenómeno por parte de autoridades responsáveis. O segundo é que me parece que se está a passar de um extremo ao outro. Se alguém pensa que é dessa forma que se contribui para a emancipação da mulher, está profundamente errado. Homens e mulheres, juntos, fazendo as mesmas coisas, participando nos mesmos eventos é que retratam a verdadeira igualdade entre sexos diferentes.
De qualquer forma, viva a alegria, viva a festa, vivam todas as mulheres…e os homens.
Feliz por ver as mulheres da minha terra felizes, há, todavia, dois aspectos que não posso deixar de referir. O primeiro é que apesar de tão frequentes eventos denunciarem ausência de crise, ao que se diz, são inúmeras as pessoas subsídio dependentes. Como “não condiz a letra com a careta”, não será despiciendo um estudo do fenómeno por parte de autoridades responsáveis. O segundo é que me parece que se está a passar de um extremo ao outro. Se alguém pensa que é dessa forma que se contribui para a emancipação da mulher, está profundamente errado. Homens e mulheres, juntos, fazendo as mesmas coisas, participando nos mesmos eventos é que retratam a verdadeira igualdade entre sexos diferentes.
De qualquer forma, viva a alegria, viva a festa, vivam todas as mulheres…e os homens.
segunda-feira, 15 de março de 2010
Bandeiras
Quando iniciei o cumprimento do serviço militar, a meio da década de sessen-ta, portanto nos primeiros anos da inútil, inglória e cruel guerra colonial, já eu era professor efectivo, como na altura se dizia, e sabia que o boato era uma arma poderosíssima, letal, muitas vezes, utilizada tanto para destruir o carácter de muitos cidadãos, como para, através dele, pessoas ou grupos, colherem benefícios. Não obstante os muros que se erigiam em nosso redor, mantendo-nos no maior obscurantismo possível, tinha, de facto, alguma noção da impor-tância do boato. Foi, no entanto, enquanto militar que fiquei a conhecer o seu real valor e como ele era utilizado pelas chefias militares, com resultados posi-tivos. A sua eficácia, sobretudo no limiar da guerra, em que as tropas indígenas eram possuídas de muita ingenuidade, chegava a ser maior do que as Mauser, as G3, as minas, os tanques, etc. O fenómeno do boato era de tal forma importante que era seriamente estudado.
Militarmente, continua hoje a ser amplamente utilizado, não só durante o período em que ocorrem as intervenções, mas antes mesmo, para as justificar. A intervenção no Iraque, por exemplo, a que infelizmente o nosso país está ligado, foi justificada através daquilo que terá sido um boato hábil e conscien-temente forjado. É assim no campo militar, na política, infelizmente, também na vida social e profissional. Quando se quer derrotar alguém ou colher determi-nados benefícios, nada melhor do que criar engenhosamente e fazer espalhar – há sempre gente sequiosa por o fazer – um boato. Os políticos que o digam.
Tirando esses boatos que pretendem derrotar, abater ou colher benefícios, surgem outros, de quando em vez, que nem é fácil adivinhar-se-lhes a intenção nem a origem. Alguns deles só servem para desestabilizar um determinado grupo ou população, mas são de tal forma destituídos de credibilidade que não merecem que quem quer que seja lhes dê qualquer publicidade. Em nome da tranquilidade pública é de bom senso que os que os ouvem, ao invés de os propagar, os encerrem dentro de si, e/ou, antes de tudo, procurem confirmar se existe alguma réstia de veracidade, porque também não devemos esquecer o adágio que diz que “não há fumo sem fogo”, nem que seja o de uma ténue e extenuada lamparina.
Curioso. Muito curioso. O PSD, anda, de uns tempos a esta parte, a desfral-dar a bandeira da liberdade de expressão, de modo a que até já protagonizou a criação no Parlamento, de uma comissão de ética e, posteriormente, de uma comissão de inquérito. Como praticamente todos os políticos, também os do PSD têm fraca memória. Não vale a pena recordar aqui alguns factos, mas valerá certamente lembrar o que Granadeiro disse relativamente a Morais Sar-mento, que este pretendia que fossem demitidos três directores de órgãos de comunicação social. Quem tem telhados de vidro deveria ser mais prudente. Bom, mas como o PSD não estava ciente se os portugueses teriam a certeza de que ele não é melhor ou diferente daqueles a quem acusa, resolveu, no final do último congresso, garantir-lhes isso mesmo com a aprovação da já denominada lei da rolha. Triste figura. Muitos acharão que não estamos bem, mas cada vez mais também terão a certeza de que não vislumbram qualquer alternativa credível.
Os três principais candidatos a líder estiveram lá, mas foi interessante ouvi-los, no fim, dizer que não concordavam com tal lei e que, sendo eleitos, a pro-curariam alterar em próximo congresso. Veremos. Estando lá, no “poleiro”, tal despropositada lei dar-lhes-á um jeitão, como daria a qualquer outro líder.
De Alberto João Jardim tudo se pode esperar. Pedro Passos Coelho não terá sido muito feliz com aquela do perdoa-me que eu já te perdoei, pretendendo fazer passar uma imagem de humildade, que, a existir, mais importante do que isso tratava-se de “piscar o olho” a votos madeirenses. Mesmo assim, nem ele, nem os portugueses, que estão a dar um exemplo extraordinário de solida-riedade para com a Madeira e os seus irmãos madeirenses, esquecendo as ofensas do seu “chefe”, mereciam aquela grosseria de, como resposta ao can-didato a líder, se ausentar do seu lugar e ir sentar ao lado de outro candidato, o Paulo Rangel. É esta gente que fala de ética?! São estas as suas bandeiras?!
Militarmente, continua hoje a ser amplamente utilizado, não só durante o período em que ocorrem as intervenções, mas antes mesmo, para as justificar. A intervenção no Iraque, por exemplo, a que infelizmente o nosso país está ligado, foi justificada através daquilo que terá sido um boato hábil e conscien-temente forjado. É assim no campo militar, na política, infelizmente, também na vida social e profissional. Quando se quer derrotar alguém ou colher determi-nados benefícios, nada melhor do que criar engenhosamente e fazer espalhar – há sempre gente sequiosa por o fazer – um boato. Os políticos que o digam.
Tirando esses boatos que pretendem derrotar, abater ou colher benefícios, surgem outros, de quando em vez, que nem é fácil adivinhar-se-lhes a intenção nem a origem. Alguns deles só servem para desestabilizar um determinado grupo ou população, mas são de tal forma destituídos de credibilidade que não merecem que quem quer que seja lhes dê qualquer publicidade. Em nome da tranquilidade pública é de bom senso que os que os ouvem, ao invés de os propagar, os encerrem dentro de si, e/ou, antes de tudo, procurem confirmar se existe alguma réstia de veracidade, porque também não devemos esquecer o adágio que diz que “não há fumo sem fogo”, nem que seja o de uma ténue e extenuada lamparina.
Curioso. Muito curioso. O PSD, anda, de uns tempos a esta parte, a desfral-dar a bandeira da liberdade de expressão, de modo a que até já protagonizou a criação no Parlamento, de uma comissão de ética e, posteriormente, de uma comissão de inquérito. Como praticamente todos os políticos, também os do PSD têm fraca memória. Não vale a pena recordar aqui alguns factos, mas valerá certamente lembrar o que Granadeiro disse relativamente a Morais Sar-mento, que este pretendia que fossem demitidos três directores de órgãos de comunicação social. Quem tem telhados de vidro deveria ser mais prudente. Bom, mas como o PSD não estava ciente se os portugueses teriam a certeza de que ele não é melhor ou diferente daqueles a quem acusa, resolveu, no final do último congresso, garantir-lhes isso mesmo com a aprovação da já denominada lei da rolha. Triste figura. Muitos acharão que não estamos bem, mas cada vez mais também terão a certeza de que não vislumbram qualquer alternativa credível.
Os três principais candidatos a líder estiveram lá, mas foi interessante ouvi-los, no fim, dizer que não concordavam com tal lei e que, sendo eleitos, a pro-curariam alterar em próximo congresso. Veremos. Estando lá, no “poleiro”, tal despropositada lei dar-lhes-á um jeitão, como daria a qualquer outro líder.
De Alberto João Jardim tudo se pode esperar. Pedro Passos Coelho não terá sido muito feliz com aquela do perdoa-me que eu já te perdoei, pretendendo fazer passar uma imagem de humildade, que, a existir, mais importante do que isso tratava-se de “piscar o olho” a votos madeirenses. Mesmo assim, nem ele, nem os portugueses, que estão a dar um exemplo extraordinário de solida-riedade para com a Madeira e os seus irmãos madeirenses, esquecendo as ofensas do seu “chefe”, mereciam aquela grosseria de, como resposta ao can-didato a líder, se ausentar do seu lugar e ir sentar ao lado de outro candidato, o Paulo Rangel. É esta gente que fala de ética?! São estas as suas bandeiras?!
sábado, 6 de março de 2010
Ensina-o a pescar
Liberto de compromissos profissionais e de outros a que durante muitos anos me devotei, hoje, o reflectir consome-me muito mais tempo do que o agir. Há um período da vida em que a acção se sobrepõe claramente à reflexão. Talvez, por isso mesmo, por não termos o tempo suficiente para pensar, nem sempre tomaremos as medidas adequadas, quando temos que agir. Se algumas vezes é verdade que poderíamos ser um pouco mais prudentes, poderíamos gastar alguns momentos para equacionar, outras vezes, não há lugar a qualquer tipo de espera, tem de se tomar uma resolução de imediato, muitas vezes indo ao arrepio de leis ou regulamentos. Vivi algumas situações do género e nunca hesitei em reagir de imediato, independentemente de estar ou não a cometer alguma infracção. Situações destas acontecem com alguma frequência quando se trata de operações de socorro. Nunca tive de me arrepender de nada e sempre transmiti aos meus subordinados a ideia de que em situações de emergência, não se pode esperar que o superior hierárquico seja contactado para se tomar uma decisão. Primeiro decide-se em favor da vida, depois dá-se conhecimento ao superior. Há uma coisa que, sobretudo quando se trata de vidas humanas ou património em risco, é mais importante do que qualquer lei ou regulamento. É o bom senso.
Feito este intróito, a minha reflexão de agora está virada para a expressão ajuda. Tínhamos aqui “pano para mangas”, se quiséssemos debater o tema até à exaustão. Bom, mas aqui não se trata de um debate, mas tão-só de uma reflexão para um blogue. Em questão está o conceito de ajuda, quem ajuda, quem é ajudado.
A ajuda de que muitos necessitam não é exactamente igual para todos. Às vezes as necessidades são opostas. Há quem necessite de uma palavra de carinho, de estímulo, de solidariedade, como há quem precise mais de uma palavra de recriminação, de apontar um caminho. Há quem necessite de ouvir dizer um sim, como há quem necessite de ouvir um não. Há quem apenas necessite de silêncio.
Quando se fala em ajuda, normalmente, o nosso pensamento conduz-nos logo para ajuda material, que não se traduz apenas no apoio pecuniário – pode sê-lo de muitas outras formas, como alimentos, roupas, equipamentos, etc. Sobretudo aqui é que eu entendo que se cometem muitos erros, desde logo porque o vil metal é extremamente sedutor. Nem sempre a oferta de dinheiro é a forma mais correcta de ajudar. Muitas vezes é extremamente perniciosa, porque alimenta a preguiça, a ociosidade, trava a criatividade, o engenho, o esforço. A sociedade, no entanto, aplaude quem dá, ainda que seja mal empregue e a pior forma de ajudar. Por sua vez, quem dá, ufano pelo gesto e pelos aplausos da turba, eleva a sua auto-estima, o que não é mau, e julga-se o mais importante à superfície da terra, o que é péssimo.
Poderia alongar-me bem mais sobre este aspecto da ajuda, mas fico-me por aqui. Vamos a outro aspecto, o da perspectiva de quem é ajudado. Ora bom, porque sabem que há sempre alguém que não tendo outros atributos, a começar pela inteligência e seriedade intelectual para alimentar o seu ego, estarão disponíveis para dar uns trocados ou uns objectos, alguns dedicam-se à madracice, não fazendo “a ponta de um corno” em termos de trabalho rentável. Se vivessem apenas à custa dos beneméritos-fautores-de-malandros, vá que não vá, o pior é que alguns deles ainda se dão ao luxo de comer à mesa dos nossos impostos. Este tipo de ajuda, que não é a que eu defendo, salvo algumas excepções, obviamente, faz felizes e contentes as duas partes: os madraços, que não “vergam a espinha” e os seus “beneméritos” por tantas e tamanhas “virtudes” ostentarem.
Inspirado nos chineses – daí o título – eu entendo que se quisermos ajudar alguém, em vez de lhe darmos o peixe é ensiná-lo a pescar, ainda que tenhamos que lhe dar também a cana, o anzol e mesmo a minhoca.
Alguns não quererão, mas abandonem os esmoleres a caridadezinha e talvez os encontremos um dia por aí à pesca, para seu bem e de todos nós.
Feito este intróito, a minha reflexão de agora está virada para a expressão ajuda. Tínhamos aqui “pano para mangas”, se quiséssemos debater o tema até à exaustão. Bom, mas aqui não se trata de um debate, mas tão-só de uma reflexão para um blogue. Em questão está o conceito de ajuda, quem ajuda, quem é ajudado.
A ajuda de que muitos necessitam não é exactamente igual para todos. Às vezes as necessidades são opostas. Há quem necessite de uma palavra de carinho, de estímulo, de solidariedade, como há quem precise mais de uma palavra de recriminação, de apontar um caminho. Há quem necessite de ouvir dizer um sim, como há quem necessite de ouvir um não. Há quem apenas necessite de silêncio.
Quando se fala em ajuda, normalmente, o nosso pensamento conduz-nos logo para ajuda material, que não se traduz apenas no apoio pecuniário – pode sê-lo de muitas outras formas, como alimentos, roupas, equipamentos, etc. Sobretudo aqui é que eu entendo que se cometem muitos erros, desde logo porque o vil metal é extremamente sedutor. Nem sempre a oferta de dinheiro é a forma mais correcta de ajudar. Muitas vezes é extremamente perniciosa, porque alimenta a preguiça, a ociosidade, trava a criatividade, o engenho, o esforço. A sociedade, no entanto, aplaude quem dá, ainda que seja mal empregue e a pior forma de ajudar. Por sua vez, quem dá, ufano pelo gesto e pelos aplausos da turba, eleva a sua auto-estima, o que não é mau, e julga-se o mais importante à superfície da terra, o que é péssimo.
Poderia alongar-me bem mais sobre este aspecto da ajuda, mas fico-me por aqui. Vamos a outro aspecto, o da perspectiva de quem é ajudado. Ora bom, porque sabem que há sempre alguém que não tendo outros atributos, a começar pela inteligência e seriedade intelectual para alimentar o seu ego, estarão disponíveis para dar uns trocados ou uns objectos, alguns dedicam-se à madracice, não fazendo “a ponta de um corno” em termos de trabalho rentável. Se vivessem apenas à custa dos beneméritos-fautores-de-malandros, vá que não vá, o pior é que alguns deles ainda se dão ao luxo de comer à mesa dos nossos impostos. Este tipo de ajuda, que não é a que eu defendo, salvo algumas excepções, obviamente, faz felizes e contentes as duas partes: os madraços, que não “vergam a espinha” e os seus “beneméritos” por tantas e tamanhas “virtudes” ostentarem.
Inspirado nos chineses – daí o título – eu entendo que se quisermos ajudar alguém, em vez de lhe darmos o peixe é ensiná-lo a pescar, ainda que tenhamos que lhe dar também a cana, o anzol e mesmo a minhoca.
Alguns não quererão, mas abandonem os esmoleres a caridadezinha e talvez os encontremos um dia por aí à pesca, para seu bem e de todos nós.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Falta cultura de segurança
Por diversas vezes me tenho referido à fraca cultura de segurança que o comportamento da maioria dos portugueses evidencia. Eles são generosos, altruístas, abnegados e simultaneamente simplórios, negligentes, atrevidos, combativos, excessivamente confiantes em si próprios e em pessoas de falas mansas, pouco conscientes dos riscos, que no seu entender só acontecem aos outros. Estas virtudes e/ou defeitos, aliados à referida falta de cultura e sensibilidade para as questões de segurança, fazem com que demasiadas pessoas corram sérios riscos, perfeitamente evitáveis, que, em muitos casos, imensos casos, os levam à perda de vida ou a situações graves de saúde e de dependência ou a serem vítimas de burlas e de perda de bens. Infelizmente, constatamos isso, todos os dias, seja por observação pessoal, seja através dos órgãos de comunicação social.
Repare, meu amigo, na facilidade com que muitas pessoas abrem a porta a desconhecidos, fazendo-se passar, algumas vezes por filhos ou parentes de familiares ausentes há muitos anos, por amigos de familiares que vivem longinquamente, ex-alunos, etc., deixando-se enrolar em “novelas”, vezes sem conta denunciadas pela comunicação social, entregando-lhes dinheiro, objectos de valor ou sujeitando-se a serem roubados e mesmo agredidos ou mortos.
Repare na facilidade com que muitas pessoas se deixam abordar na rua por desconhecidos que, com dois dedos de conversa, logo conseguem a sua confiança e se deixam espoliar, das mais engenhosas formas.
Já vimos que não basta o relato de casos pela comunicação social, não basta a acção meritória, mas em pequena escala, que a GNR vai fazendo junto da população mais idosa, sobretudo em aldeias do interior. É necessário ir mais longe nas acções, é preciso fazer muito mais, inclusive, nas grandes vilas e cidades, porque também lá há muita gente a ser vigarizada.
Continuando nesta reflexão sobre segurança, veja como se conduz nas nossas estradas, em velocidades altíssimas, sem qualquer alteração de comportamento quer esteja bom tempo, chova, haja neve ou gelo. Como consequência disso, temos a alta sinistralidade rodoviária, donde resulta o número de mortos e deficientes que se conhecem. Veja ainda o comportamento de muitos condutores quando há um acidente, provocando, muitas vezes, outros acidentes.
Veja o comportamento de muitos, junto aos rios, junto ao mar, em presença de incêndios florestais.
Veja as condições em que muitos trabalhadores operam, nomeadamente na construção civil.
Por último, embora muito pudesse dizer em relação a esta temática da segurança, nomeadamente no que diz respeito às crianças, atente na quantidade de vídeos feitos por amadores, sobre a tragédia da Madeira que mostram à saciedade os riscos desnecessários a que muitos se sujeitaram e que alguns terão mesmo pago com a vida.
A partir da família, passando pela escola, autarquias, forças policiais, protecção civil, muito há a fazer no sentido de inverter tal situação.
Repare, meu amigo, na facilidade com que muitas pessoas abrem a porta a desconhecidos, fazendo-se passar, algumas vezes por filhos ou parentes de familiares ausentes há muitos anos, por amigos de familiares que vivem longinquamente, ex-alunos, etc., deixando-se enrolar em “novelas”, vezes sem conta denunciadas pela comunicação social, entregando-lhes dinheiro, objectos de valor ou sujeitando-se a serem roubados e mesmo agredidos ou mortos.
Repare na facilidade com que muitas pessoas se deixam abordar na rua por desconhecidos que, com dois dedos de conversa, logo conseguem a sua confiança e se deixam espoliar, das mais engenhosas formas.
Já vimos que não basta o relato de casos pela comunicação social, não basta a acção meritória, mas em pequena escala, que a GNR vai fazendo junto da população mais idosa, sobretudo em aldeias do interior. É necessário ir mais longe nas acções, é preciso fazer muito mais, inclusive, nas grandes vilas e cidades, porque também lá há muita gente a ser vigarizada.
Continuando nesta reflexão sobre segurança, veja como se conduz nas nossas estradas, em velocidades altíssimas, sem qualquer alteração de comportamento quer esteja bom tempo, chova, haja neve ou gelo. Como consequência disso, temos a alta sinistralidade rodoviária, donde resulta o número de mortos e deficientes que se conhecem. Veja ainda o comportamento de muitos condutores quando há um acidente, provocando, muitas vezes, outros acidentes.
Veja o comportamento de muitos, junto aos rios, junto ao mar, em presença de incêndios florestais.
Veja as condições em que muitos trabalhadores operam, nomeadamente na construção civil.
Por último, embora muito pudesse dizer em relação a esta temática da segurança, nomeadamente no que diz respeito às crianças, atente na quantidade de vídeos feitos por amadores, sobre a tragédia da Madeira que mostram à saciedade os riscos desnecessários a que muitos se sujeitaram e que alguns terão mesmo pago com a vida.
A partir da família, passando pela escola, autarquias, forças policiais, protecção civil, muito há a fazer no sentido de inverter tal situação.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Tragédia sobre tragédia
Estamos num país que se debate com várias tragédias. Desde logo aquela da crise económico-financeira, fruto da conjuntura internacional, mas também da incapacidade dos nossos políticos, dos nossos empresários, da irresponsabilidade e inaptidão de muitos dos nossos trabalhadores, marionetas nas mãos de sindicalistas sem escrúpulos, muito mais interessados na manutenção dos seus privilégios do que na sobrevivência das empresas e no bom funcionamento das instituições públicas.
Vivemos a tragédia da falta de valores que grassa pela sociedade a todos os níveis, a impunidade que faz com que os crimes dos mais diversos tipos pululem e alguns, ao invés de serem condenados, são aplaudidos ou incentivados por quem mais tinha o dever de os condenar. Veja-se, como exemplo, a divulgação desenfreada, doentia de escutas telefónicas em segredo de justiça, a serem defendidas por um ex-ministro da justiça, candidato a líder de um partido, logo, hipotético candidato a primeiro-ministro.
Que dizer da tragédia de termos uma mistura explosiva de políticos, jornalistas, empresários, gestores, juízes, que fazem com que, por tudo quanto se faz ou diz, venha de que parte vier, nos deixa necessariamente desiludidos, desconfiados e, pior do que tudo, sem quaisquer certezas, porque não sabemos de que lado está a verdade, se é que ela está, efectivamente, de algum dos lados?
Temos connosco a tragédia de verificar que jornalistas, dentro das quatro paredes do Parlamento, exibem os seus dotes oratórios, revelando total desrespeito por esse órgão de soberania, perante sorrisos idiotas – o que alguns de facto são - de deputados; a tragédia de ver e ouvir, no mesmo Parlamento, sem que alguém a chamasse à atenção, uma jornalista, que se deveria limitar a falar de eventuais pressões e manipulações da comunicação social, a afirmar que o Procurador Geral da República sai sempre em defesa de José Sócrates, como se estivesse ali a fazer comentário político que lhe advém da sua investigação de duvidosa independência.
E temos a tragédia de verificar que, pese embora a desconfiança, a descrença que tenhamos em relação ao governo, a oposição, sobretudo aquela que pode ser alternativa, pelas mais diversas razões, pela debilidade, pelas fraquezas, pelas mentiras, pelo manifesto interesse pessoal que se sobrepõe a qualquer outro, não merece mais crédito. Já dei o exemplo de Aguiar Branco. De Rangel, bastará lembrar a traição ao mesmo Aguiar Branco, a vergonhosa actuação no Parlamento Europeu, denegrindo o seu país e, pasme-se, com seis anos de idade, viveu o “25 de Abril com intensa paixão”. Imensas qualidades para ser um farsante, nunca um líder. Apresenta como trunfo a vitória nas eleições europeias, quando não ignora que não ganhou nada, apenas os eleitores quiseram fazer um aviso a Sócrates. A prova é que logo de seguida, naquelas eleições que são verdadeiramente importantes para o país, Sócrates as ganhou. Agora mesmo, apesar de todas as embrulhadas, verdadeiras ou fabricadas, de todo os ataques, as sondagens, valendo o que valem, dão a vitória a Sócrates. Será necessário algo mais para mostrar que os portugueses se têm dúvidas em relação aos governantes actuais, ainda confiam menos nos que se aprontam para o ser? No meio da miséria, talvez Passos Coelho ainda represente uma réstia de esperança.
Quer mais tragédias? A tragédia de termos uma justiça perra, desigual, que traz à solta os criminosos, que condena um desgraçado esfomeado que rouba um pacote de amêndoas e não condena o que rouba, ou como é mais vulgar dizer-se, desvia milhões.
Que dizer se tivéssemos sindicatos de ministros, de deputados? Parece-lhe bem que órgãos de soberania tenham sindicatos? A mim, não. Os tribunais são um órgão de soberania. Porquê, então, sindicatos, ou associações sindicais de juízes? É apenas mais uma tragédia, talvez uma pequena tragédia, se comparada com outras, mas não deixa de o ser, porque por tudo o que nos tem sido dado observar, se defendem os interesses da classe, também têm contribuído para aumentar a confusão e o nosso descrédito na justiça. Um povo que não confia na justiça, tende a fazê-la pelas suas próprias mãos e todos adivinhamos o quanto isso pode ser perigoso.
Metidos neste lamaçal em que este país se transformou, uma outra grande tragédia se abateu sobre nós, mais propriamente sobre a Madeira, espalhando a morte, a destruição por aquela linda ilha. É tempo de homenagear os mortos, de mostrar a nossa solidariedade, de trabalhar de mãos dadas, para levar a normalidade à ilha, para alojar os desalojados, para dar todo apoio consoante as necessidades que se forem identificando. Os portugueses, normalmente tão generosos em campanhas de solidariedade mesmo para com populações de outros países, não deixarão de o ser para com os seus irmãos ilhéus.
Mesmo que agora seja muito mais hora de homenagear os mortos e cuidar dos vivos, não podemos deixar de nos questionar porque é que estas tragédias acontecem. Seria uma hipocrisia acreditar ou fazer acreditar que tal tragédia é apenas fruto de condições climáticas adversas e anormais. É verdade que choveu intensamente, de forma anormal, mas se não houvesse erros no ordenamento do território, se os terrenos não estivessem tão impermeabilizados quanto o estão, se não se construísse em cima de linhas de água, as tragédias seriam por certo minimizadas. O que acontece é que tragédia após tragédia se fala no mesmo e os comportamentos repetem-se. Quem tem por hábito observar os locais onde se executam muitas das nossas obras, como eu, fruto de ter participado no socorro em diversas tragédias do género, desde logo, a primeira nas grandes inundações de Lisboa, em 1967, enquanto militar, em que perderam a vida centenas de pessoas, não apenas por culpa da chuva copiosa que caiu ininterruptamente durante 24 horas, verifica que diversos locais do nosso país, a começar pela minha própria freguesia, têm construções em ou muito próximas de leitos de cheia, o que, numa situação de anormalidade climática, pode provocar graves danos. Mas quem se importa com isso? Nem os que constroem, que muitas vezes nem se apercebem dos riscos que correm, outras vezes é o único local de que dispõem, nem as entidades responsáveis pelo licenciamento. E que dizer, ainda, de toda a espécie de lixos e espólios de árvores que deitam ou deixam nas linhas de água e pequenos riachos, junto às estradas, vedando a passagem das águas em situação de chuva intensa e prolongada, pondo em risco pontes, aquedutos ou outras obras de arte? Quem fiscaliza, quem toma as medidas adequadas? Ninguém. Depois as tragédias acontecem, todos lamentam, fazem-se promessas, a culpa morre solteira e…continua tudo na mesma.
Vivemos a tragédia da falta de valores que grassa pela sociedade a todos os níveis, a impunidade que faz com que os crimes dos mais diversos tipos pululem e alguns, ao invés de serem condenados, são aplaudidos ou incentivados por quem mais tinha o dever de os condenar. Veja-se, como exemplo, a divulgação desenfreada, doentia de escutas telefónicas em segredo de justiça, a serem defendidas por um ex-ministro da justiça, candidato a líder de um partido, logo, hipotético candidato a primeiro-ministro.
Que dizer da tragédia de termos uma mistura explosiva de políticos, jornalistas, empresários, gestores, juízes, que fazem com que, por tudo quanto se faz ou diz, venha de que parte vier, nos deixa necessariamente desiludidos, desconfiados e, pior do que tudo, sem quaisquer certezas, porque não sabemos de que lado está a verdade, se é que ela está, efectivamente, de algum dos lados?
Temos connosco a tragédia de verificar que jornalistas, dentro das quatro paredes do Parlamento, exibem os seus dotes oratórios, revelando total desrespeito por esse órgão de soberania, perante sorrisos idiotas – o que alguns de facto são - de deputados; a tragédia de ver e ouvir, no mesmo Parlamento, sem que alguém a chamasse à atenção, uma jornalista, que se deveria limitar a falar de eventuais pressões e manipulações da comunicação social, a afirmar que o Procurador Geral da República sai sempre em defesa de José Sócrates, como se estivesse ali a fazer comentário político que lhe advém da sua investigação de duvidosa independência.
E temos a tragédia de verificar que, pese embora a desconfiança, a descrença que tenhamos em relação ao governo, a oposição, sobretudo aquela que pode ser alternativa, pelas mais diversas razões, pela debilidade, pelas fraquezas, pelas mentiras, pelo manifesto interesse pessoal que se sobrepõe a qualquer outro, não merece mais crédito. Já dei o exemplo de Aguiar Branco. De Rangel, bastará lembrar a traição ao mesmo Aguiar Branco, a vergonhosa actuação no Parlamento Europeu, denegrindo o seu país e, pasme-se, com seis anos de idade, viveu o “25 de Abril com intensa paixão”. Imensas qualidades para ser um farsante, nunca um líder. Apresenta como trunfo a vitória nas eleições europeias, quando não ignora que não ganhou nada, apenas os eleitores quiseram fazer um aviso a Sócrates. A prova é que logo de seguida, naquelas eleições que são verdadeiramente importantes para o país, Sócrates as ganhou. Agora mesmo, apesar de todas as embrulhadas, verdadeiras ou fabricadas, de todo os ataques, as sondagens, valendo o que valem, dão a vitória a Sócrates. Será necessário algo mais para mostrar que os portugueses se têm dúvidas em relação aos governantes actuais, ainda confiam menos nos que se aprontam para o ser? No meio da miséria, talvez Passos Coelho ainda represente uma réstia de esperança.
Quer mais tragédias? A tragédia de termos uma justiça perra, desigual, que traz à solta os criminosos, que condena um desgraçado esfomeado que rouba um pacote de amêndoas e não condena o que rouba, ou como é mais vulgar dizer-se, desvia milhões.
Que dizer se tivéssemos sindicatos de ministros, de deputados? Parece-lhe bem que órgãos de soberania tenham sindicatos? A mim, não. Os tribunais são um órgão de soberania. Porquê, então, sindicatos, ou associações sindicais de juízes? É apenas mais uma tragédia, talvez uma pequena tragédia, se comparada com outras, mas não deixa de o ser, porque por tudo o que nos tem sido dado observar, se defendem os interesses da classe, também têm contribuído para aumentar a confusão e o nosso descrédito na justiça. Um povo que não confia na justiça, tende a fazê-la pelas suas próprias mãos e todos adivinhamos o quanto isso pode ser perigoso.
Metidos neste lamaçal em que este país se transformou, uma outra grande tragédia se abateu sobre nós, mais propriamente sobre a Madeira, espalhando a morte, a destruição por aquela linda ilha. É tempo de homenagear os mortos, de mostrar a nossa solidariedade, de trabalhar de mãos dadas, para levar a normalidade à ilha, para alojar os desalojados, para dar todo apoio consoante as necessidades que se forem identificando. Os portugueses, normalmente tão generosos em campanhas de solidariedade mesmo para com populações de outros países, não deixarão de o ser para com os seus irmãos ilhéus.
Mesmo que agora seja muito mais hora de homenagear os mortos e cuidar dos vivos, não podemos deixar de nos questionar porque é que estas tragédias acontecem. Seria uma hipocrisia acreditar ou fazer acreditar que tal tragédia é apenas fruto de condições climáticas adversas e anormais. É verdade que choveu intensamente, de forma anormal, mas se não houvesse erros no ordenamento do território, se os terrenos não estivessem tão impermeabilizados quanto o estão, se não se construísse em cima de linhas de água, as tragédias seriam por certo minimizadas. O que acontece é que tragédia após tragédia se fala no mesmo e os comportamentos repetem-se. Quem tem por hábito observar os locais onde se executam muitas das nossas obras, como eu, fruto de ter participado no socorro em diversas tragédias do género, desde logo, a primeira nas grandes inundações de Lisboa, em 1967, enquanto militar, em que perderam a vida centenas de pessoas, não apenas por culpa da chuva copiosa que caiu ininterruptamente durante 24 horas, verifica que diversos locais do nosso país, a começar pela minha própria freguesia, têm construções em ou muito próximas de leitos de cheia, o que, numa situação de anormalidade climática, pode provocar graves danos. Mas quem se importa com isso? Nem os que constroem, que muitas vezes nem se apercebem dos riscos que correm, outras vezes é o único local de que dispõem, nem as entidades responsáveis pelo licenciamento. E que dizer, ainda, de toda a espécie de lixos e espólios de árvores que deitam ou deixam nas linhas de água e pequenos riachos, junto às estradas, vedando a passagem das águas em situação de chuva intensa e prolongada, pondo em risco pontes, aquedutos ou outras obras de arte? Quem fiscaliza, quem toma as medidas adequadas? Ninguém. Depois as tragédias acontecem, todos lamentam, fazem-se promessas, a culpa morre solteira e…continua tudo na mesma.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Censura...com ou sem moção
Foi-se o carnaval do calendário, ficou e parece que pegou de estaca, o carnaval político. Neste mundo a tornar-se nauseabundo onde foçam muitos dos nossos políticos e outras espécies conhecidas, quase todos pigmeus, exactamente no que diz respeito à estatura política, moral, ética, vemo-los constantemente mascarados, sobretudo através do seu discurso, de forma que nunca sabemos quando é que temos o político verdadeiro à nossa frente, se é que alguma vez o chegaremos a ter. É como se vivêssemos num carnaval permanente.
Pegando em alguns dos temas que estão na berra e sobre os quais já me debrucei, deixe-me fazer ainda mais alguns comentários. Sem qualquer critério de prioridade, quero começar pela repugnante imbecilidade de Paulo Rangel ao afirmar no Parlamento Europeu – repugnante sobretudo por serem afirmações fora de portas – que Portugal tinha a sua liberdade amordaçada. Só quem não viveu antes da revolução libertadora de Abril e não quer conhecer, ou finge não conhecer, por conveniências políticas e pessoais, a história desse período, e lhe dá jeito distorcer o presente, pode fazer tal afirmação. Certamente falou mais alto a pressa em exibir algo que ele julga de importante para justificar a sua também apressada, segundo os seus correligionários, apresentação da candidatura à liderança do PSD. Não começa bem. Como é que alguém que se coloca na posição de hipotético primeiro-ministro de um país, o anda a denegrir pela estranja?! Como é que alguém pode falar em país amordaçado, em censura, se toda a gente diz e escreve o que lhe apetece, mesmo incorrendo em crimes e não acontece nada?! Só por isso, Paulo Rangel não merece, segundo o meu ponto de vista, ser líder de um partido que inevitavelmente o catapultaria a candidato a primeiro-ministro. Num país com censura, sem liberdade de expressão, leríamos e ouviríamos todos os dias o que lemos e ouvimos?! Como é que alguém que utiliza a comunicação social para fazer as mais graves afirmações, verdadeiras ou falsas, a respeito das mais altas figuras do estado, não lhe acontece nada e proclama à boca cheia que temos aí a censura. Ah! Se eles de facto soubessem o que ela foi?!
Já afirmei que não há liberdade a mais nem liberdade a menos. Se em Portugal há algo que em termos de liberdade pode chocar é não se respeitar a justiça, é difamar, caluniar, não se respeitarem muitas vezes os direitos humanos, no que toca à informação e ninguém ser responsabilizado por isso. Se eu tivesse outra mentalidade, outra formação, se não tivesse vivido no tempo em que vivi, teria a tentação de dizer, como muitos, que o que existe em Portugal é liberdade a mais. Mas não, não digo. O que existe, sim, é uma enorme falta de respeito pela pessoa humana, uma enorme falta de respeito pelas leis, cujo exemplo vem de cima, e uma enorme incapacidade de exercer a justiça em tempo oportuno.
Já que tenho estado a falar de censura, vem a talho de foice falar de moções de censura. A moção de censura é um instrumento de controlo político do governo, à disposição da oposição na Assembleia da República. A aprovação de uma moção de censura, por maioria absoluta – 116 deputados no mínimo – implica a queda do governo. Tudo o que Portugal não precisa neste momento é da queda do governo. Não por ser este governo. Fosse ele qual fosse. Assim sendo, embora reconheça legitimidade ao partido do governo para desafiar a oposição, por tão mal dizer do mesmo governo, a apresentar uma moção de censura, acho, para além de leviandade, uma grande hipocrisia fazê-lo. Leviandade, porque não é o momento de, através de uma crise política, agravar ainda mais a situação económica e baixar a credibilidade do país, internacionalmente. Hipocrisia, porque o partido do poder só faz tal desafio na confiança de que dá à oposição um sinal de força e de que ela não se atreverá a apresentar tal moção. E se porventura viesse a apresentar, não seria porventura o PS a perder mais.
Por seu lado, a oposição, nomeadamente o PSD, quando se refugia no interesse nacional para negar a oportunidade de uma moção de censura, também o que revela é uma grande hipocrisia. Acreditasse o PSD que poderia tirar dividendos, isto é, vencer as eleições legislativas que se sucederiam à queda do governo e não hesitaria em servir-se de tal instrumento, na esperança de que tivesse o apoio das outras forças. Primeiro há que os “galos” lutem pelo poleiro e um o conquiste e se afirme para, quando e se achar oportuno, mande às malvas o interesse nacional e provoque eleições. É assim que todos procedem.
Já nem me lembro se li ou ouvi que andam por aí uns sms a convocar para uma manifestação de apoio a Sócrates. Se é verdade, não auguro nada de bom e lamento. Tanto mais porque são cobertos pelo anonimato. Anonimato que sempre abominei. Vêm-me à memória as grandiosas manifestações de apoio a Salazar e Caetano, com autocarros e autocarros a desembocarem no Terreiro do Paço cheios de pessoas, a maioria delas, obviamente, não convocadas, por sms, mas obrigadas pelos caciques, nem sequer sabendo o que iam fazer. Num regime democrático, manifestações desse jaez não se justificam e podem ser mau prenúncio. Espero que não passe de uma brincadeira carnavalesca.
Pegando em alguns dos temas que estão na berra e sobre os quais já me debrucei, deixe-me fazer ainda mais alguns comentários. Sem qualquer critério de prioridade, quero começar pela repugnante imbecilidade de Paulo Rangel ao afirmar no Parlamento Europeu – repugnante sobretudo por serem afirmações fora de portas – que Portugal tinha a sua liberdade amordaçada. Só quem não viveu antes da revolução libertadora de Abril e não quer conhecer, ou finge não conhecer, por conveniências políticas e pessoais, a história desse período, e lhe dá jeito distorcer o presente, pode fazer tal afirmação. Certamente falou mais alto a pressa em exibir algo que ele julga de importante para justificar a sua também apressada, segundo os seus correligionários, apresentação da candidatura à liderança do PSD. Não começa bem. Como é que alguém que se coloca na posição de hipotético primeiro-ministro de um país, o anda a denegrir pela estranja?! Como é que alguém pode falar em país amordaçado, em censura, se toda a gente diz e escreve o que lhe apetece, mesmo incorrendo em crimes e não acontece nada?! Só por isso, Paulo Rangel não merece, segundo o meu ponto de vista, ser líder de um partido que inevitavelmente o catapultaria a candidato a primeiro-ministro. Num país com censura, sem liberdade de expressão, leríamos e ouviríamos todos os dias o que lemos e ouvimos?! Como é que alguém que utiliza a comunicação social para fazer as mais graves afirmações, verdadeiras ou falsas, a respeito das mais altas figuras do estado, não lhe acontece nada e proclama à boca cheia que temos aí a censura. Ah! Se eles de facto soubessem o que ela foi?!
Já afirmei que não há liberdade a mais nem liberdade a menos. Se em Portugal há algo que em termos de liberdade pode chocar é não se respeitar a justiça, é difamar, caluniar, não se respeitarem muitas vezes os direitos humanos, no que toca à informação e ninguém ser responsabilizado por isso. Se eu tivesse outra mentalidade, outra formação, se não tivesse vivido no tempo em que vivi, teria a tentação de dizer, como muitos, que o que existe em Portugal é liberdade a mais. Mas não, não digo. O que existe, sim, é uma enorme falta de respeito pela pessoa humana, uma enorme falta de respeito pelas leis, cujo exemplo vem de cima, e uma enorme incapacidade de exercer a justiça em tempo oportuno.
Já que tenho estado a falar de censura, vem a talho de foice falar de moções de censura. A moção de censura é um instrumento de controlo político do governo, à disposição da oposição na Assembleia da República. A aprovação de uma moção de censura, por maioria absoluta – 116 deputados no mínimo – implica a queda do governo. Tudo o que Portugal não precisa neste momento é da queda do governo. Não por ser este governo. Fosse ele qual fosse. Assim sendo, embora reconheça legitimidade ao partido do governo para desafiar a oposição, por tão mal dizer do mesmo governo, a apresentar uma moção de censura, acho, para além de leviandade, uma grande hipocrisia fazê-lo. Leviandade, porque não é o momento de, através de uma crise política, agravar ainda mais a situação económica e baixar a credibilidade do país, internacionalmente. Hipocrisia, porque o partido do poder só faz tal desafio na confiança de que dá à oposição um sinal de força e de que ela não se atreverá a apresentar tal moção. E se porventura viesse a apresentar, não seria porventura o PS a perder mais.
Por seu lado, a oposição, nomeadamente o PSD, quando se refugia no interesse nacional para negar a oportunidade de uma moção de censura, também o que revela é uma grande hipocrisia. Acreditasse o PSD que poderia tirar dividendos, isto é, vencer as eleições legislativas que se sucederiam à queda do governo e não hesitaria em servir-se de tal instrumento, na esperança de que tivesse o apoio das outras forças. Primeiro há que os “galos” lutem pelo poleiro e um o conquiste e se afirme para, quando e se achar oportuno, mande às malvas o interesse nacional e provoque eleições. É assim que todos procedem.
Já nem me lembro se li ou ouvi que andam por aí uns sms a convocar para uma manifestação de apoio a Sócrates. Se é verdade, não auguro nada de bom e lamento. Tanto mais porque são cobertos pelo anonimato. Anonimato que sempre abominei. Vêm-me à memória as grandiosas manifestações de apoio a Salazar e Caetano, com autocarros e autocarros a desembocarem no Terreiro do Paço cheios de pessoas, a maioria delas, obviamente, não convocadas, por sms, mas obrigadas pelos caciques, nem sequer sabendo o que iam fazer. Num regime democrático, manifestações desse jaez não se justificam e podem ser mau prenúncio. Espero que não passe de uma brincadeira carnavalesca.
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