segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Desabafos

É bem possível que a mais que badalada crise afecte não só os bolsos dos do costume, mas afecte também as mentes e o comportamento das nossas mais elevadas entidades. Digo isto porque se tem assistido a ditos, actos e gestos que não são muito abonatórios dos seus autores, que, pelas funções que desempenham, bem se justificava outro comportamento. Não sei se é qualquer espécie de nervosismo provocado pelo Entrudo que foi para quase todos, menos os da administração pública – os tais que Passos Coelho acha que têm privilégios especiais e por isso vá de sugá-los até ao tutano - ou se é fruto de um Q.I. abaixo da média.
Foi a pieguice do Presidente da República a lamentar-se que a sua “mísera” reforma não lhe dava para pagar as despesas. Piegas, mas cheio de sorte, porque não faltaram por aí subscrições para o ajudarem. Essa sorte não tenho eu nem você, piegas também, porque o primeiro-ministro no-lo chamou, mas ao invés de nos darem qualquer coisinha, roubam-nos aquilo que legitimamente tínhamos adquirido.
Sem me preocupar com qualquer ordem cronológica dos acontecimentos, vem-me à mente a desistência, em cima da hora, de o Presidente da República visitar a Escola António Arroio. É óbvio que Cavaco Silva não foi vítima de nenhuma diarreia intestinal repentina – mental tem com alguma frequência – nem qualquer outro imprevisto. Ele recuou, porque é um caguinchas, só encara uma manifestação hostil, se lhe aparecer de modo a que não tenha tempo de “ meter o rabo entre as pernas”. E diz-se o provedor do povo. Grande provedor, sim senhor! Ah! Marcelo Rebelo de Sousa não deseja um Presidente da República fragilizado. Concordo, mas que tem feito Cavaco Silva para que isso não aconteça?! Pouco. Está farto de “dar tiros nos pés”.
“Nascer em Portugal” foi o tema do último roteiro patrocinado pelo Chefe de Estado. Os velhos não têm filhos. Não podem e se pudessem, para miséria já basta a sua. Filhos, deveriam tê-los os jovens, mas como, se eles não têm condições de sobrevivência, quanto mais para criar filhos?! Além disso, o Governo quer fazer aos jovens o mesmo que aos pastéis de nata: exportá-los. Só velhos cá e jovens lá fora, quem é que vai parir em Portugal? Antes de se incentivar a nascer neste torrão à beira-mar plantado, é necessário criar condições para nele se poder viver.
“Não somos a Grécia”, uma expressão muito pouco solidária, que Passos Coelho não se cansa de repetir, para justificar aquilo que ele julga ser o sucesso das medidas que vem tomando e que a mim me parece que nos conduzirão a um ponto que um dia destes talvez se oiça por aí num outro país europeu “Não somos Portugal”.
Quem também não quis ficar atrás de alguns de seus colegas de governação, nas patacoadas, foi o Ministro da Defesa, Aguiar Branco. Além da imbecilidade como se referiu aos militares, será que ele entende que toda a gente tem possibilidade de estar na profissão da sua vocação ou está na que se proporciona, quando proporciona, o que na actualidade é uma sorte? Ele próprio se deveria questionar se tem vocação para ser ministro. Se for intelectualmente honesto talvez viesse a reconhecer que está no lugar errado.
Como por cá se diz: valha-nos Deus.

1 comentário:

  1. O meu amigo está como o Vinho do Porto. quanto mais velho, melhor.
    Que não lhe doa a mão para continuar a escrever como bem sabe e bem sente-
    Aliás, se ninguém dissesse nada, estes fulanos ainda poderiam pensar que o caminho que nos estão a obrigar a percorrer seria o melhor. Para eles, será.
    Já antigamente se dizia que a Mabor era do clero, a Sacor era da nobreza e o Pior era do Povo. Agora é tudo para eles e o pior continua a ser do povo. Até um dia...

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