sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Respigo da campanha das autárquicas

Tenho tido oportunidade de conversar com eleitores dos diversos quadrantes, sobre os vários candidatos autárquicos que se nos apresentam como conhecedores de todas as maleitas que as nossas terras enfrentam e possuidores de disponibilidade, vontade e talento para as curar e o que constato é que esses mesmos eleitores não reconhecem, a muitos desses candidatos, outras competências, outros méritos que não sejam os de “coitado, é boa pessoa”. Sendo que a sua análise está correcta, dentro de dias teremos em vários órgãos autárquicos “boas pessoas, coitados”.
Bom, se calhar, do mal, o menos, porque também temos candidatos elegíveis com algum talento, alguma competência, mas que de bons pouco têm. Andam vestidos com uma carapaça. Até um dia. A quanto obriga a vontade de alcançar algum poder, ignorando as palavras de Jean de la Bruyère: “ Os cargos de responsabilidade tornam mais eminentes os homens eminentes e os que são vis ficam ainda mais vis e mesquinhos”.
Para além de muito mais que nos mostrou o ambiente de campanha, não obstante não me ter dado a observá-lo profundamente, porque, por um lado, estava bem ciente de quem merecia, mais que outros, o meu voto e, por outro, porque sou avesso a “carnavais”, sobretudo fora de tempo e de “palhaçadas” fora do circo, deu para perceber que a HIPOCRISIA continua bem viva e a medrar.
Ah! Outra coisa que se constata: para comer até os apoiantes (?!) de listas adversárias aparecem. Será sinal de fome, falta de vergonha ou excesso de apetite?
Só mais uma coisinha: nesta democracia, que já é trintona, seria legítimo esperar-se que o culto da cidadania estivesse a um nível mais elevado. Digo isto, porque integrar uma mesa eleitoral, para além de se cumprir um dever, deveria orgulhar quem a tal tarefa é chamado. Mas parece que não. Desde que se institui que tal missão deve ser paga, há quem se digladie por um “lugar à mesa”. Apenas pelo dinheiro, porque, de resto, aquilo é uma “seca”, como alguns afirmam. Parece que, neste país, cada vez são menos os que se atrevem “a dar ponto sem nó”. Assim sendo, haveremos de continuar “com muita parra e pouca uva”, mas sem que isso seja razão suficiente para que se perca a esperança de que um dia chegue, não o D. Sebastião, mas alguém que, não pelo que afirma, mas pela sua prática de vida, demonstre que de facto tem TALENTO e AMOR à terra e às suas gentes. Quando os partidos, os movimentos e outras instituições se lembrarem que há vida para além dos períodos eleitorais, que há pessoas que querem participar, aprender, ser ouvidas, talvez comecem a aparecer as pessoas certas para os lugares certos. A “rosa” deixará de ser tão “alaranjada”, a “laranja” deixará de ser tão “rosada” “azulada” ou mesmo “avermelhada”.

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