quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cavaco Silva em derrapagem

Creio que neste momento, milhões de portugueses, pensarão como eu, isto é, que só não digo que “a montanha pariu um rato”, porque a declaração de Cavaco Silva, mais pelo que não disse, mas insinuou, tem reflexos sérios na estabilidade institucional, que o PR deveria ser o primeiro a preservar. Disse, por diversas vezes, que Cavaco Silva não merecera o meu voto, mas que o respeitava como Presidente de todos os portugueses. A partir de agora não me merece o mesmo respeito, tenho dúvidas que ele seja o Presidente de todos os portugueses e congratulo-me por não lhe ter dado o meu voto. Sou mais “meigo” que Carlos Abreu Amorim que afirma “pela primeira vez, tive vergonha de ter votado neste Presidente.”
De uma declaração em que se esperava que ele esclarecesse, deixou mais dúvidas, e, à semelhança do que fez com alguns vetos em que agiu por convicção e não pela constitucionalidade ou não dos diplomas, baseou-se na sua interpretação dos factos.
O homem que “nunca erro e raramente me engano” – tem errado muito na escolha de seus amigos e conselheiros - ou está a revelar-se pouco inteligente ou de extrema má-fé, já que nada esclarece. Será que o que ele pretende é realmente nada esclarecer, porque um esclarecimento cabal lhe faria cair algumas culpas em si próprio e/ou nos seus colaboradores e, simultaneamente, deixar a porta aberta a mais suspeições sobre o PS e o Governo?
Cavaco Silva esqueceu-se ou não acredita que os problemas se iniciaram em Belém – o caso das escutas, a colaboração aceitável ou não de assessores na elaboração do programa eleitoral do PSD, o famoso e-mail, etc.?
Se Cavaco Silva tem dúvidas quanto à veracidade do e-mail, porque não mandou investigar? Um PR não deve agir com as suas informações assentes em dúvidas.O que o dito e-mail revela, ou é verdade ou é mentira. Se é verdade, eu já o disse, o mínimo que eu esperaria do PR era a renúncia. Se é mentira, os seus autores teriam de ser punidos. Que nos disse Cavaco Silva? Nada de concreto.
Quando um chefe de estado, que deve evitar conflitos institucionais, procurar saneá-los, quando existam, ao invés, os instiga, não merece a confiança dos seus súbditos. A minha perdeu-a definitivamente.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Rescaldo das legislativas

Conhecidos os resultados das eleições legislativas e não me causando outra surpresa que não fosse a subida significativa do CDS/PP, ouvidos os diversos líderes partidários e outros responsáveis, parece que nem foi o PS que ganhou as referidas eleições. Todos podem encontrar argumentos para, mais ou menos engenhosamente, afirmarem que ganharam e fazer uma grande festa. Todavia, quem de facto recebeu o maior número de votos dos portugueses foi o PS. Isso é inegável. Cada eleição é uma eleição diferente da outra, feita num determinado momento, com as suas especificidades. Bem sei que também é natural a comparação com resultados anteriores, mas isso não significa, só por si, que um determinado partido, porque perdeu votos em relação a uma eleição similar anterior se considere derrotado. Ganha quem obteve mais votos, independentemente dos resultados anteriores. Bem sei que a perda de votos relativamente a outras eleições tem de ser considerada, tem um significado, que os respectivos partidos devem ter em conta. Aliás, apesar de ganhar nas urnas, creio que nenhum partido gosta de descer em relação a resultados anteriores, mas isso não pode ofuscar a alegria da vitória, nem será razão suficiente para servir de regozijo desmedido, de consolação aos adversários. Também o ganho de votos relativamente a actos eleitorais anteriores é motivo de alegria. Deve sê-lo. Mas não é honesto que qualquer partido utilize os seus eventuais êxitos, ignorando os dos adversários ou fingindo mesmo que eles não existiram.
Transportando a posição dos partidos que consideram pura e simplesmente derrota o facto de um deles ter ganho, mas obtido um resultado inferior a uma anterior eleição, para o futebol, seria a mesma coisa que os adversários considerarem que um clube que na época passada vencera outro por 5 – 0, nesta época tenha vencido por apenas 2 – 0, sofrera uma derrota. Não, não é assim. Venceu, ponto final parágrafo.
É natural, portanto, que o CDS/PP tenha revelado uma enorme alegria com o seu resultado eleitoral. Conseguiu um óptimo resultado, considerando o seu histórico e até as sondagens, que Portas desvaloriza, embora a elas tenha estado ligado. Não obstante o seu resultado lhe permitir uma posição privilegiada naquilo que pode ser um entendimento de governo, parece-me algo exagerado considerá-lo, só por isso, só porque elegeu na maioria dos distritos, um partido nacional. Acho que para atingir esse desiderato ainda tem que subir muito a nível das autarquias. Não é com os autarcas que tem, alguns fruto de coligações, senão seriam provavelmente menos, que já merece tal distinção. Pode ser que um dia lá chegue. Seja como for, Paulo Portas, com muita demagogia, mas muito trabalho, aturado estudo dos dossiers, reconheça-se, conseguiu “levar a carta a Garcia”. É daqueles a quem também assentam bem as felicitações.
Quem inegavelmente saiu derrotado desta pugna eleitoral foi Manuela Ferreira Leite e o PSD. Os portugueses mostraram que já não vão na conversa daqueles que se intitulam como senhores absolutos da verdade. A líder laranja e os seus mais lídimos apoiantes deram demasiados tiros nos pés. Sócrates e o PS tiveram muito mérito na vitória, sobretudo se atentarmos à grave crise que atravessamos e todos os casos em que procuraram envolver o primeiro-ministro, o seu governo e o seu partido, ou seja, a toda uma conjuntura desfavorável, mas não há qualquer dúvida de que houve demérito do PSD, a começar pela sua líder, dado que, mesmo quando as sondagens davam algum equilíbrio entre os dois partidos ou mesmo favoritismo do PSD, todos os estudos de opinião revelavam uma esmagadora maioria de portugueses que preferiam Sócrates para primeiro-ministro, a Ferreira Leite.
Esperemos o que o futuro próximo nos reserva, no que concerne a eventuais acordos e o seu nível, as caras que formarão o novo governo, etc.
A avaliar pela reacção dos representantes dos partidos da oposição, sobretudo CDS, BE e PCP no programa Prós e Contras, qualquer um deles, parecendo que lhe crescera o “rei na barriga”, revelou uma enorme arrogância, pouco sentido de responsabilidade. Ao ouvi-los, quem não conhecesse os resultados eleitorais, quase ficaria com a ideia de que eles teriam sido os vencedores. Considero inadmissível que partidos com 8,9,10% dos votos dos portugueses entendam que ou as suas propostas de governação se encaixarão no programa de governo ou só resta o voto contra. Então, e a vontade dos 90% dos portugueses que votaram propostas diferentes?! Ao verificar tanta arrogância, a defesa intransigente do interesse partidário a sobrepor-se ao interesse nacional, fico a pensar como se atreveram a chamar arrogante a Sócrates e imagino como seria se amanhã algum deles tivesse votos suficientes para ser chamado a formar governo. Não há quem se consiga esconder debaixo da capa da hipocrisia eternamente. Quero acreditar que esta reacção seja apenas fruto da euforia dos resultados, mas que logo, logo, todos assentarão os pés no chão.
Que uns e outros desempenhem os seus papéis responsavelmente, sem atentar contra os seus princípios ideológicos, mas tendo sempre como prioridade o interesse nacional é o que se deseja.
Bom, no rescaldo de umas eleições, aí está nova campanha. Esta dá mais colorido, mais ruído às nossas aldeias, vilas e cidades. São cartazes e mais cartazes, carros e mais carros com som, papéis e mais papéis espalhados pelo chão, pelas mesas dos cafés, pelas caixas de correio. O desenvolvimento do país depende, muitas vezes, da capacidade que as freguesias e os municípios demonstrarem para os colocar na rota do progresso. Assim sendo, não se deveria brincar às candidaturas, deveria trabalhar-se no sentido de se candidatarem os melhores, de forma que, ganhasse quem ganhasse, haveria a certeza de que os interesses das nossas terras, maiores ou menores, mais ou menos importantes, seriam bem defendidos. O que nos é dado observar em algumas terras, só não dá vontade de rir, porque o futuro das freguesias, dos concelhos e das suas gentes é demasiado sério para que, ao invés de rir, nos entristeça muito. Teria menos dificuldade em aceitar determinadas candidaturas se fossem de geração independente. Com rótulo de partidos, só não direi que fico perplexo, porque de uma grande parte dos políticos já nada me espanta. Mas que é lamentável, lá isso é. Vão ver, meus amigos, que algumas candidaturas não vão ter tantos votos como o número de pessoas que figuram nos processos entregues em tribunal. Que credibilidade nos pode merecer tais partidos e as pessoas que se prestam a colaborar nessa farsa? Que lucram?
Nos cartazes de propaganda autárquica que vamos encontrando ao longo das nossas estradas, há nitidamente quatro palavras que ressaltam em relação a quaisquer outras: rosto, verdade, confiança, mudança. Assim temos várias frases repetidas ou semelhantes em diferentes freguesias e municípios: rosto da verdade, rosto da confiança, rosto da mudança, a verdade tem um rosto, a mudança tem um rosto. Digamos, em abono da verdade, que tanta repetição, não configura grande criatividade.
De um modo geral, estas eleições, aliás como sempre e tal como nas legislativas, são muito personalizadas, isto é, assentam nos méritos, nas virtudes, que às vezes só os apoiantes mais próximos conseguem descortinar, do cabeça de lista, do líder, ignorando-se pura e simplesmente todos os outros como se apenas eles existissem para fazer número. Infelizmente, muitas vezes assim é. Alguns não valem um carapau, sem ofensa para este.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Agora o PSD que meta o rabo entre as pernas

Inopinadamente Cavaco Silva demitiu o seu assessor de imprensa, Fernando Lima. Sem que isso signifique que tudo fica esclarecido, antes pelo contrário, tal atitude tem o condão de conferir autenticidade ao famigerado e-mail. Entre muitas outras coisas que falta saber, uma delas é se Fernando Lima encomendou o trabalho jornalístico, por sua livre iniciativa ou se foi mesmo a mando do Presidente da República. Há muito que esclarecer. O PSD que se apressou a tirar conclusões precipitadas, lançando suspeições infundadas sai “chamuscado” e Cavaco não deixará jamais de sair fragilizado, independentemente do que se vier a saber ou não. A sua actuação extemporânea já não tem remédio. Ao PSD resta “meter o rabo entre as pernas” e continuar a falar de medo e asfixia democrática, pelo deserto de ideias e porque, no fundo, muitos são os mesmos que noutros tempos amedrontavam as pessoas, afirmando que os comunistas comiam crianças ao pequeno almoço.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Campanha eleitoral - mais casos do que ideias

Esta campanha que vem decorrendo, para as legislativas, tem sido feita mais de casos do que de ideias e propostas, com excepção das demagógicas. Há um partido que, no que respeita à exploração de casos, e, sem o mínimo de ética, de pudor, se destaca de todos os outros, transformando meras suspeitas em verdades absolutas, num comportamento que só pode ser apelidado de execrável. Refiro-me ao PSD. De facto, tal partido já demonstrou à saciedade que não tem ideias, nem propostas, alicerçando, por isso, a sua campanha na exploração dos referidos casos e nos ataques pessoais, e, ainda, no mais baixo populismo, ao referir asfixia democrática, medo, comparando Sócrates a Chávez. Se o povo português estivesse asfixiado democraticamente, se tivesse medo, provavelmente não se diriam nem escreveriam tantas asneiras, não se atentaria tão impunemente contra a dignidade dos outros, não se fariam as afirmações injuriosas que se fazem, não se realizariam tantas manifestações em total liberdade, mas algumas delas, quer pelas razões, quer pela oportunidade, absolutamente injustificáveis.
Debrucemo-nos no caso mais recente. Recente, porque, embora reportando-se a uma situação de há mais de um ano, ou seja, a eventualidade de o Presidente da República andar a ser vigiado pelo Governo, só agora apareceu, estrategicamente na comunicação social e não foi, com certeza, por obra e graça do dito Governo. Ora, sem quaisquer provas de que tal espionagem seja verdadeira, o PSD, dono de todas as verdades, segundo quer fazer parecer, dá como certo que tal facto é verdadeiro, sem que alguém, a começar pelo próprio Presidente da República, tenha a certeza de nada. Para o PSD, caluniar, deturpar, desinformar, é tão natural como beber um copo de água. Mas já agora, deixe-me fazer este raciocínio: relativamente ao e-mail publicado na comunicação social, em que um jornalista pede a outro jornalista que forje uma determinada notícia a pedido de um assessor do Presidente da República, por sugestão deste, ainda ninguém negou que isso tivesse sido forjado. Assessor, de nome Fernando Lima, jornalista, que enquanto director do Diário de Notícias terá impedido a jornalista Fernanda Câncio de publicar uma crónica negativa sobre Manuela Ferreira Leite. O homem tem currículo. Quero afirmar com toda a veemência, o que já fiz por diversas vezes, que não obstante Cavaco Silva não ter merecido o meu voto, ele é também o meu Presidente da República e respeito-o como tal e nem quero acreditar que ele se prestaria a tal papel. De qualquer forma, porque é que os elementos do PSD que se apressaram a condenar o governo, não têm manifestado a mesma postura em relação a Cavaco Silva?! Meu amigo, se vier a provar que o governo mandou espiar o Presidente da República é muito grave e este deveria tomar as medidas adequadas, em tempo útil, o que não me parece que possa acontecer. Todavia, se provar que o Presidente, ao invés de tomar as medidas adequadas para o efeito, se algum dia pressentiu que andava a ser vigiado, fez aquilo que o referido e-mail reporta, o seu crime não é menos grave e só tem uma saída digna: a renúncia. Portanto, é lamentável que o PSD só refira um aspecto, só veja num sentido. Não somos ingénuos ao ponto de pedir absoluta isenção aos partidos, mas que pelo menos tenham uma migalha de dignidade, de honestidade intelectual.
Quem não fica nada bem nesta fotografia é uma certa classe de jornalistas, que instrumentaliza, que se deixa instrumentalizar, isto é, está disponível, como diria o povo da minha terra, está de pernas abertas para fazer os mais asquerosos, mais deploráveis fretes, que desce ao nível mais baixo de alguns políticos. Nomeadamente, o director do Público que a uma hora lança uma grave afirmação de que o jornal estava sob escuta para mais tarde reconhecer que não houve nada de anormal no jornal. Não é este jornalismo que forja, que manipula, que mente, que Portugal precisa.
Deixe-me, no entanto, continuar a reflectir no assunto, porque ele se me afigura demasiado importante para que não façamos uma reflexão muito séria e aprofundada, ficando o jornalismo para outra ocasião. Creio que nada se vai decidir antes das eleições, que se realizarão daqui a quatro dias. Seja qual for o partido vencedor, ainda que seja o Partido Socialista, teremos um novo governo que, em termos legais, nada terá a ver com o actual. Imagine agora que se vem a comprovar que o governo pecou e Cavaco Silva está isento de qualquer culpa. Vai punir o próximo governo?! Embora não tenha formação jurídica, não me parece que o possa fazer, daí que a única resposta possível é “não pode”.
Imagine agora outra situação. O governo errou e se tudo o que o e-mail diz se confirmar Cavaco Silva também errou. Que legitimidade teria este para tomar qualquer atitude em relação àquele?
Repare na última situação. Vem a comprovar-se que apenas Cavaco Silva errou. Que fazer?! Pense em tudo isso.
Recordo a frase de Abraham Lincoln: “Há momentos na vida de qualquer político em que o melhor que pode fazer é não descerrar os lábios”.
Já agora, pelo andar da carruagem, e também não é novo o que vou dizer, Cavaco Silva ou tem muito azar com a escolha dos amigos, conselheiros, assessores, etc., ou é demasiado ingénuo, atributo que ele refuta, mas que, a existir, não é grande referência para um Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa veio à liça, com toda a legitimidade, fazer campanha pelo seu partido. È a obrigação de todos os militantes. Não concordando com ele diversas vezes, é um comentador que eu aprecio e que só não vejo e não oiço quando me é impossível. Esse sabe o que é um certo atentado à liberdade de expressão, no tempo em que o seu partido era governo. Bom, mas não é por aí que eu quero ir. Percebo que Marcelo Rebelo de Sousa pense que um qualquer governo minoritário não dure mais de dois anos. O que não percebo é que só não durará mais de dois anos se não for do PSD. Ora essa! Porque raio de diabo é que se o governo fosse do PSD duraria mais de dois anos? Será que, não sendo o Professor Marcelo da área das matemáticas, ande com dificuldade em fazer operações?! Acho que, neste momento, ninguém ousará contestar que, sejam quais forem os resultados eleitorais, a maioria será de esquerda. Não parece que PSD e CDS consigam maioria. Portanto, mesmo tendo em conta as dificuldades de entendimento entre PS, Bloco de Esquerda e CDU, eles em maioria, dificilmente deixariam cair um governo minoritário PS, para a eventualidade de o entregarem nas mão do PSD. “Dente lúpus cornu taurus petit” – o lobo ataca com os dentes, o touro com os chifres, isto é, cada um defende-se como pode.
Faça você a escolha que fizer, não deixe de ir cumprir o seu dever, no próximo domingo. Não deixe a responsabilidade de escolher quem quer na Assembleia da República e para nos governar, nas mãos dos outros.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Campanha eleitoral

Cá estamos no auge da campanha eleitoral para as legislativas e com as autárquicas a rabear. Mais ou menos os discursos costumeiros com os partidos que ficam fora daqueles que habitualmente alternam o poder a enveredar pelo populismo desenfreado, apresentando medidas que eles próprios sabem muito bem que são irrealistas, mas que, no seu entender, podem servir para captar mais meia dúzia de votos, que, às vezes, são suficientes para eleger mais um deputado. Por sua vez, os dois partidos que verdadeiramente concorrem para governar, isto é, o PS e o PSD, vão-se culpando mutuamente e fazem algumas afirmações com tamanha naturalidade, melhor, com tal descaramento, como se ontem não tivessem defendido exactamente o contrário. Quando digo que apenas os dois partidos concorrem para governar, não pretendo subestimar nenhum dos outros, mas creio que pensar que hoje seria possível qualquer um deles, que não o PS e o PSD, ganhar as eleições seria tão utópico como algumas das suas propostas. Um dia, daqui a alguns anos, talvez lá cheguemos e oxalá que sim, mas nessa altura o seu discurso será, obviamente, diferente.
De qualquer forma, destes tempos de pré-campanha, de debates e de início de campanha, um dos candidatos a primeiro-ministro, exactamente Manuela Ferreira Leite, não conseguiu, num único debate, mostrar o mínimo rasgo, a mínima preparação para encabeçar um governo que tem de dirigir um país com debilidades, fruto da grave crise económico-financeira internacional que não poderia deixar de nos afectar. Uma líder que revela à saciedade que não se prepara para os debates, que não consegue dominar um único, que provavelmente, em alguns deles, não foi massacrada pelo simples facto de ser senhora, que não revela ambição, tê-la como primeiro-ministro seria matar o sonho, a esperança dos portugueses em melhores dias, seria tornar-lhes os dias negros e as noites de insónias, logo a partir de 27 de Setembro.
De algumas coisas todos temos a certeza: a maioria dos eleitores divide-se pelos partidos chamados de esquerda; por outro lado, quem vai governar será José Sócrates ou Manuela Ferreira Leite. Não me parece que à esquerda mais radical, isto é, Bloco de Esquerda e CDU, seja indiferente governar um ou governar o outro, não obstante as discordâncias que tenham em relação a Sócrates. Parece-me, pois, que na hora da decisão final, isto é, no momento de colocar a cruz, muitos pensarão duas vezes e, não querendo correr riscos, darão guarida àquilo que eu considero o senso de esquerda.
Voltando atrás e às afirmações controversas dos candidatos ou seus apoiantes, aí, Manuela tem-se feito notar. Veja só: acha que o governo, que legitimamente foi eleito para governar até ao fim do mandato, a menos que a Assembleia da República tivesse sido dissolvida, deveria apenas praticar actos de gestão, precisamente o que o seu partido não fez quando a Assembleia foi dissolvida na última legislatura. Afirma que ela não está a ser julgada. Ora essa, então os eleitores não estarão a julgar o seu comportamento, a sua capacidade, as suas ideias, o seu programa, para poderem escolher? Claro que sim, aliás como todos os outros candidatos. Justificando a sua infeliz intervenção, sei lá, provavelmente condizente com o seu pensamento, defendendo o exemplo de governação democrática da Madeira, afirmou que Jardim foi eleito democraticamente. Bom, já muitos se referiram a inúmeros ditadores eleitos em eleições ditas democráticas, mas eu fugiria daí e questionaria se no continente os seus deputados e os dos outros partidos, os autarcas, o Presidente da República, etc., não foram eleitos democraticamente.
Por sua vez, o impagável Alberto João Jardim teve estas duas tiradas: A primeira tem a ver com a acusação de ele ser um falso candidato a deputado e ele faz a seguinte afirmação: “Sócrates é candidato a primeiro-ministro e candidato a deputado, não venham cá com conversa de chachada”. Mas nós já tivemos algum primeiro-ministro sem ser candidato a deputado, excluindo, obviamente, os de nomeação presidencial?
A segunda tem a ver com o debate entre Sócrates e Manuela e ele afirma: “ a dr.ª Manuela deu um banho a Sócrates”. Bom, fiquei a saber que Alberto João Jardim, além de ser passado dos carretos, é cego e surdo. Valha-nos Deus.
A propósito do TGV, que Manuela Ferreira Leite, aquando da sua passagem pelo governo, entendeu como um bom investimento, capaz de gerar emprego, e não se contentava com uma, duas ou três linhas; agora, na oposição, mudou a “agulha” e diz não querer favorecer os espanhóis, que lutará pela independência económica de Portugal. Mas que independência, nesta era global? Esqueceu-se que estamos integrados na União Europeia?!
Sinceramente, ao ouvi-la defender o exemplo de governação democrática da Madeira, a sugerir a suspensão da democracia por seis meses e agora a falar de independência económica, veio-me à ideia o tempo do “orgulhosamente sós” que todos sabemos o que nos rendeu.
Por diversas vezes aqui manifestei a minha antipatia pela generalidade dos actores políticos, mas também sempre afirmei que nunca deixaria de votar. Não o fazer talvez seja um acto de cobardia. Votar nulo ou votar em branco, também não aponta qualquer solução. Esmiucemos bem o que é que qualquer candidato ou partido nos pode oferecer e, mesmo discordando de todos, mesmo nenhum nos agradando, sempre haveremos de encontrar num deles algo mais positivo do que no outro, que nos fará merecer o nosso voto, ainda que “engolindo alguns sapos”. Importante é não deixar de votar, é não deixar a responsabilidade da escolha para os outros.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Asfixia democrática

“Mais cego é quem não quer ver do que quem não tem olhos”.
Fico espantado – ou será que já não fico? – com o conceito de democracia que Manuela Ferreira Leite exibe, ao dar como bom exemplo de governação democrática o seu companheiro de partido, ora governante, ora outra coisa qualquer arremedo de artista de circo, que é Alberto João Jardim. Se há parcela do território português onde a democracia, por quem detém o principal poder e muitos dos seus apaniguados, sofre tratos de polé, é pouco mais do que uma miragem, é exactamente a Madeira. Basta ouvi-los, basta atentar no seu comportamento no Governo, na Assembleia Regional, na relação do líder com um jornal e a manutenção do mesmo com dinheiros públicos. Centenas de páginas têm sido escritas na imprensa, nos blogues, milhares de frases têm sido pronunciadas por rádios, televisões, em diversas intervenções, denunciando exactamente o défice democrático existente na Madeira. Só Manuela Ferreira Leite, alguns, felizmente não todos, dos seus submissos companheiros, aqueles que vivem debaixo da asa protectora de Jardim, é que não vêem isso. Quem não tem uma palavra de recriminação para o que se passa, em termos de democracia, na Região Autónoma da Madeira, ao invés disso, defende tal comportamento, apontando mesmo como um bom exemplo de governação, como já atrás referi, quem, no seu partido, hoje seu incondicional apoiante, já impôs no parlamento a “lei da rolha”, para o seu grupo parlamentar, quem já se atreveu a sugerir que para se conseguirem algumas reformas, se deveria suspender a democracia por seis meses, não tem a menor legitimidade para afirmar que no continente, por obra e graça do governo, existe asfixia democrática. A líder do PSD não está bem, não inspira confiança política, votar nela, para as legislativas, será um desperdício. Não me revendo na maior parte do discurso político de Paulo Portas, reconhecendo-lhe embora inteligência bastante, mas também demagogia que sobra, parece-me que aos que perfilham políticas de centro direita ou direita, terão o seu voto muito melhor utilizado, não querendo votar Partido Socialista, votando PP, que tanto pode significar Partido Popular, como Paulo Portas, que não vociferará nunca as asneiras de Ferreira Leite e, na eventualidade de o PSD vir a ser chamado a formar governo, eles lá estarão juntos.
Voltando à asfixia democrática, infelizmente, não por culpa deste governo nem de outros que o antecederam, mas porque ainda há muitas pessoas que transportam os vícios do 24 de Abril, os herdaram ou aprenderam, que na sua vida empresarial, de trabalho, à frente de instituições públicas ou privadas, de todos os quadrantes políticos, são excelentes exemplares, pelo seu comportamento, do que não deve ser a democracia. Conheço, todos conhecemos, pessoas que dirigem instituições, como se fossem os donos, admitindo funcionários sem regras, expulsando, demitindo, a seu bel-prazer, sem processo de inquérito ou de averiguações, exigem a assinatura de documentos sem lhes permitir conhecer correctamente o conteúdo, fazendo-os assinar folhas de papel em branco, onde, quando e se entenderem, escreverão o pedido de demissão, promovendo falsos concursos e digo falsos, porque são viciados logo à partida, ganhos, não, entregues a quem entendem, etc., etc. Se Ferreira Leite, ou qualquer outro dirigente político, tocasse nesta ferida, merecia credibilidade, o apoio de todas as pessoas que se regem por critérios mínimos de seriedade. Mas não, a campanha é atribuir todos os males ao governo, não lhe reconhecer qualquer virtude. Ora, quem for sério e andar atento, sabe que todas as ofensas à democracia referidas e muitas outras que poderíamos referir, não são da responsabilidade nem dos partidos nem do governo, mas antes, de pessoas, ainda que muitas delas estejam ligadas aos diversos partidos políticos e muitas outras sejam independentes. Aliás, basta ver o caso de vários autarcas investigados, arguidos, acusados e até condenados por abuso de poder, peculato, corrupção, etc., pertencentes a famílias partidárias diferentes. Não é legítimo acusar um partido só porque um seu membro é criminoso, como não é curial arrancar todas as flores do jardim só porque lá existe uma erva daninha.
Porque, desgraçadamente, há gente de todos os partidos que se servem dos lugares que ocupam, alguns que até foram legitimamente eleitos de acordo com as mais elementares regra democráticas e obedecendo ao estabelecido nos respectivos estatutos ou outra legislação, para colher benefícios pessoais, para dar guarida aos amigos, ainda que sem respeito algum nem pela lei nem pela ética, prejudicando ilegítima e ilegalmente terceiros, os dirigentes partidários, ao invés de atirarem pedras uns aos outros, porque todos têm telhados de vidro, deveriam assenhorar-se de mais pudor e todos contribuírem para o aperfeiçoamento da vida democrática e extirparem, legalmente, é óbvio, essas execrandas personagens que minam e descredibilizam a democracia e, se não formos tarde demais, talvez contribuam para que o povo, saturado de mentiras, de ser explorado, enganado, exija um governo autoritário, que mande a democracia às malvas.
Deixo aqui apenas mais uma nota: quem tem a pesar-lhe no currículo a responsabilidade de ter corrido com Marcelo Rebelo de Sousa da TVI, como pode ter a “lata” de acusar, sem quaisquer provas ou indícios, o governo e o Partido Socialista de estar por detrás da suspensão desse asqueroso Jornal Nacional das sextas-feiras, protagonizado pela imbecil Manuela Moura Guedes? Sou totalmente contra qualquer atentado à liberdade de expressão. Aliás, sei do que falo, porque já senti na pele, a censura e repressão. O que Manuela Moura Guedes fazia na TVI não era liberdade de informação, era utilizar a liberdade de que usufruía, para, sem qualquer espírito de informar, antes, achincalhar, ofender, atacar, comentar sem qualquer espírito de isenção, subjugada apenas ao seu obscuro pensamento ou interesse. As suas ideias, as suas afirmações teriam pleno cabimento numa coluna de opinião, concordasse-se ou não. A quem está no exercício único de informar, que é o que lhe compete fazer, quando está no ar, é inadmissível.
Não é nenhum atentado à liberdade acabar-se com um jornal naqueles moldes, desde que continuem a fazer as investigações que tiverem por bem fazer e informem, normalmente, sem jeitos e trejeitos, nem afirmações insinuadoras.
Seja como for, não é correcto, não é de pessoas de bem, acusar o Governo e o Partido Socialista, só porque José Sócrates se queixou, e com razão, segundo o meu ponto de vista, de tão abjecto Jornal Nacional.
Alguns estarão tentados a dizer: “pois é, mas o Jornal Nacional das sextas-feiras era líder de audiências. Quem conhece e reflecte sobre a forma de estar, agir e reagir do povo português, não se surpreende. Ele está em massa onde houver graves acidentes, sobretudo com mortes, assassínios, assaltos violentos, consome avidamente toda a informação, ainda que não certificada, que relate todos esses acontecimentos graves, grandes escândalos, tanto mais se estiverem envolvidas pessoas por todos reconhecidas. Poderia dar-lhe imensos exemplos, mas alguns, você também os conhece e sabe que é verdade. Parece que muitos de nós somos possuídos de uma morbidez congénita.
Não sendo o exemplar perfeito de presidente de câmara que eu gostaria para o meu concelho, Cinfães, não lhe vejo alternativa. Da mesma forma, não sendo Sócrates exactamente o primeiro-ministro que gostaria de ter, não lhe encontro alternativa e não me repugnou, antes me honrou, o convite que me foi dirigido para integrar a sua Comissão de Honra e que aceitei. Continuarei, apesar de tudo, a ser independente, a ter uma voz livre e a combater as políticas de Sócrates que entender combater, como várias vezes já o fiz, neste e outros fóruns.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Alimente o sonho

“Pobre não é o homem cujos sonhos se não realizaram, mas aquele que nunca sonha” – Marie von Ebner-Eschenbach.
Sem sonhos, imensos sonhos, a minha vida teria sido completamente diferente. Sonhos que condicionaram a minha vida e que influenciaram a de muitos dos meus conterrâneos, que ainda hoje são beneficiários da concretização de alguns desses sonhos, aparentemente irrealizáveis, e que provocaram reacções do tipo “Velhos do Restelo” a uma grande parte daqueles a quem eu e mais alguns – muito poucos – dávamos conta desses mesmos sonhos e da nossa vontade indomável de os concretizar, pedindo apoio.
Foi assim com o jornal O Nespereirense, que além de ter sido um defensor intransigente dos interesses da freguesia, foi um excelente elo de ligação entre os que cá continuavam lutando para viver ou sobreviver e aqueles que se espalharam pelas quatro partidas do mundo e que só acabou porque alguns tentaram fazer dele trampolim para as suas ambições políticas, defraudando a sua matriz editorial e a intenção que levou à sua criação. Diga-se, em abono da verdade que hoje, com os meios de comunicação modernos, já não teria a justificação de outrora, se bem que, em nome de uma língua portuguesa com um mínimo de correcção, que contrasta com frases e páginas miseráveis que se lêem por aí, quando se navega por esse mar imenso que é a “net”, talvez ainda valesse a pena. Pelo menos, alguns não desaprenderiam o português que sabem e poderiam ainda aprender qualquer coisa mais.
Foi assim com a criação da Casa do Povo, que proporcionou que centenas de idosos recebessem a sua pensão, ainda que pequena, mas que era tão importante para quem se habituara a viver com tão pouco e nunca recebera nada, que os fazia felizes, e muitos deles ainda conseguiam fazer poupanças. Casa do Povo que deu ensejo a que os jovens futebolistas de Nespereira disputassem, pela primeira vez, campeonatos de futebol, no caso concreto, os do INATEL, de que se saíram tão bem e que gerou um tal entusiasmo em praticamente todos os nespereirenses que, em casa ou fora, prestavam um apoio extraordinário. Foram tempos de futebol que os que os viveram jamais esquecem. Casa do Povo que proporcionou que, pela primeira vez, jovens de Nespereira participassem em provas de atletismo. Casa do Povo que organizou eventos de entretenimento e, pela primeira vez, trouxe à terra nomes consagrados da música e da canção.
Foi assim com a construção do campo de futebol do Olival, onde até a ameaça com tribunal não foi sonho, mas que não passou disso mesmo. À época, sem acessos para o campo da Portelinha, não havia hipóteses de competir, não fosse o Olival. Hoje, se os que têm a idade em que nós tivemos os sonhos e não tivemos receio de os transformar em realidade, os tivessem também e vontade de fazer, pressionando o poder, exigindo do poder, como nós o fizemos, talvez se pudesse já ter umas boas instalações desportivas para o futebol e não só, na mesma Portelinha.
Foi assim com a Associação de Bombeiros, algo inacreditável para a maioria. Os que sonharam e acreditaram que o sonho poderia concretizar-se, não esmoreceram e ela aí está viva, pujante, prenhe de prestar inestimáveis serviços à região, ao país.
Foi assim com a criação do Hino dos Bombeiros Portugueses. Era eu dirigente da Liga dos Bombeiros Portugueses, quando, numa reunião, se falou que se andava há muitos, muitos anos a pensar num hino. De imediato sonhei que seria capaz de concretizar essa vontade. Imediatamente também sonhei que seria o meu amigo e parente maestro Pereira Pinto que iria ser a trave mestra dessa realização. Falei com ele, trabalhamos e o Hino aí está, lindo, tocado e cantado em todo o país, nas cerimónias mais importantes dos bombeiros.
Se todas estas coisas não tivessem acontecido, não tenho a menor dúvida de que a minha vida teria sido diferente. Melhor, pior? Diferente. Seja como for, tenho um enorme orgulho em ter sido como fui, em ser o que sou, em ter acreditado nos sonhos. Dos erros que cometi, sempre os assumi, “não chutei para canto” e retirei deles as aprendizagens que poderia ter retirado. O orgulho é tanto maior porquanto tudo o que fui, tudo o que fiz, tudo o que sou, tudo o que faço, não foi utilizado, não utilizo, não utilizarei como trampolim para alcançar qualquer cargo na política.
Pela forma como a minha vida se foi processando, é fácil de adivinhar que não gosto de pessoas que têm medo de arriscar, de avançar, que não têm sonhos e, se os têm, mingua-se-lhes a força ou capacidade para os converter em realidades. Manuela Ferreira Leite, pelo programa que apresentou, pelas afirmações que tem vindo a fazer, revela que é uma mulher gasta, sem sonhos, que não vê mais longe do que aquilo que os seus olhos, possivelmente também já cansados, conseguem ver. Manuela Ferreira Leite não se compromete porque lhe falta rasgo, coragem, capacidade de arrostar com as dificuldades. Uma pessoa assim, não serve para primeiro-ministro, porque fará com que Portugal não avance, mas antes recue em relação aos nossos parceiros europeus. Sem menosprezar o pragmatismo da realidade, sem tirarmos os pés do chão, mesmo assim temos de arriscar, temos não só de sonhar que somos capazes, mas depois, trabalhar para concretizar o sonho.
Se não ousasse sonhar, o homem não teria pisado a lua, os nossos navegadores não dariam a conhecer novos mundos ao mundo, não se inventariam as curas para as graves doenças, não se construiriam os grandes impérios industriais, económicos, a tecnologia não teria chegado onde chegou e sei lá onde pode chegar mais.
Temos necessidade de alguém que nos alimente o sonho de que amanhã será um dia melhor e esse não é certamente Manuela Ferreira Leite.
Porque já não sonha, porque diz não apresentar o programa eleitoral em férias, porque ninguém lê, exactamente a única altura do ano em que alguns podem ler; porque apresenta um programa, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, para apenas dois anos, porque não tem ambição para quatro anos, digo eu; porque afirma que agora temos um “Estado que se transforma numa máquina ao serviço do poder”, quando há pouco tempo atrás falava em suspender a democracia seis meses, aliás concordante com a sua mudez significativa perante os inúmeros atentados à democracia perpetrados pelo seu companheiro de partido, Alberto João Jardim; porque fala em suspender, rasgar, sem se comprometer com o que fará exactamente; porque os professores mais velhos se devem lembrar da sua avaliação, quando Ministra da Educação; porque todos se devem recordar do congelamento de salários, quando Ministra das Finanças, em época que nada tinha a ver com esta, de crise económica e financeira mundial e que não é da responsabilidade do governo; por tudo isso e por várias outras razões que seria fastidioso enumerar, não é desejável que seja ela a liderar um governo. Apesar da minha idade, de quando em vez, já me provocar algumas traições de memória, julgo não a ter curta, ainda. Não sendo um incondicional defensor de Sócrates, antes pelo contrário, e nem sequer ser militante do Partido Socialista nem de qualquer outro, neste momento, segundo o meu ponto de vista, ninguém se apresenta como alternativa credível a Sócrates.
“A existência seria intolerável se não houvesse sonhos” – Anatole France. Por isso eu quero-me com quem me permita sonhar e não com quem representa pesadelos.