terça-feira, 20 de outubro de 2009

O "circo" foi de férias

Está tudo muito mais calmo. Essa febre avassaladora de beijar, abraçar, dar apertos de mão, sem sequer se preocuparem com o vírus da gripe, porque um voto vale mais do que um vírus, acalmou. Voltou tudo à normalidade. O político – refiro-me aos políticos em geral e de todos os quadrantes - já não invade feiras e mercados, não bebe da malga de barro, não dança com as peixeiras, não “ajuda” nas vindimas, já não faz um ror de promessas, enfim, já não conhece o povo, aquele que provavelmente enganou e, com o seu voto, lhe garantiu a sobrevivência.
O “circo” fechou as portas, foi de férias, para regressar quando se aproximarem novas eleições, que espero sejam as presidenciais, embora nestas ele se mostre sempre com menos exuberância. Agora, alguns dos “palhaços”, trapezistas”, “malabaristas” e outros “artistas” transformaram-se em autarcas, deputados, alguns serão ministros, secretários de estado, assessores, consultores, outros ainda ficam na lista de espera, em bicos de pés, aguardando ansiosamente a sua vez de alcançar “um lugar ao sol”. Tanto abraço, tanto beijinho, tanta palmadinha nas costas é sacrifício que só se faz na esperança de um compensador lugar, ainda que sem a mínima competência para o desempenhar. E, mesmo assim, um dia hão-de ter um louvor, o nome prantado numa placa de uma qualquer rua ou avenida, mesmo um busto em qualquer praça, ainda que inventada, mesmo que o povo não reconheça qualquer mérito nem tenha tido oportunidade de pronunciar-se. Ainda há muitos laivos na democracia de muitas das nossas instituições, mas nenhum partido político tem autoridade moral para acusar o outro, porque isso se verifica facilmente em instituições dirigidas por pessoas afectas a qualquer dos partidos.
Se o “circo” fechou, ainda estão por aí, lamentavelmente, a conspurcar o ambiente das nossas praças, das nossas ruas e estradas, os cromos com as caras dos “artistas”. Em nome de um melhor ambiente visual, é bom que se não descuidem a fazer a limpeza que se impõe.
O circo está morto, mas descansem, senhoras e senhores, que o circo há-de voltar e, com ele, os mesmos e novos “artistas”, sorridentes, bem dispostos, simpáticos, a reconhecerem-vos, de novo, após um período de “amnésia”.
A diferença mais substancial que eu encontro entre os animais deste “circo” político e os do circo verdadeiro, é que aquele tem a lei da paridade, que obriga a que os sexos coabitem, neste, ao contrário, não podem coabitar animais de sexos diferentes, a não ser que sejam castrados.

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