sábado, 27 de fevereiro de 2010

Falta cultura de segurança

Por diversas vezes me tenho referido à fraca cultura de segurança que o comportamento da maioria dos portugueses evidencia. Eles são generosos, altruístas, abnegados e simultaneamente simplórios, negligentes, atrevidos, combativos, excessivamente confiantes em si próprios e em pessoas de falas mansas, pouco conscientes dos riscos, que no seu entender só acontecem aos outros. Estas virtudes e/ou defeitos, aliados à referida falta de cultura e sensibilidade para as questões de segurança, fazem com que demasiadas pessoas corram sérios riscos, perfeitamente evitáveis, que, em muitos casos, imensos casos, os levam à perda de vida ou a situações graves de saúde e de dependência ou a serem vítimas de burlas e de perda de bens. Infelizmente, constatamos isso, todos os dias, seja por observação pessoal, seja através dos órgãos de comunicação social.
Repare, meu amigo, na facilidade com que muitas pessoas abrem a porta a desconhecidos, fazendo-se passar, algumas vezes por filhos ou parentes de familiares ausentes há muitos anos, por amigos de familiares que vivem longinquamente, ex-alunos, etc., deixando-se enrolar em “novelas”, vezes sem conta denunciadas pela comunicação social, entregando-lhes dinheiro, objectos de valor ou sujeitando-se a serem roubados e mesmo agredidos ou mortos.
Repare na facilidade com que muitas pessoas se deixam abordar na rua por desconhecidos que, com dois dedos de conversa, logo conseguem a sua confiança e se deixam espoliar, das mais engenhosas formas.
Já vimos que não basta o relato de casos pela comunicação social, não basta a acção meritória, mas em pequena escala, que a GNR vai fazendo junto da população mais idosa, sobretudo em aldeias do interior. É necessário ir mais longe nas acções, é preciso fazer muito mais, inclusive, nas grandes vilas e cidades, porque também lá há muita gente a ser vigarizada.
Continuando nesta reflexão sobre segurança, veja como se conduz nas nossas estradas, em velocidades altíssimas, sem qualquer alteração de comportamento quer esteja bom tempo, chova, haja neve ou gelo. Como consequência disso, temos a alta sinistralidade rodoviária, donde resulta o número de mortos e deficientes que se conhecem. Veja ainda o comportamento de muitos condutores quando há um acidente, provocando, muitas vezes, outros acidentes.
Veja o comportamento de muitos, junto aos rios, junto ao mar, em presença de incêndios florestais.
Veja as condições em que muitos trabalhadores operam, nomeadamente na construção civil.
Por último, embora muito pudesse dizer em relação a esta temática da segurança, nomeadamente no que diz respeito às crianças, atente na quantidade de vídeos feitos por amadores, sobre a tragédia da Madeira que mostram à saciedade os riscos desnecessários a que muitos se sujeitaram e que alguns terão mesmo pago com a vida.
A partir da família, passando pela escola, autarquias, forças policiais, protecção civil, muito há a fazer no sentido de inverter tal situação.

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