segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Campanha eleitoral autárquica

“É melhor que fale por nós a nossa vida que as nossas palavras” – Mohandas Ghandhi.
Isto vem a propósito de milhares e milhares de palavras que andam por aí espalhadas ao vento, em propagandas e mais propagandas eleitorais de candidatos, cujo perfil, cujo modelo de vida contradiz perfeitamente o que o espólio panfletário revela. Muitos nem sequer têm a mínima capacidade para serem autores dos textos que assinam. Provavelmente, alguns nem sequer os saberão interpretar devidamente. Para se chegar a esta conclusão nem sequer é necessário esmiuçar – uma palavra que “Os Gatos Fedorentos” trouxeram para a ribalta – as suas vidas. Já agora, deixe-me dizer-lhe que a entrada dos “Gatos Fedorentos” na campanha eleitoral, muito embora não mereça o meu apreço, me parece que tem algum sentido. Exactamente, porque muitas vezes a campanha nos parece uma paródia, fede e arranha.
Hoje, muitos dos candidatos não têm qualquer ideologia, nem tão pouco se podem considerar de independentes, senão não andavam a cirandar da esquerda para a direita e vice-versa, em busca do melhor encaixe para seu interesse pessoal. À falta da ideologia e da independência, socorrem-se de lugares comuns como seja o amor à terra e suas gentes. Só por isso é que se candidatam. Oh! Se nós não conhecêssemos muitos deles?!
Os que querem apenas andar na crista da onda, por vaidade, em busca de “tacho” ou “penacho”, não me merecem mais que o desprezo. Há-os, todavia, que, sacrificando a família, até interesses económicos, o conforto, o lazer, encaram a função política como um dever, uma entrega desinteressada ao serviço da comunidade. Estes merecem o meu reconhecimento, o meu aplauso. São estes e só estes que ainda existem, embora se contem sem grande dificuldade, que me levam às urnas.
Avaliando sem necessitar de ser minucioso e por isso sem grande esforço o elevado número de pessoas aparentemente comprometidos com as diversas listas, chego a esta conclusão:
De repente ficam todos impregnados de uma competência, de um talento que jamais alguém ousara reconhecer;
De repente ficaram todos impregnados de um amor à terra e aos seus conterrâneos, quando a alguns o que se lhes conhece é a inveja, a ingratidão, a maledicência, os prejuízos causados a esses mesmos conterrâneos;
De repente todos se impregnaram de uma disponibilidade que nunca se lhes reconhecera para outras tarefas, ainda que minúsculas, em prol do desenvolvimento das suas terras e da melhoria de condições, em diversos domínios, dos seus conterrâneos. Ah!, por falar em disponibilidade, é interessante constatar o atrevimento de alguns, que por apenas terem disponibilizado o nome para integrar órgãos de algumas instituições, sem que se lhes seja reconhecido qualquer feito minimamente importante, acham que isso é muito relevante. Bom, já há longos anos que eu suspeito que muitos só querem, alguns só quiseram, integrar órgãos sociais de instituições, quando pensaram em arranjar um lugarzinho no “céu”, perdão, na política.
Enfim, quem se quiser deixar enganar por palavras que às vezes os próprios a quem são atribuídas não compreendem e por outdoors mais ou menos cativantes, apelativos, que deixe. Quem não se quiser deixar enganar, que compare as afirmações com a prática de vida de cada um. Seja como for, não deixe de votar, porque nos prós e contras, mesmo com pecados – quem os não tem – sempre há-de encontrar uns que lhe inspirem mais confiança do que outros.

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