sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Sem um momento para sorrir

Hoje é um daqueles dias em que parece que o Sol se esqueceu de aparecer, é um daqueles dias em que tudo se conjuga para não gozarmos de um só momento para sorrir. A vestir a minha alma gélida, o corpo se sente alquebrado e frio por esta temperatura que está longe dos dois dígitos.
Logo pela manhã, abrindo o Jornal Miradouro, tomo conhecimento da morte de um dos cinfanenses, ilustre cinfanense, por quem nutro – digo nutro, porque vou continuar a nutrir - mais respeito, consideração, amizade: Manuel Caetano de Oliveira. Manuel Caetano de Oliveira, que conheci e com quem comecei a contactar antes do 25 de Abril com que sonhávamos, desde logo me cativou pela sua simpatia, pela sua sabedoria, pela sua simplicidade. Infelizmente, a vida não me proporcionou contactar com ele tanto quanto eu desejaria. Que bem me teria feito! Quanto eu teria aprendido! Quanto prazer me teria dado!
Para mim, Caetano de Oliveira é uma das maiores e poucas referências cinfanenses como democrata. E que magnífica pena a dele!
Sei que ele tinha uma admiração por mim que eu não merecia. Mesmo que a não tivesse, a minha admiração por ele não seria afectada minimamente, porque as suas qualidades se impunham.
Tolhido por esta triste notícia, recebo outra: a morte repentina, inesperada, prematura de outro grande e bom amigo, amigo incondicional, outra alma boa, generosa, altruísta, trabalhador incansável: o comandante dos Bombeiros de Armamar.
Fiquei mais pobre, ficamos todos mais pobres com a partida de gente desta estatura, sobretudo quando nós verificamos que dos que vão ficando, cada vez são menos aqueles em quem podemos confiar, tal é a podridão que por aí grassa.
Como se tudo isto não chegasse, tomo conhecimento que meu pai, lá longe, no Brasil para onde partiu quase há 64 anos, agoniza penosamente, consumindo, sei lá, os últimos dias, as últimas horas.
Bom, mas eu quero sobreviver, porque ainda há quem precise de mim. A tristeza é muita, mas a coragem não é menor.
A melhor forma de homenagearmos a bondade dos que partiram é procurar seguir-lhes o exemplo.

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