quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cavaco Silva em derrapagem

Creio que neste momento, milhões de portugueses, pensarão como eu, isto é, que só não digo que “a montanha pariu um rato”, porque a declaração de Cavaco Silva, mais pelo que não disse, mas insinuou, tem reflexos sérios na estabilidade institucional, que o PR deveria ser o primeiro a preservar. Disse, por diversas vezes, que Cavaco Silva não merecera o meu voto, mas que o respeitava como Presidente de todos os portugueses. A partir de agora não me merece o mesmo respeito, tenho dúvidas que ele seja o Presidente de todos os portugueses e congratulo-me por não lhe ter dado o meu voto. Sou mais “meigo” que Carlos Abreu Amorim que afirma “pela primeira vez, tive vergonha de ter votado neste Presidente.”
De uma declaração em que se esperava que ele esclarecesse, deixou mais dúvidas, e, à semelhança do que fez com alguns vetos em que agiu por convicção e não pela constitucionalidade ou não dos diplomas, baseou-se na sua interpretação dos factos.
O homem que “nunca erro e raramente me engano” – tem errado muito na escolha de seus amigos e conselheiros - ou está a revelar-se pouco inteligente ou de extrema má-fé, já que nada esclarece. Será que o que ele pretende é realmente nada esclarecer, porque um esclarecimento cabal lhe faria cair algumas culpas em si próprio e/ou nos seus colaboradores e, simultaneamente, deixar a porta aberta a mais suspeições sobre o PS e o Governo?
Cavaco Silva esqueceu-se ou não acredita que os problemas se iniciaram em Belém – o caso das escutas, a colaboração aceitável ou não de assessores na elaboração do programa eleitoral do PSD, o famoso e-mail, etc.?
Se Cavaco Silva tem dúvidas quanto à veracidade do e-mail, porque não mandou investigar? Um PR não deve agir com as suas informações assentes em dúvidas.O que o dito e-mail revela, ou é verdade ou é mentira. Se é verdade, eu já o disse, o mínimo que eu esperaria do PR era a renúncia. Se é mentira, os seus autores teriam de ser punidos. Que nos disse Cavaco Silva? Nada de concreto.
Quando um chefe de estado, que deve evitar conflitos institucionais, procurar saneá-los, quando existam, ao invés, os instiga, não merece a confiança dos seus súbditos. A minha perdeu-a definitivamente.

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