quinta-feira, 10 de junho de 2010

Que Deus nos proteja!

Alguns dos temas que mais têm ocupado os meus momentos de reflexão, são a segurança – um grave problema cultural português – a hipocrisia, a ingratidão, a mediocridade.
Quanto à segurança, aquilo a que todos os dias assistimos, com perdas de vidas absolutamente injustificadas, perfeitamente evitáveis, demonstram plenamente que há um trabalho árduo a desenvolver nessa área, que terá de passar, forçosamente, pelas famílias, pelas escolas, pelas autarquias, pelas forças de protecção e socorro, pelas forças de segurança, enfim, por todos e cada um de nós. Cá por mim, tenho feito o que posso, nomeadamente através da escrita, mas sei que poderei fazer mais, desde que o desejem, proporcionando-me oportunidades para tal. Bom…”para bom entendedor…”. Fica-me a expectativa se haverá “bons entendedores”.
Através da proliferação e do fácil acesso aos mais variados órgãos de comunicação, de que não excluo a internet, chega-se à conclusão de que este “sítio” está cada vez mais hipócrita, mais ingrato, mais atrasado. Há por aí gente a emitir opiniões que se sustentam sobretudo no dizer o que a pode favorecer pessoalmente, bajulando, louvando o que não merece minimamente ser louvado, antes pelo contrário, fingindo ignorar acções de maior relevo. É a hipocrisia sem escrúpulos, é a sabujice nojenta, que provoca repulsa.
Fazem-se afirmações que nada têm a ver com a realidade. Temos a certeza, inclusive, que não dizem o que pensam, mas o que lhes convém, para agradar ou mesmo para dar satisfação ao “ amor com amor se paga”. É a bajulação recíproca. É preciso muito cuidado, pois, segundo George Chapman “os aduladores são tão parecidos com os amigos como os lobos com os cães”.
É óbvio que eu respeito inteiramente a diversidade de opiniões. Nem me imagino a ser de outra forma, mas uma coisa é a diferença de opiniões que cada um emite, outra é alguém afirmar coisas indefensáveis e, pior do que isso, em que ele próprio não acredita, mas que só a conveniência o leva a isso. É a hipocrisia com todo o seu esplendor. A hipocrisia é uma enfermidade extremamente vulgar que normalmente traz a si associada outra repugnante maleita que é a ingratidão.
Todos nós, uns mais do que outros, temos muito de ignorantes. Eu não me sinto nada mal por constatar a minha ignorância relativamente a uma imensidão de temas, mas procuro, sobretudo quando escrevo, porque é uma marca que ali fica, não o fazer sobre coisas de que não estou minimamente à-vontade. O que não significa que o não possa já ter feito, involuntariamente. Agora, há assuntos que, pura e simplesmente, não dependem de qualquer opinião. São o que são. Estou a lembrar-me, por exemplo, do que, pelos vistos se falou, e também escreveu, relativamente à possibilidade de uma federação das associações de Nespereira. Pura e simplesmente é um erro crasso, porque só podem existir federações de associações, clubes, sindicatos, etc., idênticos, que tenham os mesmos objectivos, como federação de bandas de música, de grupos folclóricos, de associações de bombeiros e por aí fora.
Isto não significa que não se possa discutir qualquer outra espécie de ligação entre as várias associações indígenas, só que federação não. Discutir sobre algo irrealizável é perda de tempo, ou, se preferir, tolice.
Já por diversas vezes referi, que, em determinados aspectos, muitos, aliás, se assiste à vitória da mediocridade. Na política, por exemplo, uma grande parte das pessoas que aí ocupam posições, de maior ou menor relevo, como são medíocres, oportunistas, ambiciosas, receiam as pessoas inteligentes, que pensam e dizem o que pensam, não olharam a meios para conquistar tais posições, como não olham para as defender, ainda que tenham que pisar quem quer que seja.
Porque os inteligentes, os pensadores que não vergam a espinha a troco de qualquer privilégio, que adoptam a verdade, a frontalidade como forma de relacionamento com os outros, sejam amigos ou não, não se permitem a essas “patifarias”, quem vence é a mediocridade. Talvez por isso, Ruy Barbosa escreveu: “Há tantos burros a mandar em homens inteligentes que, às vezes, penso que a burrice é um ciência”.

Os medíocres ficam com tal receio com a simples aparição de alguém com capacidade superior, de alguém com verticalidade que os possa ameaçar, que tudo fazem para não o deixar entrar no seu mundo e, se possível, mesmo abatê-lo. No fundo é o reconhecimento das suas limitações, de que o mais capaz faria facilmente aquilo que ele não consegue ou só o consegue com imensas dificuldades. Ao reconhecimento que as pessoas normais demonstram pelos mais capazes, opõe-se o silêncio ou a repulsa por parte dos medíocres.
Churchil disse: “A inteligência conquista inimigos, o talento assusta”.
Que Deus nos proteja!

António Salazar

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