terça-feira, 11 de agosto de 2009

Viver, morrer...políticos e artista

Viver e morrer é o que nos está destinado inexoravelmente. Só que uns matam-se para viver ou sobreviver, outros vivem para matar ainda que seja apenas os sonhos dos outros; outros ainda, vivem para nos fazer sonhar, para alimentar os sonhos que já temos. E há também quem se encarregue de os matar. Nesta de alimentar e matar sonhos, temos, entre muitos outros, artistas e políticos. Estes, infelizmente, mais conotados com o matar, aqueles mais ligados ao alimentar.
Bom, deixemo-nos de devaneios. Aceito perfeitamente que qualquer português, alheio à militância partidária, ou às claques arrebanhadas se preocupe que os políticos, nomeadamente a níveis superiores mintam, se é que isso ainda deveria ser caso de preocupação, de tal forma já está arreigado nos ditos políticos e no nosso espírito. Já não aceito muito bem que eles, os políticos, se andem constantemente a queixar que os outros mentem, se hoje mente um, amanhã mente o outro. É a velha expressão, que já aqui referi, que o povo usa e que é: “chama-lhe antes que te chamem a ti”. Eles não terão mais que fazer do que Belém acusar S. Bento e vice-versa?! Se alguém ou alguma coisa se aproveitasse valeria a pena a discussão.
Não sei mesmo o que poderemos aproveitar de tamanha podridão. Os políticos estão sem espelhos, sem memória e sem vergonha.
Cavaco Silva queixou-se de precisar de um jipe para levar cheio de diplomas para aprovar em férias. De acordo com os registos existentes, foi exactamente ele, enquanto primeiro-ministro que mais documentos enviou para o então Presidente da República Mário Soares. Não lhe fica bem queixar-se, a menos que a memória já o atraiçoe, coisa que é frequente em muitos políticos. Quando convém.
Manuela Ferreira Leite, com as escolhas para as legislativas escaqueirou a imagem de rigor e ética em que muitos a tinham. Não teve o mínimo pejo, depois de ter afirmado ainda há pouco tempo que tudo faria para que houvesse transparência na política, de pôr à frente do interesse nacional e do partido os seus amigos, alguns autores de factos gravíssimos. Com isso, Ferreira Leite arranjou a nem precisar de adversários externos, porque tem muitos companheiros de partido que lhe põem a cabeça em água mais do que qualquer adversário partidário, com a agravante de que aquilo que os seus correligionários dizem faz mais mossa do que o que dizem os de outras cores partidárias. O que estes dizem enquadra-se na luta partidária e tem sempre um valor relativo. Quando são pessoas da mesma “família” a dizerem coisas da líder como “falta de liderança forte”, “listas inenarráveis”, “incompetência” , “não tem estatura para ser líder”,etc., se são eles que têm melhor obrigação de a conhecer, devemos dar-lhes alguma credibilidade. Estou com eles.
………………………………………………………………Raul Solnado foi-se, mas é como se não tivesse ido porque vai manter-se vivo, entre nós, durante muito tempo. Creio que o que os portugueses mais recordarão de Raul será a sua imensa graça, o riso ou sorriso que fez soltar em muitos de nós, ao longo de algumas décadas, nos palcos, ouvindo-o na rádio, vendo-o e ouvindo-o na televisão. Não há dúvida que foi um grande actor, um grande humorista, mas desse, nós vamos poder continuar a usufruir através das televisões, de discos, CD’s, DVD’s, vídeos ou simples cassetes. Facilmente mataremos a saudade do actor, do humorista. O que desapareceu, que era o que eu mais apreciava no Raul foi aquele sorriso de eterna criança. Eu atrever-me-ei a dizer que Solnado morreu criança, com quase oitenta anos de idade. Desapareceu a mais velha criança portuguesa e, de acordo com Fernando Pessoa que disse “mas o melhor do mundo são as crianças”, com Raul Solnado foi-se um dos melhores do mundo. Mesmo sem com ele convivermos, creio que todos estamos de acordo com aquilo que os seus mais íntimos afirmam: Solnado era uma pessoa excelente. Mesmo através dos ecrãs, todos líamos isso no seu rosto. Solnado fez-nos muito felizes, como ele sempre desejava. Homenageando-o, vamos todos “fazer o favor de ser felizes”. Até já, Raul, que daqui a pouco vou ouvir-te e sorrir.

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