Desabafos
Passeiam-se por aí certos indivíduos que tudo o que dizem, sobretudo o que fazem, porque do que dizem pouco se aproveita, está em consonância com aquela expressão que os franceses usam “c’est à épater les bourgeois”, que numa tradução livre, bem portuguesa, significa “para dar nas vistas” ou ainda “para inglês ver”. Se repararmos bem, se estivermos atentos, são pessoas que não valem “dez réis de mel coado” e, se alguma coisa têm em demasia, é a execrável petulância, a insaciável ambição, ignorando que são alguns dos tristes fenómenos que apressam a autodestruição do homem. Esses vermes que maculam a sociedade e que, infelizmente, muitos deles, ocupam lugares de maior ou menor relevo e para os quais não têm a menor aptidão, o mínimo perfil, são sempre cheios de si mesmos, exactamente o contrário daqueles que têm valor e são humildes, porque têm a noção de que por muito que saibam, muito lhes falta saber. São os pedantes, alguém que, como afirmou Renard, tem a digestão intelectual difícil.
O simples facto de ocuparem lugares para os quais não têm competência, portanto, não estarem no seu devido lugar, faz com que nada valham. Os homens, como as palavras, se não se põem no seu devido lugar, perdem o valor. Cada qual vale o que vale e diria mesmo que quase todos poderiam ter mais ou menos idêntico valor, se cada um desempenhasse funções para as quais está realmente habilitado. Infelizmente assim não acontece. Sobretudo por questões político-partidárias e compadrios vergonhosos, há milhares de indivíduos investidos em funções para as quais não têm a mínima capacidade de desempenho. Isto conduz a uma outra situação injusta, atentatória da equidade, sugadora do erário público. Refiro-me àqueles que desempenham cargos mais elevados no Estado ou principais autarquias que se socorrem de assessores e mais assessores – normalmente os “amigos do peito” ou os “carneirinhos” - para lhes dizer o que fazer, o que já não era mau de todo se o soubessem fazer, mas o que muitas vezes sucede é que são também uns incompetentes com salários chorudos e sem os cortes feitos à generalidade dos funcionários.
Gustavo Flaubert afirmou o seguinte: “Se estúpido, egoísta e ter boa saúde, eis as condições ideais para ser feliz. Mas se a primeira vos falta, tudo está perdido”. A acreditar nisso, enquanto o comum dos cidadãos anda por aí triste, deprimido com a guilhotina sobre o pescoço, que um governo sem sensibilidade social cada vez aperta mais, esses indivíduos, porque são estúpidos e egoístas são os principais detentores da felicidade. Ou estúpidos seremos nós que não somos capazes de nos revoltar seriamente e colocar toda essa gentalha sem escrúpulos no seu devido lugar: nos quintos do inferno como diziam os meus avós?
Ser estúpido, incompetente, medíocre, mentiroso, troca-tintas, camaleão, vigarista é o que está a dar.
Tanto como em 1974, Portugal está a precisar de um outro 25 de Abril. Não seja com a força das armas, mas com a força da nossa voz, da voz de todos os que a têm livre e não receiam mordaças nem represálias, com a força da nossa razão. Razão que não queremos que no-la dêem, mas exigimos que não no-la tirem quando a temos. Mostremos que somos dignos dos que tiveram coragem de se erguer a lutar, e de que a nossa história é fértil, embora também tenha tido traidores e acomodados. Conformarmo-nos é o pior serviço que podemos prestar a nós próprios, aos nossos filhos, aos nossos netos, por isso levantemo-nos, enquanto é tempo, porque deitados ou de cócoras somos mais facilmente esmagados.
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quinta-feira, 12 de abril de 2012
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Desabafos
Desde há uns anos a esta parte que as associações de bombeiros vêm sofrendo tratos de polé, por parte do poder instituído. Poderia referir aqui uma série de situações que comprovariam isso mesmo, mas, por agora, não me vou alongar. Porque existe uma ligação profunda, quase umbilical, entre mim e a instituição bombeiros, cada maldade que lhe façam, sinto-a como se me dessem uma punhalada. O sofrimento que tal punhalada me proporciona é tão mais atroz, porquanto, cada vez que fazem mal aos bombeiros, estão a complicar a vida das populações que eles servem, sobretudo a dos mais desfavorecidos. E é bom não esquecer que os bombeiros, detidos na sua esmagadora maioria por associações, cobrem todo o território nacional, sabendo-se que na maior parte desse mesmo território, as respectivas populações não têm outro meio de socorro rápido e eficaz que não sejam os seus bombeiros, que normalmente acarinham, respeitam e contribuem para a sua sobrevivência. Contribuição, até essa, posta em causa, dada a imposição de austeridade que está a transformar generosos e solidários contribuintes em necessitados de contribuição.
O resultado das políticas erradas relativamente aos bombeiros, que desempenham tarefas, muitas delas gratuitamente, que competiam aos diversos poderes garantir, é que muitas associações já tiveram de despedir bombeiros assalariados, outras estão com salários em atraso, com dívidas incomportáveis que contraíram para não faltar o socorro a quem dele carece, e que só a generosidade de muitos credores vai permitindo suportar, outras mesmo correm sérios riscos de fechar as portas. Ora isto só pode acontecer, porque autarquias e poder central ainda se não deram conta - ou fingem - dos milhares de milhões de euros que teriam de desembolsar – no fundo nós todos – para manter a cobertura nacional que as associações de bombeiros voluntários oferecem, senão com melhor eficácia, pelo menos com a mesma, se tivessem de socorrer-se exclusivamente de corpos de bombeiros municipais profissionais.
Corre, assim, sérios riscos, a vida, sobretudo a vida, mas também o património dos portugueses. Há milhares de compatriotas nossos que, com as associações de bombeiros impedidas de o fazer porque não lhes pagam devidamente o transporte que fazem com as suas ambulâncias, deixam de ter acesso ao socorro, ou, em última análise, tendo-o, vão contribuir, por incapacidade para pagarem, para o agravamento da situação económica das mesmas associações. Os políticos, e refiro-me apenas a eles porque são eles a quem compete governar e legislar, têm direito a subsídios avantajados para transportes, para alojamento, a várias reformas chorudas, mesmo que com poucos anos de actividade. Para pagar justamente, porque só se pretende pagamento justo, o transporte de doentes, não há dinheiro.
Também não havia dinheiro e continua a não haver para subsidiar justamente as equipas de bombeiros que combatem os incêndios florestais, mas houve dinheiro para criar os GIPS da GNR, retirando esses militares das verdadeiras funções para que foram criados, equipando-os com material que deveria ser entregue às associações de bombeiros e deixando o combate com meios terrestres ou aéreos, entregue aos soldados da paz que têm enorme experiência na matéria. Devo confessar, sem qualquer espécie de facciosismo, que do que vi e ouvi nestes últimos anos, relativamente à actuação dos ditos GIPS, não me agradou nada, mesmo nada, muito embora até lhes tenham tecido louvores públicos que, noutras ocasiões, muito mais merecidos, não foram endereçados aos bombeiros. Fogos nascentes, numa grande parte deles, onde estavam os GIPS?! Tendo o cuidado de navegar, de vez em quando, pelo sítio da Autoridade Nacional de Protecção Civil, poucas vezes encontrei tais grupos referenciados nos elementos de combate, nos inúmeros incêndios que iam deflagrando aqui e ali, no Verão. Aliás, sabe-se que a sua presença, em alguns incêndios florestais, foi mais fonte de conflito do que colaboração.
Confrontado com as dificuldades financeiras das associações de bombeiros, Miguel Macedo, o Ministro da Administração Interna do funesto Governo teve esta tirada: “corporações de bombeiros em dificuldades financeiras são casos de polícia e tribunais”. É natural que haja um ou outro caso, nos bombeiros, que fuja à legalidade. Mas, senhor ministro – nem me apetecia muito chamar-lhe senhor – olhe que casos de polícia e tribunais hão muitos nos políticos, só que esses, com leis feitas à sua medida e dinheiro, adquirido sabe Deus como, acabam quase sempre por “fugir com o rabo à seringa”.
Os bombeiros não querem qualquer espécie de favorecimentos, só exigem que os respeitem e lhes dêem aquilo a que têm direito, para continuarem a cumprir e bem as tarefas de protecção e socorro e até muitas outras que competiriam a outras entidades, mas que, na altura própria, ninguém sabe onde as contactar ou quando e se chegariam.
Ufanamente, o mesmo ministro, apregoa o apoio às polícias. Ainda bem. O dinheiro que nos roubam há-de dar para alguma coisa útil. Mas, pudera, como é que eles não iriam querer ter as polícias bem equipadas, se o mais certo é que nos próximos tempos bem precisem delas para lhes defenderem o costado! Vai ver que o que eles querem é que se os portugueses não desaparecerem com a emigração aconselhada, se não morrerem à fome ou por falta de cuidados de saúde, morram à porrada!
Deixe-me usar aqui a primeira quadra de um soneto de José Régio, escrito em 1969. Ei-lo:
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
1969 tão longínquo e tão próximo.
O resultado das políticas erradas relativamente aos bombeiros, que desempenham tarefas, muitas delas gratuitamente, que competiam aos diversos poderes garantir, é que muitas associações já tiveram de despedir bombeiros assalariados, outras estão com salários em atraso, com dívidas incomportáveis que contraíram para não faltar o socorro a quem dele carece, e que só a generosidade de muitos credores vai permitindo suportar, outras mesmo correm sérios riscos de fechar as portas. Ora isto só pode acontecer, porque autarquias e poder central ainda se não deram conta - ou fingem - dos milhares de milhões de euros que teriam de desembolsar – no fundo nós todos – para manter a cobertura nacional que as associações de bombeiros voluntários oferecem, senão com melhor eficácia, pelo menos com a mesma, se tivessem de socorrer-se exclusivamente de corpos de bombeiros municipais profissionais.
Corre, assim, sérios riscos, a vida, sobretudo a vida, mas também o património dos portugueses. Há milhares de compatriotas nossos que, com as associações de bombeiros impedidas de o fazer porque não lhes pagam devidamente o transporte que fazem com as suas ambulâncias, deixam de ter acesso ao socorro, ou, em última análise, tendo-o, vão contribuir, por incapacidade para pagarem, para o agravamento da situação económica das mesmas associações. Os políticos, e refiro-me apenas a eles porque são eles a quem compete governar e legislar, têm direito a subsídios avantajados para transportes, para alojamento, a várias reformas chorudas, mesmo que com poucos anos de actividade. Para pagar justamente, porque só se pretende pagamento justo, o transporte de doentes, não há dinheiro.
Também não havia dinheiro e continua a não haver para subsidiar justamente as equipas de bombeiros que combatem os incêndios florestais, mas houve dinheiro para criar os GIPS da GNR, retirando esses militares das verdadeiras funções para que foram criados, equipando-os com material que deveria ser entregue às associações de bombeiros e deixando o combate com meios terrestres ou aéreos, entregue aos soldados da paz que têm enorme experiência na matéria. Devo confessar, sem qualquer espécie de facciosismo, que do que vi e ouvi nestes últimos anos, relativamente à actuação dos ditos GIPS, não me agradou nada, mesmo nada, muito embora até lhes tenham tecido louvores públicos que, noutras ocasiões, muito mais merecidos, não foram endereçados aos bombeiros. Fogos nascentes, numa grande parte deles, onde estavam os GIPS?! Tendo o cuidado de navegar, de vez em quando, pelo sítio da Autoridade Nacional de Protecção Civil, poucas vezes encontrei tais grupos referenciados nos elementos de combate, nos inúmeros incêndios que iam deflagrando aqui e ali, no Verão. Aliás, sabe-se que a sua presença, em alguns incêndios florestais, foi mais fonte de conflito do que colaboração.
Confrontado com as dificuldades financeiras das associações de bombeiros, Miguel Macedo, o Ministro da Administração Interna do funesto Governo teve esta tirada: “corporações de bombeiros em dificuldades financeiras são casos de polícia e tribunais”. É natural que haja um ou outro caso, nos bombeiros, que fuja à legalidade. Mas, senhor ministro – nem me apetecia muito chamar-lhe senhor – olhe que casos de polícia e tribunais hão muitos nos políticos, só que esses, com leis feitas à sua medida e dinheiro, adquirido sabe Deus como, acabam quase sempre por “fugir com o rabo à seringa”.
Os bombeiros não querem qualquer espécie de favorecimentos, só exigem que os respeitem e lhes dêem aquilo a que têm direito, para continuarem a cumprir e bem as tarefas de protecção e socorro e até muitas outras que competiriam a outras entidades, mas que, na altura própria, ninguém sabe onde as contactar ou quando e se chegariam.
Ufanamente, o mesmo ministro, apregoa o apoio às polícias. Ainda bem. O dinheiro que nos roubam há-de dar para alguma coisa útil. Mas, pudera, como é que eles não iriam querer ter as polícias bem equipadas, se o mais certo é que nos próximos tempos bem precisem delas para lhes defenderem o costado! Vai ver que o que eles querem é que se os portugueses não desaparecerem com a emigração aconselhada, se não morrerem à fome ou por falta de cuidados de saúde, morram à porrada!
Deixe-me usar aqui a primeira quadra de um soneto de José Régio, escrito em 1969. Ei-lo:
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
1969 tão longínquo e tão próximo.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Desabafos
Por mais que me esforce, tenho uma dificuldade enorme em desligar-me do discurso da traição, da agressão, do assalto aos nossos bolsos por parte de quem tinha obrigação de fazer exactamente o contrário. Com um nível de vida dos mais baixos da Europa, vínhamos, desde há alguns anos a esta parte, esperando – sempre a esperança – uma aproximação aos salários de outros europeus. Com salários a subirem abaixo da inflação ou mesmo a ficarem congelados, nunca lá chegámos, mas o que este governo está a fazer é pôr-nos a milhas deles. Falo novamente nesta matéria, porque num tempo em que se costuma falar de esperança num novo ano, aquela janela de esperança que Passos Coelho afirmou que se abrira, quando conquistara o poder à custa de uma mentira colossal, nem nunca se abrira, antes se fecharam janelas, portas e nem uma simples frincha deixara aberta.
Cada vez mais os políticos deixam de merecer a confiança dos eleitores e, por isso, qualquer dia nem sei se haverá eleitores e se valerá a pena realizar eleições. Se isso acontecer, será por culpa de quem? Obviamente, dos políticos e teremos, infelizmente, o fim da democracia, que acredito, agradaria imenso a muitos que se autoproclamam de democratas e até vingam e bem – ao contrário de muitos seus concidadãos bem mais democratas – à custa dessa mesma democracia, apesar de todos os seus defeitos, o melhor de todos os regimes.
Gosto muito de putos. Putos, crianças. A profissão que abracei levou-me a lidar diariamente, e por mais de três décadas, com putos. Liderei ainda, no futebol, como treinador, impúberes rapazinhos. Agora, inebrio-me com cinco netos. São giros os putos. Eu amo-os. São putos, mas são gente.
Mas há outros putos, os pulhas, os devassos. São esses putos, muitos dos nossos políticos. Eu disse putos, não me referi às mães deles, como muitos outros fazem, que porventura até terão enorme desgosto por terem parido semelhantes crias. Putos, pulhas destes, há-os por aí aos milhares e não apenas nos políticos, infelizmente.
Aos putos, crianças, eu respeito; os outros putos, os pulhas, indignam-me, revoltam-me, provocam-me náuseas.
Dão-se alvíssaras a quem inventar um veneno eficaz, para a sua extinção, já que, ao contrário dos putos crianças que tendem a decrescer, os pulhas tendem a expandir-se.
Eram os meus filhos pequenos e um familiar meu, em minha casa, questionou, referindo-se a eles: - A canalha já chegou?
A minha filha, com dez anos, na altura, que se encontrava num compartimento ao lado, ripostou de imediato e num tom de muito ofendida: - Olha que eu não sou canalha!
Tinha razão. Canalha é outra coisa, é muita gente crescida que anda por aí.
Tu, homem verme, que te julgas gente só porque és grande e às crianças chamas canalha só porque são pequenas, repara que elas se riem de ti e te acham grande…canalha.
Por isso, meu amigo, esperança nos políticos, para um bom ano de 2012, esqueça. Se tiver oportunidade veja o “mérito”, se preferir, o currículo, de alguns deles que ocupam lugares de relevo, mesmo de muito relevo.
Mantenhamos, isso sim, a esperança em cada um de nós, na nossa força, na nossa coragem, na nossa capacidade de sobreviver. Em nós e nos verdadeiros amigos: aqueles que nos olham olhos nos olhos, que nos sabem dizer sim e dizer não, que não dizem nas costas o que não sejam capazes de dizer de frente, que sofrem com as nossas dores, os nossos insucessos, que se emprenham de júbilo com as nossas conquistas, os nossos méritos, as nossas alegrias.
Como disse Benjamin Franklin “quem vive de esperanças - nos políticos, digo eu – corre o risco de morrer de fome”.
Com uma confiança acrescida em cada um de nós e em comunhão com os verdadeiros amigos – não se esqueçam de irradiar a hipocrisia – imbuídos de autêntico espírito solidário, haveremos de sobreviver, ainda que seja com uma mão atrás e outra à frente, mas com dignidade, para podermos contemplar, um dia destes, os nossos algozes derrotados, de cócoras, na base do pedestal de onde atiraram para a miséria muitos dos seus concidadãos.
Cada vez mais os políticos deixam de merecer a confiança dos eleitores e, por isso, qualquer dia nem sei se haverá eleitores e se valerá a pena realizar eleições. Se isso acontecer, será por culpa de quem? Obviamente, dos políticos e teremos, infelizmente, o fim da democracia, que acredito, agradaria imenso a muitos que se autoproclamam de democratas e até vingam e bem – ao contrário de muitos seus concidadãos bem mais democratas – à custa dessa mesma democracia, apesar de todos os seus defeitos, o melhor de todos os regimes.
Gosto muito de putos. Putos, crianças. A profissão que abracei levou-me a lidar diariamente, e por mais de três décadas, com putos. Liderei ainda, no futebol, como treinador, impúberes rapazinhos. Agora, inebrio-me com cinco netos. São giros os putos. Eu amo-os. São putos, mas são gente.
Mas há outros putos, os pulhas, os devassos. São esses putos, muitos dos nossos políticos. Eu disse putos, não me referi às mães deles, como muitos outros fazem, que porventura até terão enorme desgosto por terem parido semelhantes crias. Putos, pulhas destes, há-os por aí aos milhares e não apenas nos políticos, infelizmente.
Aos putos, crianças, eu respeito; os outros putos, os pulhas, indignam-me, revoltam-me, provocam-me náuseas.
Dão-se alvíssaras a quem inventar um veneno eficaz, para a sua extinção, já que, ao contrário dos putos crianças que tendem a decrescer, os pulhas tendem a expandir-se.
Eram os meus filhos pequenos e um familiar meu, em minha casa, questionou, referindo-se a eles: - A canalha já chegou?
A minha filha, com dez anos, na altura, que se encontrava num compartimento ao lado, ripostou de imediato e num tom de muito ofendida: - Olha que eu não sou canalha!
Tinha razão. Canalha é outra coisa, é muita gente crescida que anda por aí.
Tu, homem verme, que te julgas gente só porque és grande e às crianças chamas canalha só porque são pequenas, repara que elas se riem de ti e te acham grande…canalha.
Por isso, meu amigo, esperança nos políticos, para um bom ano de 2012, esqueça. Se tiver oportunidade veja o “mérito”, se preferir, o currículo, de alguns deles que ocupam lugares de relevo, mesmo de muito relevo.
Mantenhamos, isso sim, a esperança em cada um de nós, na nossa força, na nossa coragem, na nossa capacidade de sobreviver. Em nós e nos verdadeiros amigos: aqueles que nos olham olhos nos olhos, que nos sabem dizer sim e dizer não, que não dizem nas costas o que não sejam capazes de dizer de frente, que sofrem com as nossas dores, os nossos insucessos, que se emprenham de júbilo com as nossas conquistas, os nossos méritos, as nossas alegrias.
Como disse Benjamin Franklin “quem vive de esperanças - nos políticos, digo eu – corre o risco de morrer de fome”.
Com uma confiança acrescida em cada um de nós e em comunhão com os verdadeiros amigos – não se esqueçam de irradiar a hipocrisia – imbuídos de autêntico espírito solidário, haveremos de sobreviver, ainda que seja com uma mão atrás e outra à frente, mas com dignidade, para podermos contemplar, um dia destes, os nossos algozes derrotados, de cócoras, na base do pedestal de onde atiraram para a miséria muitos dos seus concidadãos.
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Desabafos
Numa altura destas, os votos que se costumam fazer, com maior ou menor dose de hipocrisia, são os de bom Natal e bom Ano Novo. Ser-me-ia muito fácil usar esse lugar-comum, gasto de séculos, se eu não estivesse habituado a reflectir sobre as palavras, as expressões e o seu verdadeiro alcance. Não obstante eu não poder garantir peremptoriamente que nunca utilizo banalidades naquilo que procuro transmitir, pelo menos esforço-me por sair delas tanto quanto posso. Não me sinto bem, pois, a vomitar tais expressões, quando sei que pelo que já sofrem, pela desesperança quanto ao futuro, nem as festas, nem o novo ano serão necessariamente bons, de acordo com o conceito genérico de festas felizes. Antes pelo contrário. Temos que medir a nossa felicidade por outros padrões, que não sejam a capacidade de dar e receber presentes, a capacidade de ter a mesa mais do que farta, a capacidade de termos quase tudo o que queremos ainda que uma grande parte seja absolutamente supérflua.
Sem esquecermos o direito à indignação e à revolta por nos roubarem aquilo que por direito nos pertence, mas ao mesmo tempo nos lembrarmos que há sempre alguém em pior situação que a nossa e Natal é sobretudo ser genuinamente solidário, se o formos, então será Natal. Deixe-me reflectir em voz alta: se porventura vive na minha cabeça e no meu coração o verdadeiro espírito de Natal, se eu visto todas aquelas virtudes que se associam normalmente ao Natal, mas que devem ser de todos os dias, como é que eu posso, ainda que com uma mesa farta, com a família à volta, presentes talvez em quantidade exagerada, como é que eu posso, dizia eu, ter umas Boas Festas, se tanta gente está em sofrimento profundo? É que, para além do sofrimento pelo estado actual, as pessoas não conseguem desligar-se do bem pior que será o próximo ano. Aliás, os governantes, fazem questão de não os deixar esquecer.
“Não se podem pedir mais sacrifícios aos portugueses”. Foi com esta frase de esperança, que se veio a reconhecer não corresponder às verdadeiras intenções, que Passos Coelho ganhou as últimas eleições legislativas, conquistando o “poder” de nos – vejam o paradoxo – matar a esperança, derrubando sonhos atrás de sonhos. Cada vez que abre a boca é para derrubar mais um alicerce, dos poucos que ainda restam, da esperança dos portugueses. E mata-a de tal forma cínica que não encontra melhores alternativas que não seja mandar emigrar.
Por isso, meu amigo, com esta crise em que a maioria de nós já vive e na certeza anunciada - parece até com laivos de sadismo - de que piores dias se aproximam, por políticos que entendem que não podem afectar aquilo que julgam ser a sua credibilidade junto de países e instituições usurárias, ainda que para tanto tenham de esmagar, espremer até ao tutano, os seus compatriotas, exprimir desejos de bom Natal ou bom ano de 2012, parece-me um banal exercício de retórica, direi mesmo de cinismo, que não fica nada bem a quem se tem por amigo. Não o farei. Nestes tempos difíceis que vivemos, sobretudo atormentados – os mais velhos, como eu - pelo futuro que estará reservado para os nossos filhos, os nossos netos, terei, mais do que nunca, os meus amigos, os conhecidos, os indiferentes, presentes no meu pensamento, numa união espiritual muito forte, muito sentida, que eu espero que se expanda, que a todos toque, para que nos sintamos juntos, encontremo-nos em que parte do mundo for.
Espero que sobrevivamos com a força que a míngua nos permita para não calarmos a nossa voz e denunciarmos e repudiarmos sem tibiezas as agressões que gente insensível ao sofrimento sobretudo dos mais desprotegidos, dos mais vulneráveis, não consegue manifestar uma palavra de esperança, antes pelo contrário, cada vez que debita afirmações é de que amanhã será pior. Poderiam, pelo menos, ter a humildade de aceitar que não são capazes de fazer melhor. Não, do alto da sua arrogância, sempre exalam essa frase já bolorenta: “Não há alternativa”.
Sejamos mais solidários, não apenas no dar e receber, mas também na defesa do que são os nossos legítimos direitos, para que todos possamos sobreviver às investidas ferozes, ilegítimas.
JUNTOS, na defesa não da minha causa, da sua causa, mas das causas que nos são comuns, como o direito a que não nos explorem, não nos roubem, só assim poderemos dizer que é Natal.
Sem esquecermos o direito à indignação e à revolta por nos roubarem aquilo que por direito nos pertence, mas ao mesmo tempo nos lembrarmos que há sempre alguém em pior situação que a nossa e Natal é sobretudo ser genuinamente solidário, se o formos, então será Natal. Deixe-me reflectir em voz alta: se porventura vive na minha cabeça e no meu coração o verdadeiro espírito de Natal, se eu visto todas aquelas virtudes que se associam normalmente ao Natal, mas que devem ser de todos os dias, como é que eu posso, ainda que com uma mesa farta, com a família à volta, presentes talvez em quantidade exagerada, como é que eu posso, dizia eu, ter umas Boas Festas, se tanta gente está em sofrimento profundo? É que, para além do sofrimento pelo estado actual, as pessoas não conseguem desligar-se do bem pior que será o próximo ano. Aliás, os governantes, fazem questão de não os deixar esquecer.
“Não se podem pedir mais sacrifícios aos portugueses”. Foi com esta frase de esperança, que se veio a reconhecer não corresponder às verdadeiras intenções, que Passos Coelho ganhou as últimas eleições legislativas, conquistando o “poder” de nos – vejam o paradoxo – matar a esperança, derrubando sonhos atrás de sonhos. Cada vez que abre a boca é para derrubar mais um alicerce, dos poucos que ainda restam, da esperança dos portugueses. E mata-a de tal forma cínica que não encontra melhores alternativas que não seja mandar emigrar.
Por isso, meu amigo, com esta crise em que a maioria de nós já vive e na certeza anunciada - parece até com laivos de sadismo - de que piores dias se aproximam, por políticos que entendem que não podem afectar aquilo que julgam ser a sua credibilidade junto de países e instituições usurárias, ainda que para tanto tenham de esmagar, espremer até ao tutano, os seus compatriotas, exprimir desejos de bom Natal ou bom ano de 2012, parece-me um banal exercício de retórica, direi mesmo de cinismo, que não fica nada bem a quem se tem por amigo. Não o farei. Nestes tempos difíceis que vivemos, sobretudo atormentados – os mais velhos, como eu - pelo futuro que estará reservado para os nossos filhos, os nossos netos, terei, mais do que nunca, os meus amigos, os conhecidos, os indiferentes, presentes no meu pensamento, numa união espiritual muito forte, muito sentida, que eu espero que se expanda, que a todos toque, para que nos sintamos juntos, encontremo-nos em que parte do mundo for.
Espero que sobrevivamos com a força que a míngua nos permita para não calarmos a nossa voz e denunciarmos e repudiarmos sem tibiezas as agressões que gente insensível ao sofrimento sobretudo dos mais desprotegidos, dos mais vulneráveis, não consegue manifestar uma palavra de esperança, antes pelo contrário, cada vez que debita afirmações é de que amanhã será pior. Poderiam, pelo menos, ter a humildade de aceitar que não são capazes de fazer melhor. Não, do alto da sua arrogância, sempre exalam essa frase já bolorenta: “Não há alternativa”.
Sejamos mais solidários, não apenas no dar e receber, mas também na defesa do que são os nossos legítimos direitos, para que todos possamos sobreviver às investidas ferozes, ilegítimas.
JUNTOS, na defesa não da minha causa, da sua causa, mas das causas que nos são comuns, como o direito a que não nos explorem, não nos roubem, só assim poderemos dizer que é Natal.
terça-feira, 24 de maio de 2011
Que o domingo passe a ser ao sábado
Os dirigentes políticos já nos habituaram a mandar pela boca fora algumas tiradas, umas sem pés nem cabeça, mas porque lhes parece que poderão produzir o aconchego de mais uns votos, aí vão elas; outras que até teriam algum sentido e seria bom que se concretizassem, mas porque implicam audácia, algum risco, acabam por ficar para as calendas. Poderíamos aqui enumerar várias destas últimas que chegam a andar décadas nas bocas dos políticos, em épocas de eleições e nunca passam disso mesmo: promessas. Como já não tenho muita pachorra para perder muito tempo com esta gentalha de beijinhos, abraços e palmadinhas nas costas sazonais, quero apenas referir-me à ideia, que também não é inédita, de alterar os feriados, encostando-os aos domingos. Isto em nome da produtividade, dizem os “sábios”. Parece que não sabem que não é por aí que passa a produtividade. Não é por falta de dias suficientes de trabalho. Ela passa essencialmente por dois aspectos: salários baixos e falta de empenho de muitos dos nossos trabalhadores que agem como se a empresa ou a instituição onde operam, não lhes digam mais respeito que não seja a obrigação de lhes pagar ao fim do mês, aquilo que produziram muito abaixo do que deveriam. Vejamos como os mesmos trabalhadores que cá não produzem, são apontados como exemplo no estrangeiro. Sobre isso é que os políticos se devem debruçar.
Bom, mas o que eu queria dizer é que não concordo minimamente que se alterem os dias de comemoração dos feriados. Não acho graça nenhuma comemorar o 25 de Abril no dia 23, 24, 26 ou 27,o 5 de Outubro, o primeiro de Maio, etc., em qualquer outro dia que não seja o real. Se alguém entende que alterar é que está certo, em nome da produtividade, então eu dou uma sugestão que rende muito mais: passem o domingo para o sábado. Ao actual domingo chamem-lhe primeira feira e vejam só que teremos mais 52 dias de trabalho no ano. Que tal? Gostam da ideia. Tenham juízo e pensem em coisas mais sérias que as há e muitas e deixem-se de entreter o Zé.
“A política é a arte de se servir dos homens fazendo-os crer que os serve a eles”.
Bom, mas o que eu queria dizer é que não concordo minimamente que se alterem os dias de comemoração dos feriados. Não acho graça nenhuma comemorar o 25 de Abril no dia 23, 24, 26 ou 27,o 5 de Outubro, o primeiro de Maio, etc., em qualquer outro dia que não seja o real. Se alguém entende que alterar é que está certo, em nome da produtividade, então eu dou uma sugestão que rende muito mais: passem o domingo para o sábado. Ao actual domingo chamem-lhe primeira feira e vejam só que teremos mais 52 dias de trabalho no ano. Que tal? Gostam da ideia. Tenham juízo e pensem em coisas mais sérias que as há e muitas e deixem-se de entreter o Zé.
“A política é a arte de se servir dos homens fazendo-os crer que os serve a eles”.
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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
Bom Ano
Estamos prestes a findar a primeira década do século XXI, portanto, a entrar numa nova década, exactamente o início de 2010. Estoiram-se os últimos cartuchos de 2009, de fracas recordações para muitos. A crise económica e financeira, à escala global, afectaria qualquer país, muito mais um de fracos recursos como o nosso e com tanta gente mais amiga de subsídios e de reformas forjadas ou “compradas” do que de trabalho. Na verdade, um país em que um grande número de pessoas pratica e aplaude o “chico-espertismo”, a vigarice; que se julga senhor de todas as liberdades, mas não admite a dos outros; ter todos os direitos, mas poucos ou nenhuns deveres; um país em que um grande número de trabalhadores, dos mais variados níveis, não produz o que a sua capacidade lhe permite e a seriedade exige, porque considera os patrões ou superiores hierárquicos como inimigos, as empresas como se lhe não digam mais respeito que não seja apenas o de lhe garantir o sustento, mesmo sem crise não pode ir muito longe.
Disse atrás que o 2009 foi de fracas recordações para muitos. Não disse para todos, porque é precisamente em tempos de crise, de dificuldades, que muitos enriquecem. A miséria, a desgraça de muitos é a fortuna de alguns, normalmente com poucos escrúpulos e demasiada ambição.
Na semana passada falei sobretudo da enorme hipocrisia que envolve o Natal, nomeadamente no que toca à assunção generalizada de que ele é, por excelência, a festa da família. Dizia eu que muitas vezes as virtudes – nunca serão virtudes quando se trata de actos hipócritas – estão voltadas para o exterior, para onde se dê nas vistas. E mais do que deixar de praticar as tais virtudes tão apregoadas pelo Natal, mas que devem ser de todos os dias, no seio da família, praticam-se actos desumanos, ignóbeis, como colocar pais e avós em instituições hospitalares, deixando-os por lá abandonados. Confirmando isto que eu dizia, alguns órgãos de comunicação social davam conta de que tinham sido deixados abandonados em diversos hospitais centenas de familiares, com um único intuito, por certo, que era o de não perturbarem as festas. Num jornal, eu li que só num hospital de Lisboa, não sei se por lapso de impressão ou se de facto é verdade, estariam cerca de duas centenas de idosos que familiares lá deixaram, não os recolhendo, nem se preocupando como seu estado. Não será agora, por certo, em mais esta época para muitos de festa de arromba, apesar da crise, que esses mesmos familiares os irão recolher para lhes prejudicar os planos de folguedo. Provavelmente, algumas dessas pessoas andaram a exibir solidariedade onde ela desse nas vistas, talvez confortando outros idosos ou doentes, ignorando os de sua própria casa.
Creio que, se quisermos um mundo melhor, todos temos muito que reflectir sobre o nosso comportamento. Eu sugiro que cada um de nós se olhe ao espelho, não aquele espelho material, que nos envaidece ou desilude, mas aquele, imaterial, que nos mostra a alma. Não sabe como é? Isole-se, feche os olhos para que o ambiente que o rodeia não o desconcentre, abra a alma, reflicta sobre o que fez e não fez. Alije alguns laivos de egoísmo, de ingratidão, de vaidade, de deslealdade, que porventura encontre dentro de si, e, assim aliviado, imagine o quanto pode fazer de bem por si e pelos outros. Vai, certamente, descobrir uma infinidade de coisas que pode fazer, outras tantas que não deve fazer. Se todos fizermos isso e se cada um de nós realizar, ainda que seja um pouco do que se deveria fazer, estaremos a contribuir para tornar mais feliz a vida de todos nós, a contribuir para um mundo mais justo, mais fraterno, mais solidário, menos egoísta, menos hipócrita, menos materialista, enfim, um mundo melhor. Se cada um de nós se esforçar um pouco, se procurarmos recuperar e praticar os verdadeiros valores pelos quais todos nos devemos reger, aqueles valores universais, venham as crises que vierem, continuarão a provocar sofrimento e dor mais a uns do que a outros, mas, prenhes das virtudes e valores referidos, haveremos de as suportar e ultrapassar mais facilmente.
O termos ou não um bom ano de 2010 também depende de si, de mim, de todos nós. E depende muito dos políticos que temos. Dos que elegemos e dos que não elegemos. A muitos desses, infelizmente, não basta a reflexão e a hipotética vontade de serem melhores. Falta-lhes valores, competência, sobra-lhes egoísmo, incompetência, arrogância. Não se criam uns e eliminam outros de um dia para o outro, pelo que não esperemos o paraíso no ano que aí vem. Os políticos que temos, muitos deles que se não movem por convicções, que as não têm, mas pela defesa dos seus privilégios pessoais ou de grupo; políticos que hoje dizem uma coisa e amanhã o seu contrário, que não têm o menor pudor em lutar contra os adversários com toda a espécie de armas, ainda que as mais ignóbeis e ilegítimas, não nos poderão levar a bom porto, a menos que alguma Entidade interceda nesse sentido. Se crê em qualquer divindade, não desanime, ore-lhe. E digo-lhe não desanime, com toda a seriedade, com toda a confiança, não nos políticos, mas porque todos nós, os que não vivemos nem à sombra da política nem de nenhum político, embora combalidos pelo infortúnio, não deixamos que a esperança sucumba, como disse atrás, nós todos podemos fazer muito, inclusive, obrigar os políticos a serem melhores. Vamos a isso. Bom ano.
Disse atrás que o 2009 foi de fracas recordações para muitos. Não disse para todos, porque é precisamente em tempos de crise, de dificuldades, que muitos enriquecem. A miséria, a desgraça de muitos é a fortuna de alguns, normalmente com poucos escrúpulos e demasiada ambição.
Na semana passada falei sobretudo da enorme hipocrisia que envolve o Natal, nomeadamente no que toca à assunção generalizada de que ele é, por excelência, a festa da família. Dizia eu que muitas vezes as virtudes – nunca serão virtudes quando se trata de actos hipócritas – estão voltadas para o exterior, para onde se dê nas vistas. E mais do que deixar de praticar as tais virtudes tão apregoadas pelo Natal, mas que devem ser de todos os dias, no seio da família, praticam-se actos desumanos, ignóbeis, como colocar pais e avós em instituições hospitalares, deixando-os por lá abandonados. Confirmando isto que eu dizia, alguns órgãos de comunicação social davam conta de que tinham sido deixados abandonados em diversos hospitais centenas de familiares, com um único intuito, por certo, que era o de não perturbarem as festas. Num jornal, eu li que só num hospital de Lisboa, não sei se por lapso de impressão ou se de facto é verdade, estariam cerca de duas centenas de idosos que familiares lá deixaram, não os recolhendo, nem se preocupando como seu estado. Não será agora, por certo, em mais esta época para muitos de festa de arromba, apesar da crise, que esses mesmos familiares os irão recolher para lhes prejudicar os planos de folguedo. Provavelmente, algumas dessas pessoas andaram a exibir solidariedade onde ela desse nas vistas, talvez confortando outros idosos ou doentes, ignorando os de sua própria casa.
Creio que, se quisermos um mundo melhor, todos temos muito que reflectir sobre o nosso comportamento. Eu sugiro que cada um de nós se olhe ao espelho, não aquele espelho material, que nos envaidece ou desilude, mas aquele, imaterial, que nos mostra a alma. Não sabe como é? Isole-se, feche os olhos para que o ambiente que o rodeia não o desconcentre, abra a alma, reflicta sobre o que fez e não fez. Alije alguns laivos de egoísmo, de ingratidão, de vaidade, de deslealdade, que porventura encontre dentro de si, e, assim aliviado, imagine o quanto pode fazer de bem por si e pelos outros. Vai, certamente, descobrir uma infinidade de coisas que pode fazer, outras tantas que não deve fazer. Se todos fizermos isso e se cada um de nós realizar, ainda que seja um pouco do que se deveria fazer, estaremos a contribuir para tornar mais feliz a vida de todos nós, a contribuir para um mundo mais justo, mais fraterno, mais solidário, menos egoísta, menos hipócrita, menos materialista, enfim, um mundo melhor. Se cada um de nós se esforçar um pouco, se procurarmos recuperar e praticar os verdadeiros valores pelos quais todos nos devemos reger, aqueles valores universais, venham as crises que vierem, continuarão a provocar sofrimento e dor mais a uns do que a outros, mas, prenhes das virtudes e valores referidos, haveremos de as suportar e ultrapassar mais facilmente.
O termos ou não um bom ano de 2010 também depende de si, de mim, de todos nós. E depende muito dos políticos que temos. Dos que elegemos e dos que não elegemos. A muitos desses, infelizmente, não basta a reflexão e a hipotética vontade de serem melhores. Falta-lhes valores, competência, sobra-lhes egoísmo, incompetência, arrogância. Não se criam uns e eliminam outros de um dia para o outro, pelo que não esperemos o paraíso no ano que aí vem. Os políticos que temos, muitos deles que se não movem por convicções, que as não têm, mas pela defesa dos seus privilégios pessoais ou de grupo; políticos que hoje dizem uma coisa e amanhã o seu contrário, que não têm o menor pudor em lutar contra os adversários com toda a espécie de armas, ainda que as mais ignóbeis e ilegítimas, não nos poderão levar a bom porto, a menos que alguma Entidade interceda nesse sentido. Se crê em qualquer divindade, não desanime, ore-lhe. E digo-lhe não desanime, com toda a seriedade, com toda a confiança, não nos políticos, mas porque todos nós, os que não vivemos nem à sombra da política nem de nenhum político, embora combalidos pelo infortúnio, não deixamos que a esperança sucumba, como disse atrás, nós todos podemos fazer muito, inclusive, obrigar os políticos a serem melhores. Vamos a isso. Bom ano.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
A incoerência dos políticos
Vejam só a incoerência, a “lata” dos políticos. Dos políticos e de uma grande parte dos cidadãos, infelizmente. Só que daqueles seria legítimo esperar mais e melhor do que destes, dadas as funções que desempenham, pelas quais são pagos, não direi principescamente, mas bem, com o dinheiro dos impostos de todos nós, isto é, do nosso suor. Sobretudo os que exercem acção política, actuam, ao nível dos actos e das palavras, consoante os seus interesses pessoais ou de grupo, não revelando o mínimo pudor em afirmar, em defender, hoje, exactamente o contrário do que foi afirmado, defendido ontem. Para além da falta de coerência, muitos brindam-nos ainda com uma falta de educação, de civismo, confrangedores, a todos os títulos reprováveis. De quando em vez é-nos proporcionado observar espectáculos degradantes, sobretudo no Parlamento, com deputados a usarem vocabulário vergonhoso, em ataques sórdidos uns aos outros, ofendendo-se a si próprios, à Casa da Democracia, a quem os ouve, enfim, a todos os portugueses. Eu, que já afirmei aqui que a política se assemelha a um circo em que há malabaristas, trapezistas e palhaços, nem sequer me deveria surpreender de eles se chamarem isso uns aos outros. No fundo, confirmam aquilo que quase todos nós já sabemos ou suspeitamos, só que pelo menos deveriam respeitar o lugar onde proferem tamanhas calinadas, isto é, o Parlamento. Nesta nossa democracia, desde sempre nos habituamos a assistir a alguns diálogos impróprios, mas seria legítimo esperar que ao mesmo tempo que a democracia ia avançando no tempo, ia amadurecendo, os deputados se civilizassem. Mas não, o que se passa é exactamente o contrário. Os políticos de discurso viril, contundente mas leal e correcto, esgrimindo convicções, praticamente desapareceram. Hoje, a maioria deles não luta por convicções porque as não tem, os seus interesses sobrepõem-se a tudo o resto. A sua luta assenta sobretudo na suspeição, na calúnia, no ataque pessoal. De alguém que seria legítimo esperar que fossem referências para todos nós, infelizmente, o que recolhemos, sobremaneira, são maus exemplos. Depois, todos nos queixamos da falta de civismo, do desapego à família, da indisciplina nas escolas, do desrespeito pelas autoridades, da violência. Com tais exemplos e com a justiça sempre adiada ou não aplicada, que poderíamos esperar?! Salvas raras excepções, as maiores referências políticas, culturais, sociais, não se querem ver envolvidos com semelhante cambada.
Voltemos à incoerência dos políticos e vejam só um exemplo de entre tantos que poderíamos apontar.
O Governo anterior decidira legitimamente, fruto da sua maioria absoluta, atribuir licenças ambientais que permitiam a co- incineração de resíduos, nomeadamente em Souselas, Coimbra. Houve, por conseguinte, uma decisão política. Políticos de vários quadrantes, entre os quais o Presidente da Câmara de Coimbra, protestaram e um Grupo de Cidadãos de Coimbra representados pelo advogado Castanheira Barros interpôs uma providência cautelar cujo intuito era suspender a eficácia das licenças ambientais atribuídas. Significava isso que não concordavam com a decisão política, apelando a uma decisão judicial. Fruto dessa providência cautelar, em Fevereiro, um acórdão do Tribunal Central Administrativo do Norte ordena a suspensão da co-incineração de resíduos industriais perigosos na cimenteira de Souselas. A decisão judicial satisfazia a s suas pretensões, ela é que interessava.
Acontece agora que, após recurso, o Supremo Tribunal Administrativo decidiu que a co-incineração de resíduos em Souselas pode ser retomada, dado que não há provas de perigo para a saúde.
Sem qualquer pingo de vergonha, de coerência, o edil de Coimbra e o advogado Castanheira Barros afirmam que não é aceitável uma acção judicial, que se precisa de uma decisão política. Se não se tratasse de pessoas importantes, se o assunto não fosse sério, diria que daria vontade de rir. Já vi muito, já ouvi muito, já vivi o suficiente para não estranhar nada destes comportamentos, mas fico sempre triste com eles, porque são protagonizados por pessoas que dirigem, de forma mais ou menos relevante, os destinos do meu país. País que, com gente desta, tem o seu presente, e muito mais o seu futuro, em perigo. Dá para ficar triste, preocupado. Essas pessoas, quando lhes convém, são politicamente correctas, afirmam que confiam cegamente na justiça. Quando as decisões não são do seu agrado, lançam suspeições sobre os magistrados e exigem uma solução política. Mas então não a tiveram já, por parte do Governo? Elas é que não aceitaram a decisão política e recorreram aos tribunais. Agora, que, após recurso legítimo, a decisão judicial confirma a decisão política, tomada, com toda a legitimidade, em altura oportuna, valendo-se do facto de o actual Governo ser minoritário, pedem uma solução através do Parlamento.
Tanta incoerência, meu Deus! Afinal quem foi eleito para governar, o Governo ou o Parlamento?!
Que pobreza de gente esta! Começo a ficar cansado de falar nestes políticos de m…. Creio mesmo que o melhor seria fazer de conta que vivo num país sem políticos e deixar de falar neles. Sei que não consigo. Não conseguirei e também não quero dar-lhes tréguas. Embora a minha voz e a minha pena sejam pouco importantes, não ficaria de bem comigo mesmo se deixasse de exprimir as minhas convicções, os meus sentimentos.
Voltemos à incoerência dos políticos e vejam só um exemplo de entre tantos que poderíamos apontar.
O Governo anterior decidira legitimamente, fruto da sua maioria absoluta, atribuir licenças ambientais que permitiam a co- incineração de resíduos, nomeadamente em Souselas, Coimbra. Houve, por conseguinte, uma decisão política. Políticos de vários quadrantes, entre os quais o Presidente da Câmara de Coimbra, protestaram e um Grupo de Cidadãos de Coimbra representados pelo advogado Castanheira Barros interpôs uma providência cautelar cujo intuito era suspender a eficácia das licenças ambientais atribuídas. Significava isso que não concordavam com a decisão política, apelando a uma decisão judicial. Fruto dessa providência cautelar, em Fevereiro, um acórdão do Tribunal Central Administrativo do Norte ordena a suspensão da co-incineração de resíduos industriais perigosos na cimenteira de Souselas. A decisão judicial satisfazia a s suas pretensões, ela é que interessava.
Acontece agora que, após recurso, o Supremo Tribunal Administrativo decidiu que a co-incineração de resíduos em Souselas pode ser retomada, dado que não há provas de perigo para a saúde.
Sem qualquer pingo de vergonha, de coerência, o edil de Coimbra e o advogado Castanheira Barros afirmam que não é aceitável uma acção judicial, que se precisa de uma decisão política. Se não se tratasse de pessoas importantes, se o assunto não fosse sério, diria que daria vontade de rir. Já vi muito, já ouvi muito, já vivi o suficiente para não estranhar nada destes comportamentos, mas fico sempre triste com eles, porque são protagonizados por pessoas que dirigem, de forma mais ou menos relevante, os destinos do meu país. País que, com gente desta, tem o seu presente, e muito mais o seu futuro, em perigo. Dá para ficar triste, preocupado. Essas pessoas, quando lhes convém, são politicamente correctas, afirmam que confiam cegamente na justiça. Quando as decisões não são do seu agrado, lançam suspeições sobre os magistrados e exigem uma solução política. Mas então não a tiveram já, por parte do Governo? Elas é que não aceitaram a decisão política e recorreram aos tribunais. Agora, que, após recurso legítimo, a decisão judicial confirma a decisão política, tomada, com toda a legitimidade, em altura oportuna, valendo-se do facto de o actual Governo ser minoritário, pedem uma solução através do Parlamento.
Tanta incoerência, meu Deus! Afinal quem foi eleito para governar, o Governo ou o Parlamento?!
Que pobreza de gente esta! Começo a ficar cansado de falar nestes políticos de m…. Creio mesmo que o melhor seria fazer de conta que vivo num país sem políticos e deixar de falar neles. Sei que não consigo. Não conseguirei e também não quero dar-lhes tréguas. Embora a minha voz e a minha pena sejam pouco importantes, não ficaria de bem comigo mesmo se deixasse de exprimir as minhas convicções, os meus sentimentos.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Para onde vai este país?
Em muitas, muitas centenas de peças escritas e faladas que publiquei, é naturalíssimo que repita temas, ideias, frases. É praticamente impossível que assim não aconteça.
Como há situações, gestos, procedimentos que se repetem, alguns que não gostaríamos de ver repetidos, nem deveriam ser, mas, infelizmente, o são, vezes sem conta, é inevitável que me repita, sem dizer exactamente as mesmas coisas, obviamente. Se há temas que tenho abordado com alguma frequência, um deles é o da mediocridade e já nem me atrevo a discernir, tal a sua amplitude, se é mediocridade de uma grande parte dos portugueses, se é do próprio país. Se a mediocridade de qualquer cidadão, qualquer que seja o seu estatuto, a sua função, é preocupante, muito mais o é quando nós temos a consciência que é ela que ocupa o poder, seja ele que poder for: nas autarquias, no parlamento, no governo, em suma na política, na justiça, na administração pública, nas empresas. Então a promiscuidade entre a política, a justiça, as empresas e a comunicação social, sem escrúpulos, nivelada muito por baixo, é assustadora.
Não obstante sermos bombardeados todos os dias com a crise económica, que tem de nos preocupar, pior do que essa mas que ajuda a consolidá-la, é a crise de valores, é a falta de escrúpulos, de educação, de civismo, que faz com que se roube, atente contra a dignidade, se procedam a assassínios de carácter sem que vejamos qualquer punição para os infractores. Enquanto não apearmos do poder, sobretudo do político, do judicial e da comunicação social, a mediocridade, não me parece que este país seja verdadeiramente viável. Se tenho algumas preocupações por mim, elas multiplicam-se pelos meus filhos e pelos meus netos.
Já aqui afirmei, creio que da última vez, que me não preocupa minimamente ser escutado, até porque nunca negarei, cara a cara, aquilo que disser nas costas, da mesma forma que nunca deixei de assinar tudo quanto publico. Considero abjecto tudo quanto é publicado sob anonimato, abomináveis todos quantos, muito do que dizem, o fazem de “face oculta”. Nunca o fiz nem nunca o faria. Ainda referentemente às escutas entendo que deverão ser efectuadas de acordo com a legislação vigente e servir para efeitos de investigação judicial, mantendo-se no segredo de justiça, seja qual for o estatuto de quem está a ser escutado, para evitar suspeições, pressões, julgamentos na praça pública. Todas as pessoas, sejam quem for, têm direito ao bom nome, até que sejam julgadas, condenadas com trânsito em julgado. O que nós vemos neste país medíocre é inúmeras pessoas a serem condenadas inevitavelmente para toda a vida, na rua, ainda que, mais tarde, os tribunais as venham a reconhecer como inocentes. E que dizer do sofrimento dos familiares desses “condenados”, nomeadamente, pais, maridos ou mulheres, filhos?! Quem conseguirá medir tamanho sofrimento, quando vêem, todos os dias, os nomes dos familiares escarrapachados nas páginas de jornais e revistas, abrindo noticiários de televisões e rádios, objecto de conversas nos cafés e repartições?! Será que os responsáveis por tamanha pouca-vergonha, por tão vil irresponsabilidade, sobretudo da justiça e comunicação social, pensam nisso, não têm família?!
Refiro-me aqui expressamente à justiça e à comunicação social pelo seu papel em todo este contexto. Claro que nem a uma nem a outra podemos atribuir os inúmeros e diversificados crimes que atravessam a sociedade portuguesa, nos prejudicam a todos e envergonham, mas não encontro, cá para mim, outros responsáveis, seja pelas fugas de informação, desprezando total e impunemente o segredo de justiça, seja pela publicação, muitas vezes não apenas do que consta das investigações, mas dando asas largas à imaginação, lançando suspeições sobre suspeições, cada um gerindo a informação de acordo com as suas preferências, sejam de que tipo for, provavelmente, até, de acordo com os seus interesses pessoais, de grupo ou mesmo materiais. Se é absolutamente imperdoável, pelo menos, segundo o meu ponto de vista e, creio que de qualquer cidadão dito normal, sem nenhuma preparação específica nessas matérias, mas que pensa, que se viole constantemente o segredo de justiça, sobretudo quando se trata de pessoas com algum ou muito relevo em qualquer área da vida nacional e a avidez doentia, mórbida mesmo, com que cada órgão de comunicação social procura escarafunchar tudo e a qualquer preço, para “vender” mais, todos os aspectos da vida dos visados, sem o menor respeito, já não digo piedade, nem por eles nem pelos seus familiares, muito mais grave é nós concluirmos, sem necessidade de se ser nem muito inteligente nem perspicaz, que as violações partem dos órgãos de justiça e não termos conhecimento que alguém seja responsabilizado por isso, nem tão pouco nos darmos conta de alguma preocupação nesse sentido.
Não aceito muito bem que a comunicação social não se debruce sobre esse problema grave para os cidadãos que é a violação do segredo de justiça, mas entendo-a, porque é do seu interesse que assim seja e é, naturalmente, ela que a fomenta, que, muito provavelmente, paga para que assim aconteça. Agora, diga-me, meu amigo, que confiança se pode ter numa justiça que não investiga, não julga, não pune os crimes que são cometidos dentro do seu próprio edifício e que, não só deixa sair aquilo que deveria estar em segredo de justiça, cá para fora, como o faz em timings acertados com as forças interessadas.
Com uma comunicação social, qual ave de rapina, que se lança com uma avidez nojenta sobre os despojos mais fétidos da nossa sociedade, tornando-os mais fétidos ainda, porque rentabilizam mais do que apregoar valores, virtudes; com uma justiça com operadores que vendem segredos e se vendem como prostitutos, é caso para os providos de fé irem rezando e os outros se entregarem a qualquer dos seus deuses, amuletos ou superstições, porque o problema é sério.
Está complicado viver neste país, mais paupérrimo em termos de valores do que de bens materiais e é caso para se começar a pensar se de aqui a alguns anos, não muitos, ainda seremos um país. Não estivéssemos integrados na União Europeia e já estaríamos com ou à beira de outra revolução. Não sei se para melhor ou para pior, mas com a experiência da bem-vinda chamada dos cravos, expurgando-lhe tudo o que teve de mau e que estamos a pagar, talvez se conseguisse apear do poder a mediocridade, para bem, não apenas de alguns, mas de todos.
Como há situações, gestos, procedimentos que se repetem, alguns que não gostaríamos de ver repetidos, nem deveriam ser, mas, infelizmente, o são, vezes sem conta, é inevitável que me repita, sem dizer exactamente as mesmas coisas, obviamente. Se há temas que tenho abordado com alguma frequência, um deles é o da mediocridade e já nem me atrevo a discernir, tal a sua amplitude, se é mediocridade de uma grande parte dos portugueses, se é do próprio país. Se a mediocridade de qualquer cidadão, qualquer que seja o seu estatuto, a sua função, é preocupante, muito mais o é quando nós temos a consciência que é ela que ocupa o poder, seja ele que poder for: nas autarquias, no parlamento, no governo, em suma na política, na justiça, na administração pública, nas empresas. Então a promiscuidade entre a política, a justiça, as empresas e a comunicação social, sem escrúpulos, nivelada muito por baixo, é assustadora.
Não obstante sermos bombardeados todos os dias com a crise económica, que tem de nos preocupar, pior do que essa mas que ajuda a consolidá-la, é a crise de valores, é a falta de escrúpulos, de educação, de civismo, que faz com que se roube, atente contra a dignidade, se procedam a assassínios de carácter sem que vejamos qualquer punição para os infractores. Enquanto não apearmos do poder, sobretudo do político, do judicial e da comunicação social, a mediocridade, não me parece que este país seja verdadeiramente viável. Se tenho algumas preocupações por mim, elas multiplicam-se pelos meus filhos e pelos meus netos.
Já aqui afirmei, creio que da última vez, que me não preocupa minimamente ser escutado, até porque nunca negarei, cara a cara, aquilo que disser nas costas, da mesma forma que nunca deixei de assinar tudo quanto publico. Considero abjecto tudo quanto é publicado sob anonimato, abomináveis todos quantos, muito do que dizem, o fazem de “face oculta”. Nunca o fiz nem nunca o faria. Ainda referentemente às escutas entendo que deverão ser efectuadas de acordo com a legislação vigente e servir para efeitos de investigação judicial, mantendo-se no segredo de justiça, seja qual for o estatuto de quem está a ser escutado, para evitar suspeições, pressões, julgamentos na praça pública. Todas as pessoas, sejam quem for, têm direito ao bom nome, até que sejam julgadas, condenadas com trânsito em julgado. O que nós vemos neste país medíocre é inúmeras pessoas a serem condenadas inevitavelmente para toda a vida, na rua, ainda que, mais tarde, os tribunais as venham a reconhecer como inocentes. E que dizer do sofrimento dos familiares desses “condenados”, nomeadamente, pais, maridos ou mulheres, filhos?! Quem conseguirá medir tamanho sofrimento, quando vêem, todos os dias, os nomes dos familiares escarrapachados nas páginas de jornais e revistas, abrindo noticiários de televisões e rádios, objecto de conversas nos cafés e repartições?! Será que os responsáveis por tamanha pouca-vergonha, por tão vil irresponsabilidade, sobretudo da justiça e comunicação social, pensam nisso, não têm família?!
Refiro-me aqui expressamente à justiça e à comunicação social pelo seu papel em todo este contexto. Claro que nem a uma nem a outra podemos atribuir os inúmeros e diversificados crimes que atravessam a sociedade portuguesa, nos prejudicam a todos e envergonham, mas não encontro, cá para mim, outros responsáveis, seja pelas fugas de informação, desprezando total e impunemente o segredo de justiça, seja pela publicação, muitas vezes não apenas do que consta das investigações, mas dando asas largas à imaginação, lançando suspeições sobre suspeições, cada um gerindo a informação de acordo com as suas preferências, sejam de que tipo for, provavelmente, até, de acordo com os seus interesses pessoais, de grupo ou mesmo materiais. Se é absolutamente imperdoável, pelo menos, segundo o meu ponto de vista e, creio que de qualquer cidadão dito normal, sem nenhuma preparação específica nessas matérias, mas que pensa, que se viole constantemente o segredo de justiça, sobretudo quando se trata de pessoas com algum ou muito relevo em qualquer área da vida nacional e a avidez doentia, mórbida mesmo, com que cada órgão de comunicação social procura escarafunchar tudo e a qualquer preço, para “vender” mais, todos os aspectos da vida dos visados, sem o menor respeito, já não digo piedade, nem por eles nem pelos seus familiares, muito mais grave é nós concluirmos, sem necessidade de se ser nem muito inteligente nem perspicaz, que as violações partem dos órgãos de justiça e não termos conhecimento que alguém seja responsabilizado por isso, nem tão pouco nos darmos conta de alguma preocupação nesse sentido.
Não aceito muito bem que a comunicação social não se debruce sobre esse problema grave para os cidadãos que é a violação do segredo de justiça, mas entendo-a, porque é do seu interesse que assim seja e é, naturalmente, ela que a fomenta, que, muito provavelmente, paga para que assim aconteça. Agora, diga-me, meu amigo, que confiança se pode ter numa justiça que não investiga, não julga, não pune os crimes que são cometidos dentro do seu próprio edifício e que, não só deixa sair aquilo que deveria estar em segredo de justiça, cá para fora, como o faz em timings acertados com as forças interessadas.
Com uma comunicação social, qual ave de rapina, que se lança com uma avidez nojenta sobre os despojos mais fétidos da nossa sociedade, tornando-os mais fétidos ainda, porque rentabilizam mais do que apregoar valores, virtudes; com uma justiça com operadores que vendem segredos e se vendem como prostitutos, é caso para os providos de fé irem rezando e os outros se entregarem a qualquer dos seus deuses, amuletos ou superstições, porque o problema é sério.
Está complicado viver neste país, mais paupérrimo em termos de valores do que de bens materiais e é caso para se começar a pensar se de aqui a alguns anos, não muitos, ainda seremos um país. Não estivéssemos integrados na União Europeia e já estaríamos com ou à beira de outra revolução. Não sei se para melhor ou para pior, mas com a experiência da bem-vinda chamada dos cravos, expurgando-lhe tudo o que teve de mau e que estamos a pagar, talvez se conseguisse apear do poder a mediocridade, para bem, não apenas de alguns, mas de todos.
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terça-feira, 3 de novembro de 2009
Aversão aos políticos
Se eu tivesse chegado agora a Portugal e ignorasse qual o partido que ganhara as eleições legislativas, pelos discursos dos diversos líderes, quase poderia apostar que qualquer um deles tinha vencido. As afirmações de tais actores pretendem fazer-nos crer que, mesmo com seis, sete, nove ou dez por cento do eleitorado, as suas propostas terão de ser concretizadas. Então, onde cabem as propostas dos que obtiveram a confiança de quarenta por cento do eleitorado?! Isto faz-me uma certa confusão. Sempre entendi que, em democracia, tudo se deve discutir em liberdade, com respeito por todas as ideias, por mais inconcebíveis que pareçam, mas depois de discutidas e votadas, vingarão as da maioria, tenha ela a amplitude que tiver, que os vencidos deverão respeitar, sem embargo de continuar a lutar em sede própria e por meios legais e legítimos para que, mais cedo ou mais tarde, vençam as suas. É este o meu conceito de democracia. Infelizmente, quer nos meandros políticos, quer mesmo em instituições particulares, fazem-se votações, cujos resultados deveriam ser respeitados por vencedores e vencidos, mas que muitos destes passam a desrespeitar de imediato. Isso é demasiado frequente, quer a nível partidário, quer a nível associativo.
Já demonstrei até à saciedade que não morro de amores pela classe política, de um modo geral, mas procuro sempre ouvi-los, lê-los, interpretá-los, observar o seu comportamento dentro e fora da actividade política, ajuizá-los. É óbvio que não os meço a todos pela mesma bitola. Há políticos, de vários quadrantes, por quem tenho enorme respeito e consideração. Há, felizmente, políticos que encaram a acção política como um verdadeiro sentido de serviço à comunidade. È a forma que encontram de melhor exercer o seu dever de cidadania, numa entrega abnegada, desinteressada em prol dos cidadãos. São as excepções, poucas, infelizmente, que confirmam a regra.
É natural que o conceito que eu faço da classe política se alicerce sobretudo naqueles que conheço mais profundamente, que andam de partido em partido à procura de “tacho”, que usam a demagogia, a mentira, a calúnia sem o mínimo escrúpulo, que hoje dizem muito bem e aplaudem os mesmos actos das mesmas pessoas que antes condenavam, que são de uma hipocrisia, impostura, falta de ética, de coragem, porque não poucas vezes se socorrem dão anonimato, sempre em nome do mero interesse pessoal e desse pecado nojento que é o da vaidade.
A minha aversão vem de antes do 25 de Abril. Quando no final da década de sessenta, princípio da de setenta, a ignóbil censura me cortava, em algumas peças do jornal Miradouro, coisas tão simples como afirmar que faltava luz eléctrica em muitos lugares de Nespereira, que faltava um fontanário neste ou naquele outro lugar, que para se chegar ou sair de um outro não havia outra alternativa que não fosse um caminho de cabras – veja, meu amigo que estávamos a falar de coisas tão simples e elementares como fontanários, para que as pessoas pudessem usufruir desse bem essencial como é a água -; quando, pelas mesmas questões e por outros escritos, sempre em defesa dos interesses do povo da minha freguesia, me tentam eliminar dos cadernos eleitorais; quando um inspector escolar, do Ministério da Educação Nacional – era assim que se chamava – me ameaça com o “olho da rua” se continuasse a escrever da forma que o fazia; quando me ameaçam chamar a GNR para me obrigar a sair de uma reunião camarária pública, que conceito é que eu poderia ter dos políticos?!
Chegou a Revolução dos Cravos e pensei, - ingenuamente, vi mais tarde, - que tocara a finados para a política suja e os políticos sabujos. Engano meu. Saudei o 25 de Abril, continuo a saudar, porque o saldo é extremamente positivo. Só que tudo se conjugou para que a minha aversão aos políticos não esmorecesse, antes pelo contrário. Logo uma corja enorme de indivíduos, alguns que conhecia como as minhas mãos, dos maiores defensores do regime salazarista – passados estes anos todos, alguns, mais ou menos sub-repticiamente voltaram a sê-lo – encostaram-se ao MDP ou mesmo PCP e procuraram sanear, utilizando a calúnia, os meios mais vergonhosos que se possam imaginar, todos quantos entendessem que lhes poderiam fazer frente nas suas ambições. Se mais não conseguiram, pelo menos aborreceram, inquietaram, perderam amigos. O mais vil “partido”, com inúmeros militantes, infelizmente, que surgiu com o 25 de Abril foi o dos “oportunistas”. Continua hoje. E esta democracia tímida, apodrecida, sem sequer ter amadurecido, não conseguiu expurgar tal praga, antes a tem deixado medrar. Tem deixado medrar e, em muitos casos, tem proporcionado a vitória da mediocridade, dos parasitas, dos incompetentes, dos interesseiros, em prejuízo dos competentes, sérios, trabalhadores, defensores do bem público, antes do privado. É um aspecto negativo que a Revolução não conseguiu sanar. Creio que só com outra revolução, não com as motivações da dos cravos, evidentemente, porque não estamos em ditadura, mas que actue sobretudo ao nível da educação nas suas várias vertentes, é que os portugueses conseguirão “distinguir o trigo do joio”, dando o pódio aos melhores e colocando os medíocres no lugar que lhes compete.
Quando esse apetite saneador e a “revolucionarite aguda”, essa autêntica sanha assassina de carácter de amigos e familiares, como se fossem inimigos desde sempre, acalmaram, muitos desses democratas “feitos à pressa”, desses auto-proclamados defensores das suas “queridas” terras e “queridas” gentes, foram-se colando a diversos partidos, nomeadamente o CDS, o PPD, sobretudo este, e também PS. Alguns, sem quaisquer outras convicções que não sejam aquelas que defendam ou aumentem o seu património e a sua vaidade, vão migrando entre os diversos partidos, consoante as conveniências de momento. Devo confessar que muitos destes, nascidos, criados e educados em pleno regime ditatorial, embora me choquem, sejam desprezíveis, não chocam tanto como aqueles que já foram criados, educados na pós-revolução e têm comportamento similar. Enfim, troca-se de política, de mulher ou marido, só se não troca de clube de futebol. Melhor, não trocava, porque os interesses que hoje se movem em volta do desporto-rei levam a que o “clube do coração” de alguns também mude de cor.
Com a balança virtual que pesa o valor dos que desempenham funções políticas a pender mais para o lado dos oportunistas e interesseiros, do que daqueles que são gente séria, correcta, solidária, que também a há, como é que eu não hei-de ter aversão aos políticos?
Seja como for, apesar de a minha experiência de vida me ter mostrado que mesmo na democracia ainda há campanhas e actos eleitorais com muitos truques salazaristas, nomeadamente junto das urnas, o que pode significar que os resultados nem sempre sejam o espelho da realidade, é bem melhor do que nos velhos tempos. Democraticamente, cabe-nos aceitar os políticos que temos, no pressuposto que eles são o produto da vontade maioritária dos eleitores, desejar-lhes a melhor sorte, mas sem que daí resulte que tenhamos de bloquear a nossa voz e a nossa pena, fechemos os nossos olhos e os nossos ouvidos. Cá por mim, enquanto me não cansar, se o não fiz antes de Abril, também não vai ser agora que me demitirei de falar, de escrever, com a consciência de que assim estarei a cumprir o meu dever de cidadania, a servir os meus compatriotas melhor do que muitos, exercendo funções políticas.
Já demonstrei até à saciedade que não morro de amores pela classe política, de um modo geral, mas procuro sempre ouvi-los, lê-los, interpretá-los, observar o seu comportamento dentro e fora da actividade política, ajuizá-los. É óbvio que não os meço a todos pela mesma bitola. Há políticos, de vários quadrantes, por quem tenho enorme respeito e consideração. Há, felizmente, políticos que encaram a acção política como um verdadeiro sentido de serviço à comunidade. È a forma que encontram de melhor exercer o seu dever de cidadania, numa entrega abnegada, desinteressada em prol dos cidadãos. São as excepções, poucas, infelizmente, que confirmam a regra.
É natural que o conceito que eu faço da classe política se alicerce sobretudo naqueles que conheço mais profundamente, que andam de partido em partido à procura de “tacho”, que usam a demagogia, a mentira, a calúnia sem o mínimo escrúpulo, que hoje dizem muito bem e aplaudem os mesmos actos das mesmas pessoas que antes condenavam, que são de uma hipocrisia, impostura, falta de ética, de coragem, porque não poucas vezes se socorrem dão anonimato, sempre em nome do mero interesse pessoal e desse pecado nojento que é o da vaidade.
A minha aversão vem de antes do 25 de Abril. Quando no final da década de sessenta, princípio da de setenta, a ignóbil censura me cortava, em algumas peças do jornal Miradouro, coisas tão simples como afirmar que faltava luz eléctrica em muitos lugares de Nespereira, que faltava um fontanário neste ou naquele outro lugar, que para se chegar ou sair de um outro não havia outra alternativa que não fosse um caminho de cabras – veja, meu amigo que estávamos a falar de coisas tão simples e elementares como fontanários, para que as pessoas pudessem usufruir desse bem essencial como é a água -; quando, pelas mesmas questões e por outros escritos, sempre em defesa dos interesses do povo da minha freguesia, me tentam eliminar dos cadernos eleitorais; quando um inspector escolar, do Ministério da Educação Nacional – era assim que se chamava – me ameaça com o “olho da rua” se continuasse a escrever da forma que o fazia; quando me ameaçam chamar a GNR para me obrigar a sair de uma reunião camarária pública, que conceito é que eu poderia ter dos políticos?!
Chegou a Revolução dos Cravos e pensei, - ingenuamente, vi mais tarde, - que tocara a finados para a política suja e os políticos sabujos. Engano meu. Saudei o 25 de Abril, continuo a saudar, porque o saldo é extremamente positivo. Só que tudo se conjugou para que a minha aversão aos políticos não esmorecesse, antes pelo contrário. Logo uma corja enorme de indivíduos, alguns que conhecia como as minhas mãos, dos maiores defensores do regime salazarista – passados estes anos todos, alguns, mais ou menos sub-repticiamente voltaram a sê-lo – encostaram-se ao MDP ou mesmo PCP e procuraram sanear, utilizando a calúnia, os meios mais vergonhosos que se possam imaginar, todos quantos entendessem que lhes poderiam fazer frente nas suas ambições. Se mais não conseguiram, pelo menos aborreceram, inquietaram, perderam amigos. O mais vil “partido”, com inúmeros militantes, infelizmente, que surgiu com o 25 de Abril foi o dos “oportunistas”. Continua hoje. E esta democracia tímida, apodrecida, sem sequer ter amadurecido, não conseguiu expurgar tal praga, antes a tem deixado medrar. Tem deixado medrar e, em muitos casos, tem proporcionado a vitória da mediocridade, dos parasitas, dos incompetentes, dos interesseiros, em prejuízo dos competentes, sérios, trabalhadores, defensores do bem público, antes do privado. É um aspecto negativo que a Revolução não conseguiu sanar. Creio que só com outra revolução, não com as motivações da dos cravos, evidentemente, porque não estamos em ditadura, mas que actue sobretudo ao nível da educação nas suas várias vertentes, é que os portugueses conseguirão “distinguir o trigo do joio”, dando o pódio aos melhores e colocando os medíocres no lugar que lhes compete.
Quando esse apetite saneador e a “revolucionarite aguda”, essa autêntica sanha assassina de carácter de amigos e familiares, como se fossem inimigos desde sempre, acalmaram, muitos desses democratas “feitos à pressa”, desses auto-proclamados defensores das suas “queridas” terras e “queridas” gentes, foram-se colando a diversos partidos, nomeadamente o CDS, o PPD, sobretudo este, e também PS. Alguns, sem quaisquer outras convicções que não sejam aquelas que defendam ou aumentem o seu património e a sua vaidade, vão migrando entre os diversos partidos, consoante as conveniências de momento. Devo confessar que muitos destes, nascidos, criados e educados em pleno regime ditatorial, embora me choquem, sejam desprezíveis, não chocam tanto como aqueles que já foram criados, educados na pós-revolução e têm comportamento similar. Enfim, troca-se de política, de mulher ou marido, só se não troca de clube de futebol. Melhor, não trocava, porque os interesses que hoje se movem em volta do desporto-rei levam a que o “clube do coração” de alguns também mude de cor.
Com a balança virtual que pesa o valor dos que desempenham funções políticas a pender mais para o lado dos oportunistas e interesseiros, do que daqueles que são gente séria, correcta, solidária, que também a há, como é que eu não hei-de ter aversão aos políticos?
Seja como for, apesar de a minha experiência de vida me ter mostrado que mesmo na democracia ainda há campanhas e actos eleitorais com muitos truques salazaristas, nomeadamente junto das urnas, o que pode significar que os resultados nem sempre sejam o espelho da realidade, é bem melhor do que nos velhos tempos. Democraticamente, cabe-nos aceitar os políticos que temos, no pressuposto que eles são o produto da vontade maioritária dos eleitores, desejar-lhes a melhor sorte, mas sem que daí resulte que tenhamos de bloquear a nossa voz e a nossa pena, fechemos os nossos olhos e os nossos ouvidos. Cá por mim, enquanto me não cansar, se o não fiz antes de Abril, também não vai ser agora que me demitirei de falar, de escrever, com a consciência de que assim estarei a cumprir o meu dever de cidadania, a servir os meus compatriotas melhor do que muitos, exercendo funções políticas.
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